>>Capítulo 4

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Malcolm

Se já não me bastasse ter de me casar, ainda preciso lidar com uma mulher que mais parece uma estátua.

A menina é quieta, sem atitude, simplória demais e ­– aparentemente falando – não tão atraente.

Sua beleza é comum. Rivika é bonita, não posso ignorar o fato, mas não passa do comum. Pele parda, cabelos negros ondulados até um pouco abaixo do ombro e corpo magro sem muitas curvas.

Não estou acostumado com mulheres tão simplórias do lado. Jamais transei com alguém que não tinha uma carne na bunda para apertar.

Era insano pensar nessas coisas com ela do lado de fora do banheiro onde eu estava tomando banho.

Mais insano ainda era não me preocupar tanto com os problemas da organização, que estão pesando minhas costas. Já tinha dado uma averiguada em tudo que faria antes mesmo de assumir o posto, desde que meu pai morreu há três meses. O Patriarcado não pode sair do meu controle, lá havia pessoas dispostas a tudo para assumir o meu lugar e em hipótese alguma permitiria que invalidassem tudo que passei a vida inteira para cumprir o meu dever. No entanto, decidi ouvir o conselho de Romero e esses dias de lua de mel serão para espairecer minha cabeça conturbada.

Assim que saí do banheiro já de banho tomado, apenas enrolado numa toalha, encarei Rivika que estava sentada no meio da cama, imóvel olhando para mim.

Coitada, nunca deve ter visto um homem gostoso como eu na vida.

– Pode dormir. – Cansado, orientei.

Se a menina esperava que eu a faria minha naquele dia, estava enganada. Não sou a droga de um adolescente movido por hormônios, tenho controle.

Me virei e já estava a caminho da sala quando sua voz me fez parar.

– Hã, eu...

Tornei a olhá-la e cruzei os braços, já sem paciência – Não que eu a possua, na verdade.

– Garota, é o seguinte. Estou ansioso para relaxar minha mente e corpo. Preciso dormir. Amanha dou um trato em sua carência. Fique com a cama, estou no sofá.

– Eu quero só que me responda algumas coisas.

O quê?

O dia tinha sido um lixo, meu humor já nem existia mais e ela ainda queria que eu respondesse perguntas?

Era minha esposa ou uma repórter?

– Não entendo que perguntas quer que eu responda. Amanhã nos falamos.

Novamente me virei, mas ela foi insistente, me fazendo notá-la mais uma vez ao me encher de questionamentos.

– Por que não nos falamos direito? Por que não foi comigo do casamento para nossa casa? Por que age assim, se agora somos casados? Não foi assim que imaginei viver com meu marido, independente de quem fosse.

Sua voz continha certa revolta, como se realmente imaginasse por longos anos uma vida de casada. Claro que isso é bobagem, ninguém pensa nisso.

Essa garota provavelmente deveria ser uma boa atriz, para elaborar essa cena toda e me fazer revelar tudo sobre a organização.

Azar o seu, linguaruda, eu não confio nem em minha própria sombra.

– Se pensa que pode simplesmente chegar hoje em minha vida exigindo respostas de coisas que não te dizem respeito, está enganada, garota falante. Achei que era calada, mas me enganei. – Elevei um pouco o tom para amedrontá-la. – Não questione nada de minha vida ou de minhas decisões.

{AMOSTRA》 MALCOLM e a esposa comprada. (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora