Capítulo 21.

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Dilan.

Logo a melodia calma começou a ser escutada. Fitei a menina que concentrava sua atenção no rádio, procurando por uma boa música. Eu ainda não acredito em tudo que aconteceu.

Lory também me ama. Isso parece um sonho, não?

A letra de talking to the moon encheu meus ouvidos, me fazendo rir. Aquela letra simplesmente representava tudo que senti por todos esses anos, tudo que vivi sem ela.

Lory sorriu com o resultado. Nossos olhos se encontraram pelo parabrisa, fazendo meu coração pular. O capô de meu carro, onde eu estava sentado, ficava mais frio, mas aquela noite estava morna, morna com todos sentimentos que brincavam em meu coração.

Encarei a menina que se aproximava com cuidado, me perguntando como era possível que ela me tivesse em suas mãos

— É melhor você sair daí. Ficar no capô, na beirada de uma colina, pode não ser uma boa idéia. – Avisou se sentando na grama. Ela bateu no lugar vazio ao seu lado com um pequeno sorriso nos lábios. Com o coração descontrolado, desci com cuidado do capô e me sentei ao seu lado.

A grama áspera tocou minha pele, e logo memórias nostálgicas daquela noite invadiram minha mente. De Stephan cantarolando uma música da Lady GaGa, de ele gritando para as estrelas que não tinha medo de morrer, de seu sorriso de ponta a ponta, de como seus olhos se fechavam quando ele sorria. Encarei as estrelas acima de mim, lembrando-me de quando fazia isso com ele.

Como as coisas são doidas, quando eu as via com ele, pensava em ver Lory, e agora, vendo as mesmas com mestra, eu só penso em seu corpo, que não deve ser mais corpo, no caixão, debaixo da terra.

— Din – A voz suave de Lory me fez encará-la. Ela me olhou com os olhos castanhos, uma expressão preocupada. — O que foi? – Indagou, me fazendo limpar uma lágrima solitária rapidamente.

Fiquei em silêncio, o ar ficou preso em minha garganta, minha garganta que queimava e doía. As estrelas agora eram um borrão, eu estava fazendo de tudo para não deixar aquelas lágrimas caírem, mas parecia impossível.

— Dilan, olha para mim. – Ordenou com a voz firme. Fiz o que foi pedido, e quando nossos olhos se encontraram, eu desmoronei. Um solução discreto começou a escapar de meus lábios, enquanto mais lágrimas inundavam meus olhos.

Mestra se desconcertou. Continuei fitando seus olhos, chorando cada vez mais. Rapidamente, junto ao vento forte daquela madrugada, Lory sentou em meu colo e me abraçou com força. Seu corpo ao redor do meu parecia um escudo protetor, me protegendo do que estava lá fora, mas não de mim, não de meus pensamentos, não das memórias doloridas.

Seu ombro quente foi molhado pelas coisas que eu não conseguia guardar dentro de mim. Ela não falou nada, e isso é uma das coisas que mais amo nela. Mestra sabe como me consolar sem dizer uma palavra.

— Durante a merda desses quatros anos, eu estive sozinho – Comecei, quase sem voz. Em um sussurro cheio de coisas só para ela. — Eu sempre estive com muitas pessoas ao meu redor, mas ninguém estava de verdade lá para mim. – Falei contra sua pele morna, sentindo seu cheiro suave me encher. Minhas mãos, em sua costas, seguraram o tecido fino de sua camisa com força. — Ficar sozinho não é ruim, se sentir solitário é o que destrói. – A culpa começou a se formar no topo de meu estômago. Eu demorei seis meses para deixar que ela soubesse que voltei por causa disso, eu não queria preocupá-la com meus problemas.

Eu me sentia fraco de novo, como se eu fosse novamente aquele menininho de doze anos que chorava porque seu pai tinha sido morto.

Suas mãos tocaram meus ombros, afastando meu corpo do seu. Seus olhos brilhantes fisgaram os meus. Atrás de mestra, as estrelas nos olhavam, com sua pacífica e prateada luz. Os cabelos de Lory ficavam quase pretos por causa do breu daquele lugar silêncio.

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