Como poderia responder, Temari ficou se perguntando. Ela estava em uma encruzilhada, não tinha para onde correr. Presa a tantas promessas feitas a pessoas diferentes. E sabendo que não tinha escapatória. Prometera coisas ao pai, e outras coisas a Shikaku...
Mas uma promessa que realmente importava a ela era a promessa que fizera em seu coração à sua mãe. Karura Sabaku não sabia da verdadeira razão do casamento da filha com aquele milionário grego muito mais velho. Se soubesse, teria ficado horrorizada. Mas no fundo de seu coração, Temari fizera a promessa de que faria de tudo, de tudo mesmo que pudesse para garantir o bem-estar da mãe. E se para isto ela precisava desistir da própria vida, da própria felicidade, então que fosse, pois valeria a pena.
Agora ela tinha apenas uma escolha pela frente, apenas um caminho a seguir.
E ela tomou este rumo.— Por quê? — ela repetiu, torcendo para conse guir fingir indiferença e petulância. Havia escolhido esta linha de interpretação para se proteger, não podia mudar agora. — Ora, não é óbvio? Porque ele me Pediu em casamento.
Mais uma vez foi surpreendida pela reação de Shikamaru. Ela estava esperando algum tipo de raiva. Revolta. Ou então que ele a descartasse — ao menos mentalmente —, desse as costas e saísse. Por isso Temari ficou surpresa de ver que ele apenas balançou a cabeça, rejeitando totalmente o que ela estava dizendo.
— Não convenceu — ele disse friamente.
Sua calma absoluta conseguia ser mais perturbadora do que uma explosão de raiva com gritos e ameaças. Temari sentiu uma coisa sinistra, como se estar lutando pela própria vida a fizesse continuar falando.
— Não convenceu? Por que não?
A pausa que ela fez teve por intenção dar a ele tempo de responder, mas ele não respondeu. Na verdade ele parecia estar esperando que ela falasse de novo.
Mas o que ela diria? Se ele ao menos soubesse que ela não faltou com a verdade ao responder-lhe por que se dispunha a casar com Shikaku. Ele a pediu em casamento como alternativa para resolver os problemas que assolavam sua família e ela, desesperada, sem ter como escapar, aceitou.— O que há de tão difícil de acreditar no que eu disse? — ela perguntou, sentindo que a angústia em seu coração se traduzia como uma inusitada verve afiada na língua. — Quem poderia, em seu juízo perfeito, dizer " não" a isto tudo? — e fez um gesto com o braço indicando a sala, o terraço e a água azul da piscina. — Eu é que não diria.
Só quando ele endureceu as feições do rosto que ela percebeu que algo estava mudando em seu estado de espírito. Ela estava quase conseguindo alguma simpatia da parte dele, mas tudo se reverteu.
Ele soltou o rosto dela e se afastou um pouco. A barreira entre eles se ergueu novamente, e ela teve de se controlar para não chorar de tristeza.
Mas era melhor assim.
Era mais seguro.
Temari quis fugir das implicações do termo "mais seguro", que lhe deu uma idéia. Se ela tentasse se defender das perguntas de Shikamaru, acabaria sempre posta contra a parede. Estava na hora de se defender atacando.
Ela resolveu se pôr de pé, mas o corpo dele ainda oferecia mais resistência do que ela podia imaginar. Ela o empurrou, mas o empurrão não o abalou minimamente.
Temari desistiu de fazê-lo sair do caminho e se afastou da cadeira deselegantemente passando por cima do braço dele, que continuava ajoelhado em frente a ela. Virou-se então para confrontá-lo, aproveitando que estava "mais alta" que ele por enquanto e podia olhar de cima para baixo.— Por que você se importa tanto com o que se passa entre mim e seu pai? Pelo que estou sabendo vocês dois não são muito próximos um do outro.
Ela o pegou desprevenido com aquela. Deu para perceber pela expressão no fundo dos olhos dele. Ficou até apreensiva e estremeceu ligeiramente ao ver 0 Jeito com que ele travou os músculos do maxilar.
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A Madrasta
Hayran KurguQuando uma noite leva à rendição total... Temari Sabaku estava sendo chantageada e forçada a casar. Mas antes teve uma noite de paixão com um homem que jamais veria novamente... Shikamaru Nara não está acostumado a ser rejeitado. Sua parceira, uma m...