A Madrasta

Capítulo 08 - Últimos Capítulos

Três dias.
Não pareceu muito tempo quando Shikamaru deu o ultimato a Temari.

Três dias — apenas 72 horas — nas quais ela teria de arrumar coragem para contar a Shikaku o que acontecera. Não sabia como fazer aquilo. Só sabia que, de algum jeito, sabe Deus como, ela tinha de fazer isto.
Isto se dera antes de ontem. Agora mais de 48 horas das 72 já haviam se passado. Já eram. E ela não estava nem um pouco mais perto de fazer o que Shikamaru lhe ordenara.
Inclusive estava tão longe de tomar esta atitude quanto sempre esteve.
Pelo menos Shikaku não parava muito em casa. Passara boa parte da tarde do dia anterior no vilarejo e voltou tão de mau humor que Temari logo se recolheu. Hoje pela manhã, logo que raiou o dia, ele chamou o helicóptero para levá-lo a Atenas e ainda não havia voltado.
Temari só podia dar graças a Deus por Shikamaru também não ter dado as caras. Ficava apavorada só de pensar em olhar paia ele e na reação que ele teria ao saber que ela não havia ainda contado nada a Shikaku.
Pelo jeito um futuro sombrio e gélido lhe aguardava. Sem o menor sinal de luz no fim do túnel. Ela simplesmente não sabia o que fazer.
Se ela não contasse a Shikaku, Shikamaru contaria. Mas como ela poderia contar a Shikaku se ao fazer isto acabaria provocando o cancelamento do casamento.
E sem aquele casamento seu pai não teria a menor chance de se livrar da prisão, pois Shikaku apresentaria queixa e entraria com um processo veemente. E se seu pai fosse preso, sua mãe...

— Ah, meu Deus, me ajude!

Temari se afundou na cadeira mais próxima e enfiou o rosto nas mãos, desesperada.
Jamais se sentiu tão perdida e sozinha. Tão absolutamente abandonada por todos.

— Algum problema?

Ela reconheceu de imediato aquela voz masculina rouca. Era a mesma voz que lhe assombrava em seus sonhos, que soava em sua cabeça o dia inteiro desde que ela a ouviu pronunciar seu ultimato brutal que ameaçava destruir sua vida e a das pessoas que ela mais amava.

— Ah, não, não há problema nenhum! — ela disparou, levantando a cabeça impetuosamente com os olhos brilhando, desafiadores. — Problema nenhum! A não ser pelo fato de que minha vida parecia ter tomado um rumo definido, ao menos um rumo com o qual eu poderia lidar. Mas fui ter a falta de sorte de conhecer você, e agora tudo se voltou contra mim!
— Você não contou nada a ele. — Foi uma afirmação, não uma pergunta, mas mesmo assim Temari sentiu que ele estava esperando por alguma resposta.
— Não, não contei!

Se ele tivesse parado em casa, já estaria sabendo. Mas por razões suas, particulares, Shikamaru achou que era melhor não dar muito as caras por aqueles dias. Como já havia lhe dado um ultimato, se afastou e a deixou a sós com seu pai.
É claro que ela sabia por que ele não estava presente. Ele estava esperando que ela usasse a oportunidade para contar tudo a Shikaku. Pelo que Temari podia presumir, ele devia estar se achando muito justo, até atencioso por lhe dar tempo e espaço para ela abordar o assunto.
Bem, ele podia até não estar pressionando diretamente com suas palavras e sua presença, mas saber que ele estava lá, esperando, observando, como um caçador cruel à espreita nas sombras pronto a dar o bote se ela não o obedecesse, mantendo-a em permanente estado de terror por saber que a qualquer momento sua paciência se esgotaria.

— Para começar, não tive oportunidade. Além do que, bem, simplesmente não sei como ele vai reagir.
— Você devia ter pensado nisto antes de ir para a cama com um estranho.

O cinismo no tom de voz de Shikamaru soou ainda pior por Temari ter de reconhecer para si mesma como ele estava lindo. A luz do entardecer se refletia em seus cabelos brilhantes e em seus olhos emoldurados por cílios abundantes. Ele era como um deus grego em vestes modernas. A pernas longas estavam dentro de uma calça jeans tão apertada que chegava a ser indecente, a potência dos músculos de seu peito foi enfatizada pelos contornos formados pela camiseta leve que estava usando, e seu bronzeado era realçado pelo branco do tecido. Temari chegou a ficar de boca seca, ardendo de desejo.