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Jade On

Tava em casa assistindo série de boas, okay, nem tão de boas assim. Na minha cabeça tava rodando milhões e milhões de coisas e a principal delas era a voz do Murilo me pedindo em namoro, surtei.

Eu simplesmente travei, travei total! Não conseguia me mexer, falar ou até gritar, não conseguia fazer absolutamente nada e eu estava me sentindo uma merda por isso.

Eu até esperava o pedido mas não naquela hora ou naquele momento. O Murilo é um cara legal, engraçado, cachaceiro, sabe conversar e fora que é ótimo de cama. Aceitaria namorar com ele mesmo eu quase surtando só de escutar a palavra namoro.

Não fui atrás dele depois que saí do hospital porque eu queria que fosse algo planejado para não correr o risco de eu surtar outra vez, tava pensando em pedir o Murilo em namoro mas não agora ou imediatamente. Deixaria a poeira baixar um pouco.

Primeiro eu queria ter uma conversa com ele e tals, ir com calma e tranquilidade pelo menos até os dois ter a certeza do que quer. Não queria chegar pedindo desculpas e logo depois pedir em namoro, certeza que eu receberia um NÃO bem lindo na cara.

Tava na sala curtindo os milhões de pensamentos e tentando entender pelo menos um que seja, óbvio que isso foi sem sucesso. Fui interrompida quando escutei a companhia tocar, levantei e fui atender.

-Você? -Perguntei ao ver o Lucca com uma cara de desesperado-

-Posso entrar? -Dei espaço e ele entrou, fechei a porta e fui até ele que estava sentado no sofá-

-Desembucha logo urubu, qual foi a merda que tu fez? -Me sentei no outro sofá e cruzei os braços-

-Calma oh, vim te pedir uma ajuda senhora cavala! -Eu ri- Eu quero pedir a Marianna em namoro pô!

-Parabéns pela coragem viu? Aguentar aquela alí não é para qualquer um! -Ele negou- Mas o que eu tenho haver com isso?

-Bom, você é a melhor amiga dela né Jade...poderia me ajudar em algumas coisas!

-Ahh sim. Ela gosta daquelas coisas bem românticas e meio brega, a fruta preferida dela é amora, a cor é verde água e ela sonha com um pedido de namoro na praia...você pode ir com ela para algum lugar de praia no final de semana e fazer o pedido por lá.

-Caraca, total diferente do que eu tinha imaginado. -Ele coçou a nuca e eu ri-

-Deveria conhecer mais a sua futura namorada né? -O encarei- Olha Lucca, me faz um favor? Não magoa a Mari, eu sei que as vezes ela é insuportável e carente mas é o jeitinho dela, ela já sofreu bastante com relacionamento e eu não quero ver ela daquele jeito de novo. Tenho a Marianna pra mim como uma irmã, conheço como a palma da minha mão, desde o último namoro você foi a única pessoa que ela realmente se entregou, tenta não fazer nenhum merda, ok? -Falei séria-

-Porra Jade, a última coisa que eu quero nesse mundo é magoar a Mari, sério mesmo! Ela me fez enxergar o mundo de outra forma pô, eu sei que isso pode ser papo de apaixonado mas eu tô falando sério! Aquela loirinha é muito importante pra mim, pra minha vida pô! -Ele falou e eu pude sentir verdade nas palavras, sorri e concordei com a cabeça- Mas e você, tá bem?

-Eu? Eu tô né? -Suspirei- Só que as coisas estão meias confusas aqui dentro. -Apontei para minha cabeça e ele riu-

-Sei como é, fiquei sabendo o que aconteceu entre você e o Murilo. Torço de verdade para vocês dois darem certo pô, acho vocês um casal foda pra caralho!

-Acredite, não é só você que está nesse fã clube, mas deixa as coisas rolaram para ver aí...não quero ficar adiantando nem forçando nada.

-Bom, agora deixa eu ir que já deu minha hora! -Ele levantou e eu levantei junto-

-Eu tenho um amigo em Búzios, se você quiser eu posso falar com ele para conseguir a casa e ajeitar as coisas para o pedido.

-Quero sim, vai ajudar pra caralho! Depois você me passa o contato dele pra eu ajeitar os detalhes e tudo mais! -Concordei e fomos até a porta da minha casa, nos despedimos com um abraço e logo depois que ele saiu eu fechei a porta-

Ri comigo mesma, quem diria a Marianna um dia namorando o Lucca? Eu ein, mundo doido. Muito doido. Suspirei e fui para meu quarto, tomei banho e como o tempo tava meio fechado fui procurar um moletom para vestir.

Abri meu closet e encontrei os moletons do Murilo tudo por lá, sim eu pegava e nunca mais devolvia, adorava fazer isso. Peguei um meu mesmo e vesti, fiquei pensando em toda essa bagunça que minha vida tinha se tornado e me joguei na cama.

Eu precisava falar com aquele idiota, na verdade a idiota era eu por estar aqui deitada na cama! Logo eu que sempre fui tão espontânea tava me cagando de medo para falar com o Murilo.

Peguei os moletons dele que estava no meu guarda roupa e separei, dei uma ajeitada no cabelo e calçei meu tênis. Provavelmente eu tava fazendo a maior cagada da minha vida, mas eu tava querendo mesmo pagar para ver.

Falei com o Felipe e ele disse que o Murilo não estava no apartamento. Falei com a mãe dele e ela disse que ele também não estava na casa dela. Só restava um lugar que era o ap que ele ganhou dos pais.

Eu sabia que se eu demorasse mais 1 minuto ali eu desistia de ir atrás dele, por isso peguei os moletons e fui até meu carro. Entrei e parti para o ap dele em meio aquela chuva toda com o coração batendo mais que uma bateria de escola de samba. Eu tava o nervoso em pessoa.

O caminho parecia uma eternidade e a única coisa boa nisso foi que eu pude treinar meu discurso para falar quando olhasse para cara do Murilo, se é que eu iria conseguir falar alguma coisa, né?

Cheguei no ap dele, peguei os moletons e o porteiro me deixou entrar de boas pq ele já me conhecia. Peguei o elevador e rapidinho já estava no andar dele, já tava com as mãos e as pernas tremendo.

Cheguei na porta dele e fiquei parada uns 5 minutos, olhando aquele número enquanto se passava milhões de coisas na minha cabeça. Bate ou não bate? O que eu vou falar? O que eu tô fazendo aqui? E se ele me mandar embora? Aí meu deus!

Isso era loucura! Respirei fundo e dei meia volta indo para o elevador are que escutei o barulho de uma porta abrindo e aquele perfume chegando até mim, puta que pariu.

-Jade? -Admito, escutar aquela voz rouca me arrepiou até tremer as pernas. -Jade? -Me virei lentamente para ele que tinha uma expressão confusa no rosto-

-Oi. - Eu só consegui dizer isso, depois eu não parava de olhar para a boca dele que se mexia falando alguma coisa que eu não escutava. Acordei de meu devaneio com ele estalando os dedos na minha frente-

-Tá fazendo o que aqui? Você saiu nessa chuva? Tá me escutando Jade?

-Eu vim te devolver seus moletons. -Falei uma desculpa qualquer e percebi ele prendendo o riso-

-Era só isso? -Eu concordei e ele pegou os moletons- Obrigada então.

Na hora que ele já ia fechando a porta eu coloquei a mão impedindo. Ele abriu mais um pouco e me olhou, provavelmente esperando que eu falasse alguma coisa.

Cheguei mais perto dele e suspirei. Eu adorava aquele perfume com toda certeza, e o dono dele também.

-Será que a gente poderia conversar? -Ele deu espaço para eu entrar e logo depois fechou a porta-

-Quer conversar sobre o que? -Falou colocando os moletons no sofá e me encarou-

Nessa hora todo aquele meu discurso que eu tinha ensaiado mil vezes no carro sumiu. Evaporou totalmente da minha cabeça. Eu respirei fundo e olhei para ele.

Se eu levasse um fora pelo menos poderia dizer que tentei, tentei recuperar o possível "amor do meu copo", porque em "amor da minha vida" eu não acredito. Isso não.

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