Capítulo 05

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— Precisamos conversar.

Shikamaru não fazia idéia de como conseguiu manter a voz sob controle. A raiva que lhe queimava como gelo por dentro, fazendo sua voz soar fria como uma espada de gelo.
Tudo o que ele queria saber era que diabo estava acontecendo. Como era possível que aquela mulher com quem estivera em um quarto de hotel em Londres — a mulher que quisera um affair de uma noite só, sem trocar nomes nem números de telefone — fora parar em Helikos, na casa do pai, na piscina da casa do pai.
Ele seria capaz de pensar bem melhor se ela se cobrisse.

— Você não tem uma canga ou algo assim para se cobrir?
— Não estou com frio.
— Não estou pensando na sua temperatura!

Ele sabia que a estava encarando com ferocidade. O jeito que ela retribuiu o olhar e instintivamente recuou não deixava dúvidas. Mas ele foi literalmente golpeado por aquela visão na piscina, e ficar tão perto dela só piorava a situação.
Ele costumava pensar que as memórias que guardava daquela pele suave e daquele corpo desnudo já eram suficientemente excitantes — na verdade ele tentou até se convencer que tinha exagerado quanto ao sexappeal de Temari. Nenhuma mulher de verdade, humana, poderia ser tão atraente como ele lembrava dela. Mas o pior é que sua memória correspondia perfeitamente à verdade.
Na verdade, até menos. Pois sua memória não trazia o calor da presença física daquela mulher. E apesar de o maio que ela usava ser modesto em comparação aos biquínis mínimos que as mulheres usavam nas praias gregas, sua sensualidade sutil estava destruindo sua capacidade de pensar e acelerando seu coração. O tecido elástico contornava as curvas de seus seios e quadris, deixando à mostra o contorno dos ombros e a pele das pernas infinitamente longas. Só de pensar naquelas pernas cruza- • das sobre sua cintura, apertando forte ao se entregar aos espasmos do orgasmo, ele ficava tonto e impossibilitado de pensar direito.

— Nós vamos conseguir conversar racionalmente se você estiver vestida mais... mais respeitável mente.

A suave curva em sua boca assumiu uma expressão rebelde que não combinou com o fogo que acendeu nos olhos dela. Não era raiva, mas algo sei vagem e desafiador que foi de encontro ao olhar sombrio de Shikamaru, que chegou a sentir as fagulhas no ar geradas por aquela troca de olhares.

— E você acha que sua vestimenta é bem mais decorosa do a minha? — ela devolveu, inesperadamente incisiva.
— Está querendo dizer com isso que tem dificuldade em manter suas mãos longe de mim? — Shikamaru falou com desdém. — Você me desculpe por não acreditar em você, mas você desapareceu da minha cama naquela noite...
— Aquela noite foi um erro do qual me arrependo desde então.
— Não tanto quanto eu me arrependo, minha cara. Eu não sou de ficar com mulheres por uma só noite, e se soubesse que você ia desaparecer deste jeito pensaria mais do que duas vezes antes de embarcar nesta situação. E agora encontro você nadando na piscina da casa do meu pai...
— Eu jamais tentei lhe enganar. Eu disse exatamente...

A voz de Temari murchou abruptamente quando ela assimilou o que ele havia dito. Sentiu a cor desaparecer do rosto, e ficou branca como um fantasma.

— Seu pai...

Ela olhou para a piscina, olhou de volta para o rosto dele com os olhos arregalados de estupor.

— Você disse...?

Não podia ser verdade! Aquilo simplesmente não podia estar acontecendo. Começou a pedir a uma força superior que não fosse verdade, que aquilo fosse um sonho, pediu paia acordar daquele pesadelo...
Ele não pode ter dito que aquela era a piscina da casa de seu pai?  Porque se fosse assim, ele era filho de Shikaku. Filho do homem com quem ela tinha de se casar. Filho do homem que tinha o destino de sua família nas mãos.
Ela chegou até a se beliscar com força no braço, torcendo para acordar daquele horror. Mas é claro que nada aconteceu. Ela ainda estava lá, banhada pelo sol da Grécia, e o único som que ouvia era o ruído do vento na água da piscina.
E Nara estava ao seu lado, alto, moreno e parecendo totalmente ameaçador.

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