V (Kacchan)

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- Merda.

Ele tinha fugido de mim, como fui idiota. Não consegui me segurar, eu estava bem atrás dele, mas a culpa disso tudo era dele, aquele desenho idiota que ele fez de mim naquele caderno de merda. Será que ele sentia o mesmo que eu? ArghClaro que ele não sente o mesmo que você, seu idiota, provavelmente ele gosta daquela menina da gravidade. Esquece o Deku, Kacchan! Pensa em explosões, fogo, prédios explodindo, bombas... Os olhos deles são tão verdes. Não dava, não dava para parar de pensar nele.

Quando parei de divagar sobre os olhos dele, percebi que já estava quase chegando em casa, meus pais não estavam em casa, ficar sozinho era tudo o que eu queria, precisava pensar sobre tudo. Fui pro meu quarto e me atirei na cama, fechei os olhos e a cena do Deku embaixo de mim veio clara como o dia, ele com certeza percebeu que eu tinha desviado o olhar para os lábios dele, de novo. Não me importo mais, a essa altura do campeonato eu já sabia que tinha alguma atração por ele, com certeza era física. Mas eu não sabia de ele sentia o mesmo. Inferno! Peguei meu celular e fiquei encarando o contato dele, travei, depois do que tinha conhecido, duvidava que ele fosse querer me encontrar tão cedo. Larguei o celular na cama e fui tomar banho.

Custei a dormir, a cena toda se repetia na minha cabeça, encostei nele, senti seu cheiro, as costas dele eram definidas, e que bunda... Levantei de supetão da cama. Por isso ele virou, por causa disso a gente caiu, por causa disso que ele fugiu.

- MERDA! - Gritei de raiva, eu fui muito descontrolado com Deku. - DROGA. - Não dava pra controlar, explodi uma, duas, três, quatro vezes. -BURRO BURRO BURRO. - Soquei a parede, eu estava com muita raiva, quase perdendo o controle. Explodi de novo. - IDIOTAAAAAA! - Mirei na cadeira da minha escrivaninha e liberei tudo, meu quarto se encheu de fumaça e o sistema anti incêndio foi ativado.

- KATSUKI, SEU MERDA, DE NOVO ISSO? - Ouvi minha mãe gritando do corredor. - VOU TER QUE TE COLOCAR NUMA MALDITA COLEIRA? VAI DORMIR!

- NÃO ENCHE, MERDA!

Eu estava puto comigo, depois desse ataque de raiva consegui dormir. Não sonhei. Acordei ainda com raiva, saí de casa sem tomar café, não encontrei Deku no caminho pra escola. Assim que entrei na sala o vi sentado encarando a mesa, lembrei de tudo do dia anterior e senti o rosto ficar quente.

- Bakugo... Você tá vermelho. - Não sei quem falou, meus olhos estavam vidrados no Deku.

- CALA A BOCA OU EU TE MATO. - A raiva ainda não tinha passado.

Caminhei calmamente até meu lugar, ele não olhou pra mim, continuava de cabeça baixa. Bufei de raiva e me sentei, iria ser um longo dia.

- Bakugo... - Ele me chamou. - A gente pode conversar na hora do almoço?

- Sim.

Ele queria conversar, fiquei nervoso só de pensar, não tinha pensado no que dizer, passei a noite toda descontando a raiva. A aula passou arrastada, eu podia sentir o olhar dele na minha nuca, aquilo estava me deixando tenso. E se ele resolvesse me encurralar com perguntas que eu não consigo responder para outra pessoa? Minhas mãos estavam cerradas, tive que me concentrar em manter o controle sobre minha individualidade. E se ele me correspondesse? Afinal, ele havia me desenhado e ficava vermelho toda vez que eu chegava perto, mas podia ser de raiva. Aumentei a concentração em me controlar.

O sinal tocou para o almoço, esperei todos saírem e relaxei, estava tão tenso que meu músculos aliviaram assim que liberei uma mini explosão.

- Se for explodir a sala, eu saio. - Ele ainda estava aqui. Achei que tinha saído junto com os outros.

Levantei e fiquei de frente para ele. Eu era um pouco maior e tive que abaixar um pouco a cabeça para olhá-lo, mas ele não olhava pra mim.

- O que você queria falar comigo? - Perguntei impaciente me xingando mentalmente, eu estava uma pilha de nervos.

- Bakugo - Ele não me chamou pelo apelido idiota, isso me afetou de algum jeito, foi como uma agulha atravessando meu peito. - Ontem... Ontem você agiu de uma maneira muito estranha. O que tá acontecendo com você? Parecia até que você gostou de mim.

Aquelas palavras fizeram meu sangue gelar, um suor frio começou a descer pelas minhas costas. Aquelas poucas palavras fizeram meu coração disparar e meu corpo travou, todos os meus músculos enrijeceram, ficou difícil até de respirar. Ele olhou pra cima e encontrou meu olhar, os lábios entreabertos, não resisti. Peguei levemente seu queixo com o indicador e o polegar, com a outra mão, peguei em sua cintura e o puxei devagar até mim. Me inclinei e nossos lábios se encontraram, a sensação foi de uma descarga elétrica passando por todo meu corpo, meu coração acelerou mais ainda, meu rosto ficou quente, tirei a mão da sua cintura e coloquei sobre sua nuca, puxei-o ainda mais na minha direção, beijando com mais força. Ele continuou parado, afastei nossos corpos e abri os olhos, ele continuava de olhos fechados, o rosto vermelho como um morango, toquei sua bochecha, desejei desesperadamente por tanto tempo fazer isso.

- Kacchan...

- Não precisa falar nada agora. - O abracei colocando minhas mãos ao redor do seu pescoço, ele me envolveu pela cintura, acariciei seus cabelo, eram tão macios, ficamos assim até o sinal do segundo período tocar, avisando que o almoço havia acabado e junto com ele, meu pequeno instante de paraíso.

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