9.herdeiro

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… uvindo? … tá me ouvindo? Chanyeol! 

— O que foi?! 

— Estou te chamando faz dez minutos e você não escuta. — Kyungsoo tinha o cenho franzido, mas Chanyeol somente revirou os olhos e voltou sua atenção para além da janela.

Fazia dois dias que Baekhyun não aparecia na escola e, não queria admitir, mas estava sentindo algo como saudades. 

Era estranho não sentir o olhar do ômega sobre si, e mais ainda não vê-lo de longe durante o almoço. 

— Aconteceu alguma coisa? Você anda tão estranho ultimamente. — Kyungsoo encarava o outro alfa com desconfiança. Certo que não eram melhores amigos, ou coisa assim, mas o Do era o mais próximo dele e vice versa. 

— Não é nada. — Era a mesma resposta em todas as vezes que Kyungsoo questionava. Chanyeol não tinha porque se sentir como estava se sentindo, e também não estava muito afim de descobrir, muito menos externar aquilo em palavras. 

— Se você diz… — fingiu acreditar. — Ei, o que acha de irmos no fliperama hoje? Meu pai é dono de um, então podemos jogar de graça — sorriu. 

Chanyeol não estava com muita vontade de fazer qualquer coisa que demandasse energia, tamanho seu desânimo, mas não tinha nada mais interessante para fazer depois da aula.

— Pode ser.

Kyungsoo era a típica pessoa que, ao olhar pela primeira vez, parecia calada e reclusa, entretanto assim que se sentia confortável, virava outra pessoa. E ali, nas ruas da cidade, apenas Chanyeol e ele, não parava um segundo de comentar sobre toda e qualquer coisa.

Chanyeol de início não prestava muita atenção no que o alfa dizia, mas assim que adentraram o tal fliperama, muitas perguntas surgiram em sua mente.

O local não era um fliperama, mas sim um cassino. 

— Kyungsoo — cortou o garoto que comentava sobre uma série que havia começado a assistir. O alfa o encarou com os olhos atentos.

— O que foi? — perguntou visivelmente confuso sobre o assunto antes de dar mais passos para dentro do lugar. Chanyeol tinha o cenho franzido.

— Tem certeza que esse é o lugar certo? — questionou um tanto quanto incomodado quando viu as mulheres com roupas curtas demais entrarem ali. — Isso não é um fliperama  — constatou o óbvio.

— Pode até não ser, mas tem máquinas de jogos lá dentro… e a gente pode apostar, se você quiser. — A forma como o outro alfa fazia tudo parecer tão simples e fácil que quase esqueceu que estavam falando sobre jogos que valiam dinheiro de verdade e que, uma vez devendo, agiotas infernizariam sua vida até o fim da dívida. 

— Vá em frente, mas não conte comigo. — Foi tudo o que o alfa maior disse antes de dar meia volta e caminhar sentido estação.
 
Entretanto Kyungsoo não deixaria a oportunidade de passar um tempo com o novo amigo escapar assim, por isso correu até ele.

— Chanyeol, espera! — disse ao agarrar a blusa do loiro. O Park apenas encarou feio a mão que segurava seu suéter, o que fez o menor soltar no mesmo instante e sorrir sem jeito. — A gente pode ir pra outro lugar… Tem um restaurante que meu pai sempre me levava quando mais novo, é aqui pertinho. — Mas Chanyeol não parecia muito entusiasmado. — Por minha conta! — garantiu, ganhando um suspiro e um dar de ombros alheio.

Foram caminhando lado a lado, e a cada passo que davam, mais perigoso os arredores pareciam ficar. Até que enfim chegaram no tal lugar, e mais parecia um ponto yakuza que qualquer outra coisa.

O instinto de Chanyeol gritava que ele precisava sair dali, mas ao ver o outro alfa tão tranquilo, imaginou se não era coisa de sua cabeça. Deveria estar se preocupando atoa. 

Ao passarem pelas portas viu que Kyungsoo realmente falava sério. Apesar de só ter caras mal encarados e aparentemente perigosos por todos os lados, absolutamente todos cumprimentaram o pequeno alfa quando colocavam seus olhos nele.

— Oh, Do Kyungsoo, sentiu falta do tempero dos Huang? — um homem mais velho cumprimentou amigavelmente, arrancando uma risada do menor. 

— Uhum Tao, trouxe um amigo também — apontou para o alfa maior que foi encarado como se pudessem ler sua alma. Aquilo era muito diferente das brigas de rua que acabava se envolvendo. Aqueles olhos carregavam um peso que Chanyeol nunca viu em nenhum dos caras com quem trocava socos. — Foi ele que me salvou de levar uma surra. — E aquelas foram as palavras mágicas para que o olhar ameaçador se tornasse em um realmente amigável.

 — Ah, é mesmo? Obrigado, garoto, por cuidar do nosso herdeiro — direcionou ao Park, que assentiu mesmo sem entender direito. — Se ajeitem aí, logo trago. — E saiu sem mais delongas.

Os dois se acomodaram numa das poucas mesas vazias, e o Do percebeu a forma esquisita como Chanyeol o encarava. Como se um chifre fosse saltar de sua testa a qualquer instante.

— O que foi? 

— Que história é essa de herdeiro? — os olhos do pequeno alfa se arregalaram, e ele deu um sorrisinho um tanto quanto sem graça.

— É como me chamam por ser filho do chefe da Família… — disse um tanto acanhado. Era estranho falar sobre aquilo.

Família? Tipo yakuza? 

— Exatamente. — Kyungsoo ainda tentou agir como se não fosse nada demais, e para si realmente não era grande coisa, mas sabia que para qualquer um de fora aquilo era algo muito estranho.

Chanyeol então ficou em silêncio, não falando nada nem mesmo quando a comida chegou ou quando foram embora. Agora muitas coisas faziam sentido em sua cabeça, mesmo que fosse esquisito imaginar que dali alguns anos Kyungsoo seria o novo chefe de todos aqueles homens. Um mafioso.

Estavam caminhando lado a lado, o céu já começando a ganhar a cor alaranjada, quando o olhar do alfa maior foi de encontro ao do ômega a poucos passos de si. Franziu o cenho.

O que Baekhyun estava fazendo ali? E pior, quem era aquele garoto bonito ao lado dele?

— Chanyeol...? — o cenho do ômega também estava franzido. 

— Baekhyun, o que faz aqui? — quis saber, um gosto amargo se fazendo sentir na boca.

— Eu… — o ômega balbuciou, desviando o olhar.

— Baekkie, quem é esse? — o garoto desconhecido perguntou, e só naquele momento Chanyeol percebeu que os dois estavam de mãos dadas.

— Sou Park Chanyeol — respondeu diretamente, a irritação tomando conta de si por completo de repente. O garoto sorriu, estendendo-lhe a mão livre.

— Olá, Chanyeol, sou Kim Jongin, namorado do Baekkie.

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