Fichas Caindo

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O dia amanheceu com Alfred sentado ao lado de Kate, enquanto a observava dormir.

Gordon estava assistindo a CBN, enquanto trabalhava via rádio com o esquema tático policial e Bruce observava Dick se questionando sobre seu estado geral.

Alfred logo desceu, atraindo Bruce e Gordon para a cozinha. Ele estava preparando uma bandeja de café da manhã.

- A srta. Kate acordou.

- Como ela está?

Gordon questionou preocupado, Kate nunca havia sido punida com objetos tão rigorosos e com tamanha severidade. Claro que ele não opunha objeções ao mordomo, ela merecera, mas isso não o impedia de se compadecer.

- Ela está como alguém que levou uma surra merecida e dolorida, ou seja, com dor e envergonhada.

Alfred terminou de arrumar a bandeja e subiu as escadarias. Gordon e Dick subiram atrás para ver Dick, sendo que na verdade ambos queria espiar Kate.

- Está aqui, princesa Kate.

Alfred falava com carinho, colocando a bandeja na cama. Quando Kate tentou se sentar para comer, começou a chorar copiosamente.

Alfred a abraçou, sabendo que já não era para tanto a dor. Gordon entrou e afagou o cabelo da neta e Bruce deu um beijo na bochecha dela.

Havia três babões em volta dela, apenas preocupados com ela se sentir bem e amada. Naquela hora, apesar do traseiro dolorido, ela se sentiu a mulher de mais sorte no mundo.

- Me desculpem...

- Você foi punida e está perdoada - Disse Gordon.

- Alfie... Eu... Sei que fizemos um teatro ontem, mas eu quero que saiba que eu te amo de verdade, não foi encenação.

Os olhos do mordomo marejaram e ele se segurou. Foi quando ouviram um barulho e saíram do quarto dela se deparando com Dick no corredor.

Ele olhava meio perplexo para si próprio vestindo seu disfarce e para o ambiente. Bruce se aproximou olhando as pupilas do garoto.

- Você está bem? Algum lugar está doendo?

- Não... É... Acho que não. O que aconteceu?

Gordon olhou para Bruce.

- Lucius me explicou que amnésia temporal é um dos efeitos do antídoto. Mas que em menos de dez horas a pessoa recobra a consciência do que aconteceu sob a égide do gás do medo.

Bruce prestou atenção nas palavras de Gordon, se era esse o tempo, em breve Dick ficaria ciente do que houvera, e certamente bastante confuso por tentar mata-lo.

- Bom, você precisa comer algo e ouvir sobre tudo que aconteceu. Hoje o dia será longo. - Bruce disse direcionando o garoto para a cozinha num meio abraço.

Alfred e Gordon deram um afago em Kate e deixaram que ela dormisse mais, seguindo Bruce até a cozinha com Richard.

Alfred se apressou em preparar um café da manhã para todos, enquanto Dick via os adultos nitidamente preocupados. Bruce tinha olheiras profundas e machucados aparentes.

- Bruce, quem fez isso com você?

Assim que terminou de falar um flash da noite anterior atravessou a consciência de Dick, o fazendo comprimir os olhos e levar as mãos até a cabeça enquanto revivia o momento em que quebrou o nariz de Bruce.

- Dick... O que está acontecendo?

O garoto revivia todos os momentos da noite anterior dolorosamente, as mentiras, a patrulha que não surtiu efeitos, ser perseguidos por lunáticos, aspirar o gás do medo e... A fatídica briga com Bruce.

Os três adultos estavam preocupados com o estado de Dick, a verdade é que o antídoto era novo, temiam pelos efeitos.

- Bruce... Eu... Eu...

Dick estava pálido, não conseguia acreditar que tentara matar Bruce! Ele realmente estava nervoso com a forma como o tutor o controlava, mas o amava, no fundo o amava, e jamais imaginara que algo pudesse fazer com que agisse daquela maneira.

Era claro que seu plano fora desmascarado. Foi quando se lembrou de Kate.

- Onde está Kate?

- Sem condições de descer.

Alfred respondeu afiado, fazendo com que Richard entendesse exatamente o que havia acontecido. O garoto estremeceu na cadeira, era tudo culpa dele.

- Coma algo, Richard.

Bruce ordenou, empurrando um prato com um pão tostado com mantega e um suco.

Richard não levantava os olhos da mesa, não tinha coragem de encarar Bruce depois do que fizera. Obedeceu a ordem de comer, apesar de não sentir fome alguma.

Não demorou até Lucius chegar ao local com uma maleta médica.

- Então esse é o nosso garoto rebelde? - Disse Lucius tentando fazer piada para quebrar o clima, sem muito sucesso.

Quando notou que ninguém riu, se apressou com os exames. Mediu a pulsação, analisou a dilatação da pupila, colheu uma amostra de sangue e seguiu com as perguntas.

- Você está sentindo náuseas ou tontura?

- Não.

- Dor em alguma região?

- Não.

- Está com medo de algo?

Richard ouviu a pergunta, sabia que ela tinha relação com o soro do medo. Ele estava morrendo de medo de Bruce e da surra que levaria, mas ele achava que não havia relação com a droga.

O silêncio dele enquanto olhava pela primeira vez para os olhos de Bruce responderam a questão.

- Não Lucius, não há ressquício de medo alucinógeno, somente o medo real e esperado.

Richard sentiu o coração acelerar, Lucius apenas olhou para baixo, não gostava dos métodos disciplinares daquela casa.

- Bom, o paciente está liberado. Você teve sorte garoto.

O homem afagou os cabelos do moleque enquanto sorria.

Bruce, vendo que Dick terminara o pão com suco, decretou

- Richard, me espere na batcaverna.

O garoto permaneceu imóvel, se questionando sobre a ordem de ir ao local terminantemente proibido para ele.

- O que? Na ba...

- Você me ouviu. Desça IMEDIATAMENTE para a batcaverna.

O garoto se apressou a descer, se questionando sobre as razões do tutor. Assim que ele saiu, olhou para Lucius.

- Você trouxe as coisas que pedi?

- Sim, deu um trabalho enorme! Mas acho que você vai gostar...

Bruce não sorria de volta para o cientista, estava exausto.

- Obrigado meu amigo.

Bruce havia encomendado algumas coisas com Lucius para Richard, esperava dar de presente em circunstância totalmente diferentes.

Bruce respirou fundo, e desceu para a batcaverna com as maletas que Lucius entregou, deixando Alfred e Gordon para trás com o cientista.

Ele desceu as escadarias com dúvidas, tristeza, um misto de raiva com decepção, desapontamente e decepção.

Chegara a hora de um momento cataclísmico no relacionamento dele com Dick, e ele não sabia o que aconteceria depois disso.

Chegando a batcaverna, Dick o esperava sentado com o olhar no chão.

Bruce então vestiu seu traje num segundo, fazendo Dick se questionar sobre a razão de Bruce vestir o manto negro.

Logo após ele abriu as maletas que Lucius trouxera, deixando Dick sem entender nada, se questionando se era algum dispositivo de alta tecnologia para estourar o traseiro dele.

Meu Menino ProdígioOnde histórias criam vida. Descubra agora