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Não conseguia tirar Noah da cabeça, fiquei sem reação quando Bailey me mostrou aquela foto, ele estava tão igual, mas tão diferente. Varias perguntas giravam em minha cabeça, será que ele está bem? Será que se arrependeu? Será que ainda pensa em mim? Será que voltou com a Zoe? Será que ele é feliz?
  Dei um jeito de ir embora o mais rápido possível, pra mim a noite já havia acabado ali, eu só queria ir para casa, deitar na minha cama e me render aos pensamentos que insistiam em aparecer.
  Assim que cheguei em casa subi as escadas e vi as luzes do quarto acesas.
  - Pai?
  - Oi filha! - Falou voltando sua atenção para mim, ele estava jogado na cama, seus fios loiros estavam uma bagunça completa.
  - A Betty não vai... Dormir aqui hoje? - Perguntei.
  Betty e papai se casaram dois anos depois da minha partida. Eu gostava dela, ela o fazia feliz.
  - Não filha, nós... Nós brigamos e ela vai passar essa noite na casa da irmã
  - Porque brigaram? - Perguntei com a testa franzida.
  Betty e papai brigaram? Essa é nova pra mim. Papai fez uma expressão triste, e foi aí que entendi.
  - A-ah! Meu Deus, você podia ter dito isso antes! Pai eu... Eu só preciso arrumar um apartamento pra alugar, o salário da residência no CHM é muito bom e...
- Fique tranquila, filha, leve o tempo que precisar - Falou escolhendo as palavras, ele estava muito nervoso
  - Tudo bem, pai, amanhã eu já começo a procurar um apartamento bom e com um preço que eu possa pagar - Falo tentando tranquiliza-lo
  - Ok, eu insisto em pagar o primeiro mês, já que, bem, estou quase te expulsando de casa! - Ele parece envergonhado
  - Não, não tudo bem, eu começo a trabalhar na segunda, o salário já entra na conta em pouco tempo
  Sorrimos sem graça um para o outro. Não consegui mais, o deixei sozinho indo para o quarto. Não era o que eu queria, não era mesmo. Queria morar na casa do meu pai até escolher um apartamento que realmente valesse a pena e depois de uma vida já estabilizada aqui em Miami, mas parece que não será possível, já tenho que me despedir do meu refúgio sem nem ter chegado direito.

  Passei a noite em claro, meus pensamentos alternavam entre a minha mudança de casa, o meu maior problema e o motivo a qual mais me fez chorar na vida. Meu maior problema teria que ser exposto por mim, senão seria exposto por si só. Apenas Heyoon sabia. Eu estava perdida, em outras palavras fodida.
  Ainda eram três da manhã, levantei da cama em um pulo, liguei as luzes e tirei rapidamente a parte de cima do meu pijama. Fiquei de lado para o espelho e tentei perceber alguma diferença, nada. Minha barriga continuava a mesma, nenhuma mudança, pouco inchaço, quase imperceptível.

  É, eu estou grávida.

  Descobri há pouquíssimo tempo, Heyoon surtou de felicidade e eu de desespero. Teria que contar ao meu pai, mas não sabia como. O pai? Diogo, um norte americano que fazia estágio na Alemanha. Um dos garotos que fiquei, namoramos por pouco tempo, ele sabe da criança e disse que não liga, contribuiria com a pensão mas que não faz questão de criar e muito menos de conhecê-la. Só me disse que esperava que fosse um menino, a única coisa que conseguiu levar com essa conversinha foi um belo tapa na cara.
  Logo logo todos perceberiam, meu corpo já havia mudado, não demoraria para a barriga aparecer. Como eu disse, estava fodida.

  Acordei e não quis saber de nada nem de ninguém. Só queria ir à praia e esquecer dos problemas. Coloquei o biquíni cortininha e me olhei no espelho, meu Deus, meu corpo estava realmente diferente, só a barriga que continuava a mesma, melhor aproveitar, daqui a pouco estaria uma bela bola.
  Amarrei uma canga das fitinhas coloridas do Bonfim que Any havia me trazido de lembrança de lembrança na cintura, peguei minha bolsa de praia, calcei meus chinelos, soltei o cabelo, escovei meus dentes e desci para os fundos. Quando abri a porta encarei a praia, inspirei a maresia e sorri. Uma nostalgia enorme tomou conta de mim, ignorei completamente e segui em frente.
  Sentei pouco antes da água, apertei a areia em minha mão e fechei os olhos. A nostalgia aumentou, foi aí que tudo voltou. Suspirei. Resolvi expulsar tudo da minha cabeça, eu só queria concentrar meus pensamentos nesse momento. Minha primeira vez na praia depois de seis anos.
  Estendi a canga na areia e me deitei sobre ela. Em pouco tempo comecei a sentir o suor escorrendo nos meus seios e no pescoço, sorri. Eu amava essa sensação, era meu corpo avisando que precisava entrar na água cristalina. Antes de qualquer coisa tirei fotos para registrar o momento.

I will come Back to You - noart concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora