— Desculpe. — Temari sentiu-se obrigada a dizer aquilo. — Nunca quis fazer você se sentir usado. — Na verdade, isto era a última coisa que ela esperava. — Mas será que não podemos esquecer aquela noite? Pôr uma pedra sobre aquilo tudo?
— Você sabe muito bem que não podemos droga nenhuma! — A voz de Shikamaru saiu rouca e ríspida. — Aquela noite continua existindo entre nós dois. Eu não consigo esquecer, você consegue?Jamais esqueceria, Temari pensou consigo mesma. Mas pretendia tentar. Ela e sua família simplesmente não teriam um futuro pela frente se não esquecesse o passado e aquela noite.
— Preciso esquecer — ela disse, esperando transparecer convicção. — Temos de esquecer. Nada pode acontecer entre nós dois. Vou me casar com seu pai. Precisamos conviver como se nada tivesse acontecido antes entre nós dois. Como se nós jamais...
— E você consegue fazer isto, não consegue? — Shikamaru aproveitou que ela ficou de repente sem palavras, sem coragem de completar a frase. Seu tom era carregado de ceticismo e ironia, deixando claro como não acreditava nela. — Você consegue fingir que nunca fomos amantes, que nunca fomos nada além de madrasta e enteado?Não! Não, não consigo fazer isso, não posso agüentar uma coisa dessas! Temari sentia que seu coração estava sendo dilacerado só de pensar naquilo. Ela não queria ser madrasta de Shikamaru. Não sentia nada de maternal em relação a ele. Queria...
Mas não podia ter o que mais queria. O que ela queria lhe era proibido. Ela tinha de esquecer aquele sonho e aprender, de algum jeito, a conviver com a realidade.— Sim, consigo — ela disse, enfim, surpresa de expressar uma certeza que estava longe de sentir.
Mas seria aquilo o suficiente para convencer Shikamaru? Ele tinha de ser convencido. Ela não saberia o que fazer se não conseguisse convencê-lo.
Ele não parecia estar convencido. Na verdade, ela não entendia bem o que ele estava parecendo. Não estava conseguindo interpretar sua expressão. Não fazia idéia do que estava passando pela cabeça dele. Só podia torcer para dar certo.
Ainda com os olhos fixos no rosto dela, Shikamaru respirou fundo, quase suspirando.— Prove — ele disse.
— O quê?
— Prove — Shikamaru repetiu, com mais ênfase ainda. — Se você está tão convencida que pode mesmo agir como se nunca tivéssemos sido amantes, como se não houvesse nada entre nós dois, então faça isso. E bom que demonstre que já tem prática antes que meu pai retorne. Ele disse que eu iria tomar conta de você, então é bom que eu comece logo.
— Mas... — Temari tentou reclamar, mas Shikamaru cortou sua tentativa de dizer alguma coisa.
— Passe o resto do dia comigo. Vamos fazer uma excursão pela ilha, o tipo de coisa que um bom enteado proporcionaria à sua madrasta. Seja apenas minha madrasta, nada além disso. E se até o fim do dia você conseguir me provar que conseguir viver levando a situação deste jeito, então eu juro que te deixo em paz, e para sempre.Te deixo em paz, e para sempre.
A cabeça de Temari girou, confusa entre esperança e desespero, entre concordar e rejeitar completamente sua sugestão. Uma parte de si queria aceitar, para que ele a deixasse em paz, mas por outro lado, a última coisa que ela queria no mundo era ser esquecida por ele. Mas o jeito que ela queria ser lembrada era algo totalmente proibido.
Ela teria de aprender a conviver com a situação. E talvez a idéia de Shikamaru, ou seja, praticar para se acostumar à idéia sem o medo de estar sendo observada por Shikaku, podia até funcionar mesmo.
Ela não sabia. Mas a única coisa que tinha certeza era que as feições duras de Shikamaru deixavam bem claro como uma recusa da parte dela seria interpretada.
Temari viu que só tinha uma escolha.— Tudo bem — ela disse lentamente. — Eu aceito.
Shikamaru ficou se perguntando se ele realmente ia agüentar passar por aquilo enquanto os dois estavam no carro, descendo pela estrada e se afastando de casa. O que aconteceu com suas dúvidas, com avaliação de riscos que fez consigo mesmo, com a tentação que teria que suportar se ficasse ali?
A verdade era que ele queria aquela tentação. Ele não podia simplesmente dar as costas e ir embora. Quando estava com Temari se sentia mais envolvido com tudo, mais vivo do que nunca. Queria sentir aquilo novamente, nem que fosse pela última vez.
Ademais, fazia cinco anos que ele não pisava em Helikos. Queria rever a ilha, visitar novamente seus pontos favoritos, como gostava de fazer quando garoto. E apreciar tudo de novo com os próprios olhos.
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A Madrasta
ФанфикQuando uma noite leva à rendição total... Temari Sabaku estava sendo chantageada e forçada a casar. Mas antes teve uma noite de paixão com um homem que jamais veria novamente... Shikamaru Nara não está acostumado a ser rejeitado. Sua parceira, uma m...