Capítulo 03

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Shikamaru clicou no interruptor para acender a luz e deu uma olhada no recinto de modo crítico, formando um vinco na testa.

- Tem certeza que é isto que você quer?

Ele achou que estava bom para um quarto de hotel. Ao menos era limpo e tinha um tamanho razoável, com uma cama aparentemente confortável, mais os móveis de sempre. Um pequeno banheiro fazia parte da suíte, coberto de severos ladrilhos brancos e com toalhas igualmente brancas, além de artigos de toalete sobre a pia.
Tudo sem alma, funcional e impessoal, portanto pouco receptivo. De jeito nenhum o tipo de lugar em que ele esperava acabar a noite.
Mas nada correu como esperado.
Ele com certeza jamais previu que ia acabar em um quarto de hotel com uma mulher que lhe despertava os instintos mais primitivos, mas sobre quem sabia somente o primeiro nome.

- Somos estranhos - ela disse - e quero que continue assim. Você não me conhece e eu não conheço você, é assim que tem de ser.

De jeito nenhum! Foi isto que ele disse de início. Ele começou a se virar para ir embora, mas ela ainda estava muito perto dele, seus braços ainda estavam na cintura dela, e o sangue quente correndo em suas veias, o desejo intenso que clamava aos seus sentidos e lhe embotava os pensamentos.
Ele não podia deixá-la partir.
Ele percebeu que não podia fazer isso no momento em que ela se virou para pegar um táxi e sair de sua vida. E se ela fosse embora agora, não voltaria mais. Ele não teria como localizá-la. Ela desapareceria dentro da noite e ele jamais a veria novamente; não saberia mais nada sobre ela.

- Você está pedindo muito, minha dama - ele disse, com a voz rouca e ríspida.

Ela não indicou reconsiderar. Encarou-o firmemente com seus olhos verdes e os lábios fechados com determinação.

- Ou isto, ou nada - ela disse, e levou a mão ao peito dele, acariciando por sobre a camisa. O movimento de seu braço fez ele sentir uma lufada de seu cheiro novamente.

A pele dele ardia ao toque dos dedos de Temari, e seu coração batia em um compasso selvagem.

- Ou isto, ou nada - ele repetiu, sabendo que não poderia viver com " nada". Ele se arrependeria pelo resto da vida se deixasse aquela mulher lhe escapar agora.

- Como preferir, minha dama - ele disse. - Como preferir.

E era assim que ela preferia. Ao menos por aquela noite. Bem, ele poderia deixá-la ditar as regras por aquela noite - afinal, ela não era a única ali a ser um tanto... econômica no que diz respeito à verdade. Mas sempre havia o dia de amanhã.
No dia seguinte ele faria um monte de perguntas. E faria questão de respostas claras.
Enquanto isto, passaria aquela noite convencendo-a de que não se tratava de " ou isto, ou nada". Não mesmo.

- Temari? - ele perguntou ao ver que a mulher que entrara no quarto com ele não estava dizendo nada. - Que foi? Mudou de idéia? Que desistir do nosso acordo?

Vai voltar atrás? Será que ela queria?

A própria Temari estava se perguntando isto quando subiram para o quarto. A verdade é que sua coragem e convicção estavam fraquejando desde que ela concordou em passar a noite com ele.
Claro que ela o chocou ao dizer que só ficaria na condição de não dizer seu nome completo a ele, nem ele a ela.
Ela pensou que ele fosse dar-lhe as costas quando disse isso. Certamente sua expressão foi a de quem queria fazê-la engolir aquela proposta cretina. Ele fechou a cara e suas feições de repente pareceram esculpidas em mármore.
Mas ele então piscou uma vez, e fraquejou.

- Não - ela disse agora, miseravelmente ciente de como transpareceu a tensão que sentia em apenas uma palavra. Sua voz soou rígida e dura, fria e distante.

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