Capítulo 15 - Traição

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                     Taehyung narrando

Continuo deitado na cama sentindo fortes dores e desejos por um alfa. Fico me perguntando quando Jungkook irá voltar. Sinto que há um conflito dentro de mim, pois ao mesmo tempo que quero vê-lo, sinto que não posso. Não quero decepcioná-lo. Não quero me expor dessa maneira.

"Kookie, eu preciso de você!"

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"Jungkook... o que você pensaria de mim... se me visse neste estado?"

De repente, a porta se abre bruscamente, como se alguém a houvesse chutado. Tento me levantar mas, as cólicas que sinto dificultam meus movimentos. Uma mão grande e forte agarra meu cabelo, puxando, rigorosamente, minha cabeça para trás.

- Você acha que pode me enganar para sempre, hyung? - diz uma voz grossa e ríspida. - Você é apenas uma imitação barata de um alfa. "Qualquer alfa serve". Huh?! Tão desesperado.

Minha cabeça dói. A grande mão arranca meu roupão de seda, expondo meu corpo completamente.

- Ahh! - grito diante da dor.

- Olhe para mim!

Sou virado. Fico de frente para o homem, que antes estava atrás de mim. Ele está em cima de mim agora, segurando fortemente meu pulso. Tento tirá-lo de cima de mim, mas meus esforços são em vão, pois sua força é muito maior. Finalmente, reconheço a face do sujeito.

- J... J-Jungkook! - grito atônito.

- Você me enoja, Kim Taehyung. - diz Jungkook, olhando fixamente para os meus olhos.

"Por favor, não diga isso, Jungkook..."

- Eu sempre olhei para você, o admirei...

- Jung... Kookie...

Meus olhos estão fixos na expressão de desgosto de Jungkook. Minha mente tenta processar o que está acontecendo. Minha visão fica embasada pelas lágrimas acumuladas.

- Mas você... Você mentiu para mim. Você traiu minha confiança.

- Você será punido. - diz ele com um olhar amedrontador. 

- Me perdoe, Kookie... E-eu não queria mentir para você...

- Deixe eu te mostrar o seu lugar, ômega.

Jungkook, que estava segurando, com uma mão, meus pulsos sob minha cabeça, aperta meu pescoço com a outra, dificultando minha respiração. As lágrimas, antes contidas, escorrem pelas laterais de meu rosto.

- Haaa... - um som rouco e baixo de agonia escapa de minha boca. - P-pare! Pare, por favor!! - falo, com dificuldade.

Não consigo me mover. Estou preso pelas grandes mãos de Jungkook e pelo peso de seu corpo atlético.

Me sinto mal. Esta é a primeira vez que não suporto o contato do corpo de Kookie. Nunca imaginei que odiaria ver sua pele descoberta. Todos os dias sonhei com um momento a sós com ele, um momento íntimo e apaixonante, cheio de sentimentos e carinho... Mas definitivamente este não é o caso.

Estou mais ferido do que todas as vezes que fui abusado. Todos os machucados roxos e sangrentos não superam minhas feridas atuais. Estou despedaçado. Tendo recolher meus estilhaços, mas cada vez que tento pegar um caco, me corto, me machuco. Parece que estou sentado no chão, descoberto, em uma sala escura, onde as trevas reinam. Estou cercado por fragmentos de vidro, de modo que com o menor movimento, me corto e sou penetrado por esse material, que afunda em minha carne. A sala é fria e sem vida. Estou exilado. Uma porta se abre e uma luz cegante ilumina o ambiente. Com isso, uma figura aparece e caminha em minha direção.
"Há esperança!", penso.

A sombra se torna mais nítida à  medida que se aproxima. A larga silhueta que se forma parece flutuar, mas não está. Quando ela entra na zona de vidro, grito, alertando-a sobre o perigo eminente. Ela parece ignorar o alerta, continuando seu caminho, sem excitação. Seu pé nu se ergue e o tempo parece desacelerar. Grito novamente, minha voz sai intensa, mas não o suficiente para chegar aos ouvidos da pessoa diante de mim. Finalmente seu pé atinge o chão revestido de cacos de vidro. "Não!", grito. Sinto uma fisgada em meus pés, olho para trás e os vejo ensanguentados. Miro o estranho que parece indiferente com a situação. Estou confuso e surpreso por ele não se ferir ao andar pelo vidro. Fito-o, tentando distinguir sua face e entender o que está acontecendo.

A cada passo que ele dá, uma parte do meu corpo é ferida. Entretanto, não posso impedí-lo de se aproximar, pois ele é minha única chance, minha salvação, minha esperança. A luz atrás dele ilumina tudo, menos seu rosto. Por fim, ele para diante de mim. Meu corpo está cortado, dos pés ao pescoço, tornando meu sofrimento ainda mais sufocante. Digo para ele para me tirar de lá, mas ele não se mexe, nem diz nada, sua expressão é indecifrável. Meu olhar assustado implora por sua ajuda, mas ele não se comove. Tento agarra-lhe o tornozelo mas, correntes de ferro me detêm. Luto contra elas, porém meu esforço é inútil. Olho para cima, para seu rosto obscuro, um pequeno sorriso se estende, expondo eus dentes brancos e infantis.

O sujeito levanta uma perna no ar. Meus olhos arregalados e atemorizados, meu corpo inclinado para frente e meus braços suspensos e acorrentados mostram meu desespero. Não posso acreditar no que está acontecendo. O pé pesado como chumbo bate contra os estilhaços e, ao mesmo tempo, a porta se fecha com um estrondo.

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- Por favor, me perdoe, alfa!! Eu estava errado!!!
- Me desculpe!! Por favor não me puna!!

- POR FAVOR, ME PERDOE!!!

Levanto rapidamente. Minha respiração está ofegante.

- Haaah-hah Foi só um pesadelo...

"Argh! Ele não pode... Ele não pode saber!"

Olho para os objetos em meu criado mudo e lembro da fala de Seokjin.

"Se você usar os remédios durante o seu período de heat, coisas ruins podem acontecer, na pior das hipóteses, você pode morrer, Taehyung."

Desculpe, dr. Seokjin.

Mas eu arriscarei qualquer coisa pelo Jungkook.

Pego uma seringa e a enfio em minha barriga e injeto os supressores.

- Por favor acabe com esse heat!!!

- AAAAAAAAHH!!!

The Dance of The WolvesOnde histórias criam vida. Descubra agora