Rivika
– Minha filha, você foi escolhida para uma missão muito importante em sua vida. Sei que pode parecer loucura, mas é mais importante do que parece. Você é a peça fundamental para tudo aquilo que papai construiu até hoje. Minha princesa preciosa. Minha herdeira.
A voz do meu pai, do momento em que eu tinha só oito anos, ecoou em minha cabeça.
Estava em frente ao espelho do banheiro, penteando meus cachos negros, tentando compreender o que ele queria dizer.
O que ele quis dizer com "mais importante do que parece"?
Será que meu casamento era como uma desculpa inicial para uma coisa maior à seguir?
Havia muitas coisas pelas quais minha curiosidade estava mais aguçada. Eu teria que encontrar as respostas, nem que demore anos.
Não compreendia o fato de entrar num casamento de conveniência com uma pessoa tão amargurada, tão sem sentimentos. O que Malcolm havia feito há minutos atrás foi tão vil que só de lembrar minha garganta fechou, ansiando que meus olhos despejassem lágrimas.
Sabia que devia me submeter às ordens dele e não podia traí-lo jamais, mas não fui avisada do tratamento desagradável a qual seria submetida.
Lá no fundo a vontade de odiá-lo começava a crescer, mas eu me lembrava dos ensinamentos do livro sagrado. Eu deveria honrá-lo como meu marido, mesmo que não mereça. Preciso conquistar sua confiança, preciso ser perseverante.
Me encarei no espelho já pronta e suspirei ao constatar uma Rivika totalmente diferente com apenas um dia de casada.
Eu já não era a mesma menina que saiu de casa para constituir uma família.
Temia quem poderia me tornar após anos ao lado desse homem.
Nosso almoço foi todo em silêncio assim como tem sido tudo desde que chegamos naquele lugar, mas com um pequeno diferencial: eu estava começando a sentir aquela ausência de esperança, como se nada do que eu fizesse ali e fora dali fosse fazer meu marido começar a me olhar com olhos gentis. Porque ele não é gentil. Já provou que não pode me dar aquilo que eu sempre procurei:
O amor.
Passado aquele momento, descansamos alguns minutos e em seguida Malcolm revelou que seu secretário havia programado algumas atividades para fazermos naquele dia e a primeira foi uma caminhada pelo Pinetum Gardens, uma área extensa verde, composta por lagos, árvores, flores e uma vista impagável. Realmente compreendia que somente outra pessoa poderia ter colocado uma programação daquelas para Malcolm, pois era um local sensível demais para ele. Um ambiente de paz, onde podíamos sentar, conversar e refletir sobre diversas coisas.
Não estava cheio, pelo contrário, mas assim que começamos a caminhar pelo local, percebi que ele simplesmente não compreendia que estava acompanhado. Ia andando na frente e eu deveria segui-lo. Até o momento em que eu o alcancei e tomei sua mão.
– O que está fazendo? – indagou ele, curioso e em defesa.
Entrelacei nossos dedos, mostrando como um casal deve caminhar em ambientes como aquele.
Por dentro me senti ousada demais, ainda não tinha desvendado ao certo a personalidade do homem.
– Somos recém-casados. As pessoas devem olhar e não compreender a forma como caminhamos juntos sem estar lado a lado. Vamos andar assim, depois você faz como quiser.
E nos puxei adiante, o fazendo concordar forçado.
Ele estava com óculos escuros estilo aviador, o que não me permitia ler seus olhos, mas pude notar a surpresa em sua feição pela minha atitude. Eu gostava de me sentir no controle em alguns momentos. Talvez Adonai gostasse de me ver assim também, pois eu sentia-me leve.
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{AMOSTRA》 MALCOLM e a esposa comprada. (1)
De TodoRISE LIVRO 1 Leia o primeiro capítulo para saber informações sobre as postagens. Todos os direitos reservados para A G Moore.