* Brilhando

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Tomei o banho mais rápido possível. Meu coração pulava. Dançava com as batidas de Idol tocando no meu celular durante meu banho. O sorriso não abandonava meus lábios e me desculpa aqueles que são infelizes, eu era a pessoa mais feliz do universo naquela tarde.

Havia um brilho dentro de mim que não queria se apagar. Precisava correr dali de casa antes que ficasse tarde demais para eu poder chegar ao Palestra.

Na noite anterior, a fila para a entrada no estádio estava imensa. Se bem que minha entrada era VIP e eu tinha acesso livre com aquela credencial que deixaram dentro da minha agenda. E não fosse a letra desenhada do Jungkook, eu poderia dizer que alguém tentara me passar algum tipo de trote. Só eu conhecia aquele sorriso lindo, sem jeito, mas que era apenas um disfarce para afastar as pessoas. Uma pena não ter conseguido conversar mais tempo com ele.

Passei os últimos anos da minha vida, toda minha adolescência, pensando nele e em mais ninguém. Conhecia de cor a curva de seu sorriso e o brilho de seus olhos amendoados. Não conseguia tirar da cabeça o castanho brilhante de seus olhos e foi com alívio que pensei naquele brilho natural ao me beijar. Soltei um suspiro e voei de volta para meu quarto, enrolada na toalha grande e felpuda azul marinho, agarrada a preciosidade que carregava dentro da mochila, entrei no quarto e tranquei a porta.

O outono trouxe um pouco de sol, mas não pude deixar de lado o moletom. Não tinha problema. Vesti um jeans preto Skinner e um moletom rosa com o símbolo do grupo na frente e o número 97 na parte de trás, com o nome romanizado de Jungkook nas costas. Nada muito elaborado para encontrar seu crush, mas no clima para ver meus ídolos mais uma vez.

Ajeitei a mochila de coelhinho e destranquei a porta com cuidado. Vozes exaltadas vinham do quarto dos meus pais. Quis correr dali o quanto antes. Já eram 16:00 e tinha total confiança de que os portões estavam abertos. Seria tão bom poder ver a passagem de som do grupo...

— Ela não vai sair de casa sozinha mais! — Arregalei meus olhos.

Não esperei para ver a resposta de minha mãe e andei o mais silenciosamente possível até a porta da sala. Tentei evitar fazer barulho e, quando estava no hall do lado de fora, não esperei pela chegada do elevador. Abri a porta de emergência e desci as escadas. Corri, quase caí ao tropeçar no cadarço desamarrado do meu Allstar rosa.

Chamei minha carona pelo aplicativo, enquanto ainda corria até a portaria do prédio. Tive sorte, pois mal pisei para fora do portão, o Volkswagen já estava estacionando. Estava ofegante e uma camada de suor começou a escorrer por meu pescoço.

— Vamos demorar um pouco para chegar ao seu destino,— O motorista me informou — parece que está acontecendo algum show ali na região...

— Não tem problema, pode me deixar o mais perto possível do estádio.

Um zumbido chamou a minha atenção para meu celular. O nome da minha mãe brilhou na tela. Ignorei a chamada e mandei uma mensagem de texto:

"Não se preocupem comigo. Estou bem, volto  no final da noite."

Ela tornou a me ligar e silenciei o número dela. Queria tanto poder ouvir a voz do Jungkook de novo, mesmo que fosse pelo telefone.

Cheguei ao estádio quase 18:00. Corri por um quilômetro ou mais. Ao chegar à entrada, a mulher que me atendeu trocou olhares com dois seguranças que estavam ao lado e permitiu minha entrada, sem nem pedir para ver minha bolsa. Segui os caras para o carrinho daqueles que vemos nos campos de golf e deixei que o silêncio desconfortável fosse preenchido pelos gritos alucinados da plateia que chegavam abafados aos meus ouvidos.

Não sabia o que seria de mim nas próximas horas, mas nada me importava a partir dali, só queria poder olhar de pertinho para aquele rosto novamente e sentir que o final de semana não havia sido apenas um sonho.

Conhecendo JkOnde histórias criam vida. Descubra agora