A Vida da Gente

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Jade On

Chegar de uma palestra no sábado de tarde e poder ficar só de calcinha e sutiã no quarto assistindo série com um balde de pipoca do lado é a melhor coisa da vida e era assim que eu me encontrava.

Fui tirada da minha paz com meu celular tocando, olhei na tela e tava o nome do Thiago, Milena e Marianna, lá vem fofoca. Coloquei a TV no mudo e atendi a chamada de vídeo do jeito que tava mesmo, nem liguei.

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-Eita que o cabaré hoje ta agitado! -Falei enquanto comia minha pipoca-

-Pelo menos eu sou uma kenga Internacional, me respeita mona! -Thiago disse me fazendo rir, quase engasguei- Morre não, deixa eu te contar o babado primeiro!

-E olha que o babado é forte viu! -A Mari disse e a Milena só concordou-

-Quase me importei por eu ser a última a saber, mas vai, conta logooo!

-Tô namorando viadaa! -Thiago disse e na mesma hora eu me engasguei-

-É o que Thiago? Quem é o doido? Como assim cara? -Falei tentando recuperar meu fôlego-

-Ele é brasileiro, mora aqui faz 5 anos e se chama André, final do ano eu levo ele para vocês conhecerem. O Gabriel amou ele!

-Gente, até o Thiago namora e eu não, que isso Deus? -Eu falei fingindo tristeza-

-Não namora por que não quer, o Murilo ta aí comendo na sua mão todo dia, tadinho amiga.

-Isso não vem ao caso agora, o que importa é que nosso viado tá namorando!! Achei que esse momento nunca iria chegaar! -Mari disse mega empolgada e eu revirei os olhos rindo-

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Ficamos conversando até de noite e só desligamos porque tínhamos marcado um barzinho com os meninos, hoje tinha jogo do Flamengo. Desliguei a chamada e voltei a assistir minha série maravilhosa.

Fiquei vendo mais algumas capítulos de Grey's Anatomy até o Murilo me mandar mensagem dizendo que já tinha chegado aqui em casa. Foi só o tempo dia desligar televisão que escutei batidas na minha porta e fui atender do jeito que estava mesmo.

Abri a porta e fui direto para meu closet escolher a roupa para sair, escutei a porta fechar e na hora que eu tava separando minha saia senti os braços do Murilo rodando minha cintura.

-Porra love, você abrir a porta pra mim assim é sacangem. -Ele falou no meu ouvido e eu me arrepiei todinha-

-É mesmo? -Me virei e coloquei meus braços em seu pescoço sentindo ele apertar a pegada na minha cintura-

-Tu não presta ein morena! -Ele falou um pouco mais baixo e me beijou cheio de vontade-

Na primeira mordida que eu dei em seu lábio inferior, senti suas mãos descendo até a minha bunda e apertarem com força me fazendo arfar no meio do beijo.

Fizemos uma rapidinha alí no meu closet mesmo, eu sabia que se fossemos para a cama não iríamos sair de lá hoje. Tomei meu banho e terminei de me arrumar com o Murilo enchendo meu saco por causa do horário, de lei já né?

Nós ainda descemos, comemos um bolo que tinha lá pronto e depois fomos no barzinho, mas antes paramos na farmácia e o Murilo ficou perguntando toda hora o que eu tinha comprado.

-Aí que saco mano, quer saber por que? -Reclamei enquanto dirigia-

-Porra, o que custa tu falar? Eu ein caralho! -Ele falou bolado e eu revirei os olhos voltando minha concentração para pista sem render aquele assunto-

O resto do caminho foi em silêncio, somente com o rádio tocando umas músicas aleatórias. A galera já estava toda dentro do bar e eu estava lutando para conseguir encontrar uma vaga.

Depois que eu finalmente consegui estacionar o carro, descemos e eu travei o mesmo ainda sem trocar nenhuma palavra com o Murilo que só me encarava o tempo todo.

Quando eu ia em direção a entrada do barzinho ele me puxou pela cintura e segurou a minha mão. Nós podíamos ter pior DR do mundo mas na frente dos outros sempre parecíamos estar bem, e eu gostava disso.

Namoral, eu não gosto de gente que deixa os problemas de um relacionamento afetar o ciclo de amizade e deixa aquela torta de limão na mesa. Eu e o Murilo resolvemos as coisas entre nós mesmo, sem plateia nenhuma.

Entramos na barzinho de mãos dadas e fomos em direção a galera que já estava fazendo a maior zuada na mesa, chamando atenção de geral que estava naquele bar. Esse são meus amigos.

Falei com todo mundo na mesa enquanto o outro lá foi pegar uma cerveja pra ele e um suco pra mim, como eu estava dirigindo não iria beber. Depois que o terminei de falar com todo mundo a Milena veio logo me puxando para ir banheiro com ela.

-Iai, comprou? -Ela me perguntou nervosa-

-Comprei né, ainda arrumei uma briga com o Murilo, tadinho. -Ri e entreguei o teste de gravidez para ela que ficou olhando- Você vai fazer aqui?

-Não, vou fazer em casa...amanhã. -Ela guardou o teste na bolsa e me olhou-

-Qualquer coisa me chama, mas você acha que tem chances? -Perguntei e ela me encarou apreensiva-

-Minha menstruação tá atrasada 1 mês Jade e eu tô surtando real Jade.

-Caralho...como tu acha que o Diego vai reagir se tu tiver grávida?

-Não sei, mas ele vai assumir!

-Óbvio né garota!

Voltamos para a mesa e o jogo já tinha começado, sentei ao lado do Murilo que já estava batendo o pé de nervoso e peguei meu suco na mesa. Ele me olhou e colocou sua mão na minha perna começando a fazer um carinho.

Flamengo ganhou de 2x0 e aquele bar tinha virado um furdunço total, ninguém tava entendendo nada. O dono do bar era totalmente flamenguista e disse que a cerveja da rodada era por conta dele.

Já tava vendo que hoje aquele povo iria sair dali no bagaço. Estávamos zuando o Felipe e a Luísa com alguma coisa que eles tinham feito quando meu olhar congelou na entrada do bar.

-Ih carai, a piada foi tão ruim que a Jade até congelou! -O Ramon disse rindo e todos na mesa me olharam-

-Merda. -Falei pra mim mesma. Eu não tava acreditando que ele tava alí na minha frente de novo-

O Tubarão foi entrando e falando com todos por ali, o olhar do Filé tava parado no meu como quem queria dizer alguma coisa. Senti a mão do Murilo na minha perna mas não consegui desviar meu olhar do Tubarão.

O Filé cutucou ele que rapidamente olhou na direção da minha mesa, na minha direção. Acho que até ele ficou sem reação quando me viu, porque o sorriso que estava no seu rosto sumiu na mesma hora.

Olhei para Mari que negava com a cabeça, ela sabia de toda nossa história, sabia de cada detalhe do que eu e o Tubarão já tínhamos vívido, ou melhor, eu e o Anderson.

Ele se aproximou me encarando junto com o File e mais uma tropa atrás dele, chamando atenção como sempre. Sustentei meu olhar no dele até ele desviar e olhar para baixo.

-Boa noite, boa noite. -Todos da mesa responderam e ele olhou para o Murilo- Ih, esse não é aquele mauricinho lá?

Anderson Fontes, 24 anos
Dono do Morro da Maré