15.filho da máfia

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Alguns dias haviam se passado e Jongin estava evitando Kyungsoo na mesma proporção que o buscava com o olhar. Era estranho, ao mesmo tempo em que queria estar longe, sentia uma vontade absurda de se aproximar do alfa.

O Kim tinha aquela impressão de que o conhecia de algum lugar, mas não se lembrava de onde e aquilo o irritava profundamente. Até reclamaria com Baekhyun, mas o amigo estava em uma espécie de licença por conta do cio.

Jongin decidiu que o melhor que fazia era ignorar aquele comichão e esvaziar a mente que insistia em lembrar do toque de Kyungsoo.

Já o alfa não estava exatamente muito diferente. A única coisa que tinha em vantagem era Chanyeol ao seu lado - mesmo que ele estivesse visivelmente desanimado.

- Chanyeol, vai continuar suspirando como se alguém tivesse morrido? - perguntou na hora do intervalo. O alfa não parecia disposto a sair dali, e Kyungsoo também não fez nenhum esforço para deixar a sala de aula; coincidentemente, Jongin também estava lá. - Você nem tocou na comida.

- Você pode, por favor, me deixar em paz? - disse repleto de desânimo. Nem Chanyeol entendia porque estava tão frustrado.

Kyungsoo arqueou a sobrancelha, revirando os olhos quando o outro alfa se esparramou na carteira. O Park nem parecia mais o delinquente que era.

- Isso tudo é saudades? - provocou, e Chanyeol se ergueu com o cenho franzido.

- Do quê?

- Do Baekhyun, é claro. - Chanyeol até sentiu um arrepio ao ouvir o nome do ômega, acabando por desviar o olhar. Kyungsoo riu. - Você é muito óbvio.

- Ah, cala a boca - grunhiu, se levantando irritado e saindo da sala. Kyungsoo apenas deu de ombros e pegou o pão de pudim que o outro havia deixado para trás.

O alfa sentiu-se observado, não se surpreendendo quando olhou e viu se tratar de Jongin - que desviou na velocidade da luz. Kyungsoo deu de ombros, dando uma mordida no lanche. Estava com fome, e cansado só de pensar que teria mais aula quando chegasse em casa.

Por ser o herdeiro de uma das Famílias mais importantes da Yakuza, o Do precisava começar desde cedo a aprender como administrar e cuidar de todos os membros, além de saber lidar com as situações adversas que poderiam surgir eventualmente.

Era um saco, e Kyungsoo daria tudo para escapar daquilo.


Quando o sinal tocou indicando o fim do dia de aula, Jongin jogou as coisas dentro da bolsa e saiu depressa, ignorando todas as garotas e garotos ômegas que tentavam puxar assunto consigo. Desde que chegou era obrigado a lidar com isso, uma vez que escondia sua verdadeira classe como um segredo sujo.

A verdade é que Jongin não era um alfa. O Kim era o ômega mais novo de sua família, e odiava ser tratado como se a qualquer toque fosse quebrar. Jongin odiava ser um ômega. Por isso disfarçava seu cheiro com essência de alfa, e agia e se portava como se fosse um.

Ele e Baekhyun eram amigos de infância, e o outro era o único na escola que sabia a verdade. Quando o ômega lhe contou estar apaixonado por um alfa delinquente, Jongin decidiu ajudá-lo, prometendo causar ciúmes incentivando Chanyeol a descobrir seus sentimentos pelo Byun. Certo que as coisas saíram um pouco do controle, e Jongin agiu errado em descontar sua frustração no que deveria ser uma ajuda a um amigo.

O falso alfa jamais seria um de verdade, e ele precisava aceitar isso o mais depressa possível.

Quando o Kim chegou em casa, ignorou as perguntas de sua mãe e se enfiou no quarto, trancando a porta na intenção de não ser incomodado. Estava com a cabeça cheia e seus pensamentos acabavam no maldito alfa baixinho todas as vezes. Odiava Kyungsoo, mesmo com o sentimento de familiaridade.

Decidiu ligar para Baekhyun, se surpreendendo ao ser atendido.

- Baek? Não achei que fosse atender.

- Atendi porque estou acordado, o que é raro por esses dias - ele murmurou. - O cio é um pesadelo, Nini... - Jongin acabou rindo.

- Você diz isso porque não tem um alfa pra te ajudar. - Baekhyun ficou mudo do outro lado, e o Kim sabia que ele tinha as bochechas vermelhas. O amigo era muito fácil de ler. - Mas me diz, quando você volta?

- Não sei... Talvez na segunda. - A voz do ômega estava arrastada, e Jongin ouviu o bocejo que ele deu. Baekhyun também choramingou. - Vai vir de novo, Nini... Vou ter que desligar - disse, e o Kim assentiu mesmo que o outro não pudesse ver.

- Espero que passe logo, Baekkie. Até depois.

E com o fim da ligação, Jongin se esparramou pela cama, suspirando pesado e disposto a tirar um cochilo antes de ter de descer e lidar com todos seus três irmãos alfas mais velhos.


Kyungsoo tinha os olhos arregalados e o coração batia depressa dentro do peito.

O alfa estava em casa, no escritório do pai junto do outro pai ômega - este lhe olhava como se passasse algum conforto, coisa que não estava adiantando em nada.

- Como... - gaguejou. - Como vocês tiveram coragem de fazer uma coisa dessas?! - Seu tom subia gradativamente, e ele ganhou um olhar severo do alfa mais velho. - Vocês não podiam! - bradou, já de pé. Seu pai alfa bateu com a palma na mesa, querendo acabar com aquela cena.

- Basta, Kyungsoo - exigiu, o filho retorquiu o rosto numa expressão desgostosa. O pai suspirou. - Foi por um bem maior. Um acordo de paz entre facções que só seria possível dessa forma. Além de ser algo comum no nosso meio, ou você se esquece que pertence à uma família de Yakuzas? - As palavras do mais velho eram duras, e o único ômega presente sentia seu coração apertar. - Está mais que na hora de entender sua posição como futuro líder e seguir as tradições.

O mais novo fechou as mãos em punhos.

- Isso é tão antiquado, é quase como... como se vocês tivessem me vendido! - olhou para seu pai alfa com os olhos repletos de fúria. - Eu esperava isso de você, - olhou para o pai ômega com decepção. - mas de você...

O coração do ômega se partiu em mil pedaços, e os olhos se encheram de lágrimas.

- Já chega! - O alfa mais velho se levantou, usando sua voz de comando.

- Odeio vocês!

E correu para longe dali com lágrimas nos olhos. Afinal, tinha apenas 16 anos. Era muito novo para se casar, ainda por cima com um completo estranho.

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