8.novato

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Chanyeol estava deitado debaixo da cerejeira que havia no gramado da escola. Ele estava matando aula, mas de onde Baekhyun estava conseguia vê-lo perfeitamente.

Somente dessa forma o ômega tinha chance de admirar o alfa: de longe. 

Fazia quase uma semana que não trocava uma palavra sequer com Chanyeol, e seu peito doía só em lembrar disso.

Se pudesse, arrancaria todo o sentimento e desejo de seu coração. Seria mais fácil se deixasse de ver o alfa com aqueles malditos olhos apaixonados.

Suspirou, só então percebendo a sala aos murmúrios. Focou sua atenção na conversa das meninas ao seu lado quando ouviu o nome de Chanyeol ser citado.

—…é isso mesmo. Eu ouvi que o garoto transferido veio da escola mais cara de Seoul e que sua família tem relação com a máfia. Deve ser por isso que ele e o Park-yankee estavam conversando mais cedo… — uma das meninas dizia, mal imaginando que aquela notícia desestabilizou Baekhyun por completo.

— E você acha que os dois estão saindo? O novato é um alfa, não?

— Sim, foi o que disseram. Talvez eles estejam — disse e aquilo foi o suficiente para o ômega, que levantou de sua cadeira num rompante, chegando a assustar as garotas e chamar a atenção dos demais alunos.

O Byun saiu a passos rápidos, deixando muitos confusos pelo motivo daquele comportamento repentino. Entretanto o ômega pouco se importou. Precisava de ar, caso contrário, enlouqueceria.

Porém, como um feitiço, seu pensamento ia diretamente nas palavras que havia escutado na sala de aula. 

Chanyeol estaria mesmo saindo com outro alfa? Só a possibilidade disso ser realidade atormentava o pobre coração de Baekhyun, que quis chorar. 

Caminhou sem rumo, parando apenas quando ouviu o timbre da voz que tanto amava.

— Do, já disse que não. 

— Por favor, Chanyeol. Juro que se você quiser ir embora eu não vou te impedir, mas quero muito te apresentar pro meu pai. Eu falei tanto de você pra ele…

O que significava aquilo? Eles já estavam na fase de conhecer as famílias um do outro? 

Baekhyun acabou por engolir em seco e correr para longe dali o mais depressa possível. 

Estava com o coração partido. E doía como o inferno. 

Chanyeol achou ter sentido um aroma conhecido, entretanto, quando se virou não encontrou ninguém. Kyungsoo ainda tentava o convencer a ir até sua casa, mas o Park não estava com ânimo para aturar pessoas desconhecidas. 

— Ele quer te recompensar por ter me salvado. — Kyungsoo era insistente, para o pesadelo do outro alfa. 

— Você diz isso como se eu fosse um mercenário. Não me interessa recompensa alguma, já disse. 

O alfa menor suspirou. Pelo visto não teria jeito, Chanyeol era bom demais, a ponto de recusar qualquer gratificação da parte de sua família. 

— Mas-

— Kyungsoo — aumentou o tom, deixando o timbre ainda mais grave e paralisando o Do instantaneamente. 

— Tá bom… — se o alfa tivesse um rabo, naquele momento estaria entre suas pernas. — Eu posso, pelo menos, andar com você? É meu primeiro dia e eu não conheço ninguém. 

Chanyeol suspirou. 

Kyungsoo, de alguma forma, havia descoberto onde o alfa que lhe salvou estudava, pedindo para ser transferido na mesma hora. Como seu pai tinha grande influência, não foi difícil conseguir tudo do dia para a noite, ainda mais sendo um pedido de seu herdeiro. 

Mas, isso não era tudo. Quando Kyungsoo contou o que havia lhe acontecido, o senhor Do insistiu para que ele trouxesse Chanyeol até sua presença, servindo de mais um incentivo para que o desejo do filho, sobre mudar de escola, fosse atendido. 

Entretanto Chanyeol não queria saber de nada disso, muito menos de ser seguido para cima e para baixo. 

— Não gosto disso. Prefiro ficar sozinho. 

— Por favor…

— Tsc — estalou a língua, visivelmente incomodado. Mas aquilo não atingia Kyungsoo de maneira alguma, pelo contrário, ele parecia saber que estava incomodando e fazia mesmo assim. — Tá. Mas só até você fazer algum amigo. 

O sorriso de Kyungsoo foi grande e, para a desgraça de Chanyeol, ele não parecia disposto a se enturmar tão cedo com os demais alunos. 

Pensando que seria a melhor opção, Chanyeol decidiu finalmente ir para a sala. E como Kyungsoo era novo, o professor o apresentou para todos. O Do sorriu, se curvando polidamente antes de se dizer algumas palavras por si mesmo. 

— Sou Do Kyungsoo, é um prazer conhecê-los. Conto com vocês à partir de hoje. — mais uma reverência antes dos cochichos começarem e ele se dirigir até a carteira atrás da de Chanyeol. 

Kyungsoo sorria amigável para o outro alfa. Chanyeol vagou os olhos para o redor da sala, buscando o dono do cheiro que achou sentir mais cedo, entretanto sua carteira estava vazia. 

Quase sorriu ao se lembrar da comida feita pelo ômega, e de como ele pareceu feliz quando elogiou seus dotes culinários. 

O alfa ainda olhava na direção da carteira do menor quando viu a representante de turma ir até lá e recolher os materiais do ômega. Soojung era uma alfa séria e inteligente. 

— Aconteceu alguma coisa? — uma ômega perguntou, talvez preocupada pela integridade do Byun, uma vez que na idade em que estavam era justamente quando o cio costumava se manifestar pela primeira vez. 

— Ele não está se sentindo bem, então seus pais vieram buscá-lo — respondeu quando já tinha tudo guardado na bolsa azul marinho.

Chanyeol quis perguntar se o ômega estava doente, mas não o fez. 

Talvez se ele tivesse ido até a enfermaria saberia que, na verdade, a dor de cabeça e os olhos inchados não eram resultado de uma gripe, e sim de um choro angustiante numa das cabines do banheiro para ômegas.

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