* Invadindo

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Fechei meus olhos por não acreditar no que estava vendo. Na minha frente, com seus cabelos castanhos e lisos, caídos nas laterais de seu rosto, como se não vissem a tesoura há um bom tempo, e seus olhos amendoados e brilhantes, um sinal claro de que brisava me encarando.

Será que isso ocorreu porque eu não deveria estar por ali, no seu quarto de hotel?

Fechei os olhos e tentei acalmar as batidas do meu coração antes que uma enxurrada de gritos saltassem pela minha garganta.

Respirei fundo, os olhos ainda cerrados, e tornei a tentar espiar aquela cena. Os cabelos úmidos, o corpo enrolado num roupão branco e o cheiro de sabonete dominava cada cantinho do quarto.

Ele abriu e fechou a boca. Engoliu seco e eu continuei parada ali de frente a ele. Nenhum dos dois conseguia se mexer. Nenhum dos dois acreditava na situação.
Sua voz grave tentou dizer algo. Ele olhou algumas vezes para cima, procurando pelas palavras certas, mas nada parecia vir. Como nos entenderíamos se não pertencíamos a mesma cultura? Países diferentes, línguas diferentes. Se bem que para nossas línguas se entenderem, bastaria um contato direto, enrolado, molhado.

Ele pegou o celular de cima do criado mudo. Teclou por alguns segundos e notei que eu estava encrencada.

Dei passos em direção à porta, mas sem tirar os olhos dele. Gesticulei um pedido de desculpas, enquanto batia as costas com força na maçaneta, mas era tarde demais, a porta se abriu com um estrondo e fui arremessada em cima dele. Agarrei com força seus braços musculosos sentindo a rigidez e o sorriso preocupado que me lançou, me deixando tonta.

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