Estava deitado na cama encarando o teto, pensando no que tinha acontecido mais cedo. Ele tinha me beijado e eu deixei, eu deixei... Eu nunca tinha beijado ninguém antes, não sabia se o que eu estava sentindo era por causa do meu primeiro beijo ou se era por que foi com ele. De qualquer forma, ainda sentia o contato da sua boca na minha, da sua mão na minha cintura, a carícia em meus cabelos. Peguei o travesseiro e coloquei no rosto suprimindo um sorriso bobo, meu coração batia forte no peito, meu corpo tremia eu queria mais, queria sentir seu toque de novo, seu abraço. Lembrei da sensação de abraçar ele, da firmeza do seu peito e da delicadeza do toque de seus braços ao redor do meu pescoço, como se ao menor sinal de força, eu fosse quebrar. Dormi e sonhei com nosso beijo.
Acordei com os raios de sol batendo no meu rosto, era sábado então não tinha aula, fiquei um pouco triste por não poder encontrar com ele. Demorei um pouco mais na cama lembrando de tudo, um meio sorriso surgiu em meu lábios, levantei e fui ao banheiro, tomei banho e escovei os dentes, desci pra tomar café.
- Bom dia, filho. Dormiu bem? - Perguntou minha mãe terminado de pôr a mesa.
- Bom dia, dormi sim.
Me servi, depois de terminar ajudei a arrumar a mesa e cozinha. Fui para o meu quarto e sentei em frente ao computador, coloquei o vídeo do All Might salvando as pessoas de um incêndio, estava quase desligando o computador quando o vídeo acabou, mas uma notificação de mensagem apareceu no canto inferior do monitor. Era do Kacchan.
Bakugo: Ei
Midorya: Oi
Bakugo está digitando...
Eu estava muito ansioso e nervoso, será que ele queria falar sobre ontem?
Bakugo: Vem aqui em casa, os coroas saíram.
- Meu deus... - Falei pra mim.
Midorya: Tô indo.
Ele morava duas ruas depois da minha, a cada passo que eu dava, mais meu coração acelerava. Não percebi que estava andando tão rápido, mas cheguei na casa dele em segundos. Parei no portão e hesitei em ir até a porta e bater, engoli em seco, mas eu ansiava pelo seu toque, era como um viciado que experimentou a melhor droga e agora quer mais. Fui relutante até a porta e bati, esperei alguns minutos, estava quase dando meia volta e indo embora quando escutei o barulho da trava da porta abrindo. Ele estava parado na porta só de short, seu tronco estava despido, fiquei hipnotizado.
- Vai entrar ou ficar me admirando aí? - A voz dele me trouxe de volta a realidade.
Entrei e a primeira visão da casa era da sala, tinha uma TV grande, um sofá branco, um tapete felpudo e uma mesinha de centro de vidro. Certamente bem diferente da casa que morava com minha mãe, a minha era mais simples, ele passou por mim e sumiu em um cômodo da casa, não sabia se o seguia ou se ficava ali perto da porta, tirei o sapato e resolvi ir atrás dele. Ele estava na cozinha mexendo na geladeira, pegou uma garrafa e colocou água num copo.
- Você quer?
- Umhum. - Pegou outro copo e encheu, sentou na mesa e me olhou.
- Vai ficar em pé? - Sentei de frente pra ele e dei um gole na minha água. Ele estava me encarando e acabei engasgando, ele levantou e me deu uns tapinhas nas costas. - Você tá legal? - Acenei com a cabeça em afirmação limpando as lágrimas dos olhos.
- Por que você me chamou aqui?
- Pra tirar uma dúvida. - Ele voltou pro lugar de antes e ficou encarando o copo com água pela metade. - Olha, não sei o que deu em mim ontem, mas você veio, então minha dúvida foi explicada.
- Que dúvida?
- Se você conseguiria olhar pra mim depois de tudo. - Ele levantou a cabeça e me olhou nos olhos, desviou o olhar pra baixo, eu já sabia pra onde era.
- Você precisa parar de olhar pra minha boca.
- Não dá. - Ele levantou e me puxou pra perto dele. - É meu ponto fraco. - E então ele me beijou, não foi como o beijo na escola que nós dois estávamos hesitantes e tensos, dessa vez foi mais cheio de vontade e mãos.
Kacchan percorria meu corpo com os dedos, fazendo trajetos invisíveis, da linha do meu maxilar até a clavícula, ele segurou a barra da minha camisa e passou o polegar na minha pele descoberta, senti arrepios por todo corpo. Finalmente me mexi e segurei seu pescoço com umas das mãos, acelerando mais o beijo. Ele se desvencilhou do meu aperto para respirar, mas minha súplica continuava, puxei ele de novo para mais um beijo, passei a mão por seu abdômen definido, ele soltou um gemido abafado. Quando dei por mim, estávamos em cima do balcão da cozinha, me separei rapidamente dele, estava envergonhado.
- O que foi, Deku? - Ele perguntou ofegante, ainda estava apoiada no balcão.
- Eu nunca fiz isso, ainda mais com um menino. - Dizer aquilo em voz alta pareceu estranho, mas era verdade.
- Eu também não. - A resposta dele me causou choque, ele parecia saber tanto. - Não com um menino. - Estava explicado.
- E como eu vou saber que eu não sou um experimento? - Virei pra olhar a reação dele, como esperado, ele não falou nada. - Viu? Você nem sabe responder. - Ele continuou calado.
Saí da casa dele com o coração doendo, eu me sentia um pedaço de lixo e não sabia por quê. Só percebi que estava chorando quando senti a gola da camisa ensopar, não podia ir pra casa daquele jeito, saquei o celular do bolso e liguei, demorou pra atender, mas assim que escutei o sinal de ligação conectada, falei depressa:
- Posso passar aí?
- Pode sim. - Não sabia se ela tinha notado o tom choroso na minha voz, mas Uraraka era uma boa amiga e talvez saberia me aconselhar.
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Merak: Amor Profundo
Fiksi PenggemarDepois do ataque dos vilões ao centro de treinamento USJ, Deku e Kacchan são obrigados a trabalharem juntos fazendo rondas pela escola, e dessa aproximação, os dois vão descobrir um sentimento novo, nunca explorado por nenhum dos dois.