Capítulo 1 | revisado

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Eu deveria ter desistido dessa ideia maluca de vender meu corpo por causa de um mero capricho contrariado, foi burrice demais.

Mas agora já é tarde. Bom, não é como se eu tivesse sido obrigada a estar aqui, mas veja bem, se eu, Sakura, tivesse algum dinheiro, não estaria nessa enrascada, isso é fato.

O suor frio se forma no couro cabeludo e escorre na lateral do rosto, o centro da minha cabeça e minha nuca estão totalmente úmidos, o desespero vem lá do fundo do meu cerne e meu corpo lida como pode.

Meu sonho desde criança é ser atriz, fazer teatro, me apresentar na Broadway contrariando tudo que a vaca da minha mãe um dia sonhou para mim.

Aquela egoísta idiota. Ela se recusou a me pagar um curso por não fazer o que ela gostaria: medicina.

E caprichosa como eu sou?, procurei vender a minha virgindade por um valor que não sei ao certo, mas um valor mínimo: 100 mil, que é o valor do curso, e eu rezo para não pegar um homem pão-duro.

De todo modo, é por uma noite, eu não pretendo fazer da prostituição uma profissão até porque não tenho talento para ser puta.

Levantei de onde estava, voltei a me sentar, e levantei outra vez. Sigui para a porta da sala atrás de uma fileira de moças, cada uma mais deslumbrante do que outra, rumo ao salão de festas do hotel, onde todas nós ficamos alinhadas sob todas as luzes de holofotes.

A massa de gente era formada por homens, homens usando máscara, e uma fila deles começava passar na minha frente, pois eu era a garota da ponta.

Não havia uma pessoa leiloando valores no microfone, apenas vi um homem bem distinto dando as cotações encerradas duas horas depois.

Após esse meio tempo alguém me cutucou de leve, sem intenção de me assustar, e acabou me entregando uma fita grossa de cetim pedindo para todas as garotas cobriren os olhos.

Passam-se mais alguns segundos e alguém se aproximou, segurou pela minha mão e passou-a para uma mão mais quente.

Seja lá quem fosse, me levou consigo de maneira tranquila e supus que entramos no elevador pois subimos, subimos, e subimos, é o que me faz perder a noção do quão alto estávamos indo.

Escutei o barulhinho da porta do elevador se abrindo e o homem me levar outra vez, sempre em silêncio, nervosa, transferia suor da minha mão para a mão dele, e nesse ponto, o barulho do salão já era completamente substituído por silêncio e conversas distantes.

Escutei o suave destrancar da chave dentro da fechadura e com isso a mão dele me empurrou gentilmente para dentro.

"Eu não demoro." Ele disse antes de sair de novo e gostei da vibração de sua voz tão macia e grave, com leve toque de arbitrariedade.

Imaginava se o dono dessa voz era tão bonito quanto, e começava a achar que o sujeito havia me esquecido no quarto, quando ele retornou.

Virei o rosto por sobre o ombro com a surpresa da porta abrindo e fechando.

"Ficou em pé por esse tempo todo?" Fiz uma afirmação breve. Ele soou um pouco surpreso.

Notei um pouco de receio na na hora da aproximação dele, colocando as mãos suavemente na minha cintura e chegando com o nariz no pé do meu pescoço, algo que geralmente eu denominaria como verificação de território.

Fiquei na expectativa, nunca se sabe o tipo de tarado que eles viram quando estão a sós com a gente, de todo modo, senti no hálito dele com um leve ardor de álcool.

Desfazendo o laço sem aviso a fita deslizou pelo meu rosto e fiquei na indecisão de olhar para ele, com medo dele ser um velho encarquilhado, mas para minha surpresa, não. Meu deus, ele era lindo.

Vendida para mim (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora