>>Capítulo 10

3.3K 772 147
                                    

Malcolm

Não sabia discernir os sentimentos que percorreram minha cabeça quando Linda veio me alertar sobre Rivika. Ela não podia desistir do nosso acordo, da nossa aliança. O dever vem em primeiro lugar sempre.

Será que Rivika não entendia?

Eu a comprei quando aceitei as condições de meu pai sobre o futuro do patriarcado. Aceitei a escolha que fizeram para mim.

Ela não podia simplesmente fugir quando as coisas não ficassem boas.

Não podia.

Eu tinha que rever tudo sobre Rivika urgentemente.

E foi isso que fiz. Busquei de alguma forma, que ela se aliasse a mim e entendesse nosso propósito, mesmo que não saiba a verdade a fundo.

Só tinha que deixa-la ciente de que devia suportar esse contrato e passar pelas provações que ainda viriam. Eu precisava provar a todos que posso estar na posição em que estou e serei ainda melhor do que meu pai foi.

Rivika

Era manhã e eu acabei dormindo mais do que deveria, por causa dos remédios receitados pelo médico na noite anterior. Segundo ele, eu tive um tipo de surto de pânico. Algo que jamais tive em toda a minha vida.

Mas depois da noite de descanso, acordei bem melhor.

Assim que abri os olhos e me espreguicei, notei que Malcolm não estava do meu lado. O quarto era nosso e me lembro que ele havia dormido do meu lado, para me auxiliar caso fosse preciso.

Claro, estritamente profissional. Como não fosse nada meu.

Mas ao sentar-me na cama, avistei uma bandeja com suco natural de laranja e alguns sanduíches sobre o criado-mudo ali do meu ladinho. Sorri e meu estômago retrucou de fome.

Logo peguei a bandeja e a coloquei sobre a cama, para me deliciar com calma. Foi então que vi um pequeno bilhete no canto da bandeja. O abri.

"Coma tudo. Você precisa estar forte.

M."

Não sei que tipo de anjo deve ter tocado no meu marido, pois eu jamais imaginaria que ele escreveria qualquer tipo de bilhete. Muito menos traria bandeja com café da manhã para mim.

O que aconteceu de ontem pra hoje que não me contaram?

Dei de ombros e deixei qualquer pensamento esperançoso para lá. A realidade de quem Malcolm era já tinha sido revelada a mim. Não tinha esperanças.

(...)

O dia inteiro tive que acompanhar Malcolm em sua rota para escolher uma nova residência. Estávamos bem disfarçados de casal recém-casado que desejava um espaço amplo para viver com a família, que segundo a atuação de Malcolm, seria bem grande.

Fui a esposa que ele sempre pediu que eu fosse. Educada, sem muitas opiniões e expressões, apesar dele não ter exigido naquele dia, que eu agisse assim. Inclusive, nos poucos momentos que trocou palavras comigo no carro entre uma visita e outra às casas, perguntou como eu estava me sentindo e se queria algo para comer.

- Não se preocupe, estou bem. – Era o que eu sempre respondia.

Uma barreira estava começando a subir em volta do meu coração, eu desejava com toda a alma que ele gostasse de mim, me tivesse como uma pessoa com quem pode contar, mas não queria pagar o preço que estava pagando.

Estava me ferindo demais no percurso.

Já era a quinta casa que visitávamos, quando senti que ali deveria ser nosso lar. Lembrava um pouco a mansão anterior por dentro. Ao menos nos cômodos que eu já tinha visitado antes de viajar de lua de mel.

{AMOSTRA》 MALCOLM e a esposa comprada. (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora