25.luto

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Chanyeol suspirou.

Estava cansado, mas quando girou a maçaneta do pequeno apartamento onde morava com a mãe e notou a porta destrancada, soube que seu dia não havia acabado ali.

Entrou dentro de casa e o cheiro de cigarro e álcool continuava impregnado no lugar, mesmo tendo limpado cada pequeno cômodo no mesmo dia antes de sair para trabalhar. Era um serviço que não valia a pena, pois tudo voltava a ser uma bagunça assim que virava as costas.

Olhou ao redor e a encontrou debruçada na mesa, uma latinha de cerveja em sua mão enquanto outras iguais estavam pela superfície. O alfa respirou fundo, aquilo exigiria mais energia do que ele possuía no momento, porque sempre que encontrava a mãe em casa, era somente para uma coisa.

Percebendo a movimentação, a mulher ergue a cabeça de forma desajeitada. Estava tão bêbada que mal conseguia enxergar o filho parado em sua frente.

— Chanyeol... — murmurou e o Park mais novo bagunçou os fios escuros. — Preciso de dinheiro. Hoje — disse, a fala enrolando da maneira mais patética que a cena lhe permitia.

— Não tenho dinheiro pra você, mãe.

Mas a mulher não parecia que desistiria assim tão fácil.

— Claro que tem! Você acha que eu sou idiota?! Eu vejo você escondendo dinheiro de mim! Eu sou sua mãe, seu moleque... — Com um tapa na mesa, as latinhas vazias caíram para o chão e o alfa sentiu a raiva de ter uma mãe alcoólatra crescendo dentro de si.

— Disse bem, MEU dinheiro! Não vou dar um centavo pra você gastar em bebida, já basta tudo o que você gasta desse dinheiro sujo que você ganh-

Um tapa. Então os olhos da alfa fervilhavam vermelhos. Ela sabia ser violenta quando queria, mesmo que a pessoa em questão fosse o próprio filho.

Nada mais foi dito, e Chanyeol apenas retirou as notas recebidas pelo dia de trabalho e jogou na mesa, sumindo para o próprio quarto e se trancando ali. Foi quando se permitiu chorar. Baixo. Sem emitir nenhum som, apenas as lágrimas caindo uma após a outra.

Depois que seu pai falecera, a mãe se tornou apenas uma sombra do que um dia havia sido. Mal parava em casa, e quando estava, as conversas com ela sempre terminavam de forma parecida.

Era um porre, e Chanyeol já estava cansado. Tudo o que queria era se formar logo e ser livre para morar longe dali.

O alfa acabou passando os olhos no quadro que tinha em cima de sua mesa de cabeceira. Uma foto sua com seu pai. O ômega partiu tão cedo, que as memórias que tinha dele em vida já perdiam a forma em sua mente. A única coisa que não mudava era a saudade.

Agora, seus dias tendo uma família feliz eram apenas uma lembrança distante.

Chanyeol não percebeu quando dormiu, mas acabou sonhando com Baekhyun. De certa forma o ômega acalmava seu coração conturbado mesmo que em pensamento.



Estava tão no automático que só se deu conta que estava na escola quando aqueles olhos que ele amava tanto entraram em seu campo de visão. Já era hora do intervalo e estavam no terraço como sempre.

— Tá tudo bem? — O ômega pergunta e seu semblante parece realmente preocupado. Chanyeol sorri forçado e assente.

— Tá sim, não precisa se preocupar.

Mas Baekhyun estava preocupado mesmo assim.

Chanyeol estava cansado, não havia dormido bem e ainda tinha um dia todo pela frente, era desanimador em muitos níveis. Tudo o que queria era ter uma casa que pudesse chamar de lar e estar feliz em voltar após um dia cheio, mas não tinha essa sorte.

yankee boy 🌸 chanbaek 🌸 aboOnde histórias criam vida. Descubra agora