Capítulo 48 - Medusa II

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Jungkook narrando

Chego cedo no The Wolves e sigo meu ritual de sempre: pegar um bebida no bar, sentar na mesa do meio da primeira fileira e esperar o show começar. Na verdade, esperar o homem mascarado aparecer. Alguns dias atrás, eu vim aqui, entretanto, o homem da saia preta e máscara de ouro não apareceu. Fiquei bastante decepcionado por ter gastado tanto dinheiro em vão. Todos esses dias que não o vi, Jaewon me chamou para ir para a sala V.I.P., mas para mim não fazia sentido eu ir até lá sem o meu cara. Não queria nenhum daqueles outros dançarinos dançando para mim, me tocando, me seduzindo, tentando se passar pelo mascarado. 

Com tais pensamentos em mente, decido quebrar meu ciclo. Me levanto da cadeira rústica e caminho em direção às mesas do canto. Me acomodo na mesa do canto da fileira do meio, imerso nas sombras, saboreando meu Whisky lentamente. Brinco com um de meus anéis, torcendo vigorosamente para ele aparecer. Sinto sua falta, apesar de não conhecê-lo. 

Com o tempo, o salão fica lotado. Assim que todos estão acomodados, o espetáculo se inicia. Estou ansioso, minhas mãos estão levemente suadas e meu coração, acelerado. A cada minuto que passa, a cada batida cardíaca, meu tórax parece que se comprime, tornando a respiração difícil. 

Inquieto, me levanto e caminho em direção ao banheiro. No local, desafivelo meu cinto e abaixo meu zipper para me aliviar. Há três alfas no recinto, dois lavando as mãos e um urinando. Com o soar de uma voz grave pelo banheiro de mármore e refinado, minha atenção se desvia para a conversa dos dois que estão lavando as mãos.

- Nossa, estou ansioso para ver aquele dançarino que usa máscara - comenta um deles.

- Eu também... Faz  tempo que ele não aparece - reponde o amigo.

- Ah! Vocês também gostam do de saia preta?! - diz o terceiro indo lavar as mãos.

- Claro! Aquele lá é um encanto. Eu daria tudo para comprar um ingresso V.I.P. e poder sentar na primeira fileira e ter uma sessão particular com ele... se é que vocês me entendem... Hahahaha!

Os outros dois riem junto. Uma tensão recai em minha mandíbula e em meu corpo. Termino de urinar e fecho minhas calças e aperto meu cinto rapidamente. Ando até a pia com passos firmes e determinados, ignorando a presença dos três trapalhões. Checo minha aparência no espelho e depois de secar as mãos, ajusto minhas abotoaduras de diamante. Olho apenas para mim, apenas para minha postura reta, elegante e plena. Sinto pelo cheiro dos feromônios desses alfas que eles se sentem coagidos. Incapaz de conter um pequeno sorriso sacana, saio do toalete, mantendo a pose. 

De volta ao salão, caminho até o bar e peço uma bebida forte. Assim que meu coquetel fica pronto, volto para minha mesa.  

Uma nova música se inicia com o palco completamente coberto pelo breu. Uma figura se contorce nas sombras e uma luz vermelha a ilumina gradativamente. Seus movimentos são lentos, calculados e intrigantes. Ela se move com leveza de um lado para o outro, nunca perdendo sua sensualidade e elegância. "Só pode ser ele", penso comigo mesmo. Finalmente, seu rosto se torna visível. Involuntariamente, minha boca se abre, estranhado a nova máscara e o novo figurino. 

- Caralho... - um sussurro escapa de mim.

O dançarino abre seus olhos e minha expressão de espanto se agrava. Não consigo desviar daqueles olhos verdes acinzentados que se mesclam com a maquiagem vermelha. Estou delirando. Minha mente está vazia, mas, ao mesmo tempo, transbordada de pensamentos indecentes. Me inclino para frente e ponho minha mão direita no lado esquerdo do meu pescoço, simulando seu toque. Passo minha outra mão pela coxa, de forma lenta de pesada. Arrumo todas as formas possíveis de me controlar. 

The Dance of The WolvesOnde histórias criam vida. Descubra agora