Capítulo 4

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Mas então outra visão surgiu. Novamente aquela sensação de estar a ver um filme transmitido dentro da sua cabeça. Ela sorriu feliz pra si mesma, aliviada, quando percebeu que a visão não era dela mesma cortada ao meio pela ursa na sua frente.

Pelo contrário. Ela estava a sorrir de felicidade num local totalmente diferente. Parecia uma floresta também, mas era noite e a vegetação era totalmente diferente. Antes que ela pudesse analisar melhor o local ele apareceu.

Um jovem loiro a abraçava pela cintura, ele também sorria e a intimidade entre eles era inesperada porque Alice nunca o tinha visto antes.

E ele também era assustador. Seus braços, pescoço e queixo eram marcados por várias cicatrizes de mordidas. Alice sentiu o peito se sobressaltar de medo e teve de lembrar a si mesma que era apenas uma imagem. Mas esses sentimentos duraram apenas um momento inicial porque ela percebeu como os dois eram íntimos. Eles dois estavam abraçados no alto de uma árvore, se equilibrando sobre um galho muito grosso, e ela viu que aquele homem a segurava pela cintura, numa atitude protetora, claramente impedindo que ela fosse embora. Antes que ela chegasse a outras conclusões um diálogo começou:

- Meu amor, por favor, eu já volto. – ela viu a Alice da visão suplicar ao homem e o choque a fez parar de respirar de novo. Ela se referiu a ele por "amor"?

- Alice... Porque vais sair daqui agora? O sol já vai nascer e eu queria assistir contigo, lembras-te? – ele parecia o rapaz mais carinhoso e gentil do mundo enquanto dizia isso e acariciava o rosto dela. Isso era muito estranho considerando o quanto ele era assustador.

- Eu estou com sede e senti o cheiro daquele coelho lá embaixo, achei que estivesses distraído...

- Ah, não, Alice, por favor, nunca mais faça isso! Nunca mais saias do meu lado sem me avisares. – a voz dele tinha um tom de súplica e ele se aproximou mais da Alice da visão. Agora uma mão segurava sua nuca e a outra a puxava pela cintura. Ela sorriu feliz com a aproximação e a Alice que assistia permaneceu confusa. Se um homem desses aparecesse na frente dela agora e a segurasse desse jeito, ela iria gritar e correr, mas a sua versão da visão, pelo contrário, parecia muito à vontade. – Eu pego aquele coelho para ti. Qualquer coisa para ti, Alice.

A versão da visão sorriu feliz e satisfeita.

- Esqueci-me que estava com um gentil cavalheiro. Perdão. – E ela sorriu zombeteiramente pra ele. A felicidade era claramente visível.

- Tu és a minha vida agora, querida. Tu és o meu destino, a minha felicidade. Um coelho é muito pouco perto de todas as coisas que eu quero e vou fazer por ti...

- Tu também és o meu destino, o meu amor – Alice respondeu apaixonada, os olhos vermelhos brilhavam pelo sentimento.

E depois disso os dois na visão beijaram-se apaixonadamente. O sol nasceu atrás deles fazendo da cena algo tão lindo que Alice imaginou ser o tipo de coisa que só se vê normalmente em cinemas, num belo filme de cinema mudo.

"Não, nem no cinema aquilo seria tão belo" pensou Alice, maravilhada.

Mas se aquilo era um vislumbre do futuro, então aquela ursa gigante que ainda avançava pra cima da Alice não era o seu fim, então?

A visão durou apenas um quarto de segundo. Alice rapidamente retomou os olhos para a órbita normal e pode ver o urso ainda avançar pra si.

Só que agora o futuro dela era outro. Ela curvou-se e deixou que os instintos a dominassem. Um grunhido escapou pelos lados dos seus lábios, e ela percebeu quando a ursa chegou que ela não era nada comparada a sua própria força. Ela agora era um animal, forte, rápida e mortal. Em questão de segundos ela encontrou a jugular do urso e rasgou seu pescoço com os dentes.

E então ela entendeu. Era sede de sangue que ela sentia.

Foi quase um alívio, e se não fosse tão perturbador e desconcertante descobrir que seu corpo tremia de desejo por sangue, ela podia ter sorrido de alivio. Mas era estranho.

Isso tinha um nome. Pessoas que bebiam sangue.

Vampiros.

Era possível que ela fosse uma vampira?

Bom, ela brilhava no sol, seus olhos eram vermelhos e ela estava deliciada com o gosto de sangue de urso na boca. Sua língua sugando com vontade, quase como se ela pudesse morrer se não sugasse todo aquele sangue com toda a sua força. Além disso, havia a super velocidade, a super força. E ele. O Homem misterioso que se propôs caçar um coelho pra ela.

Ela quase parou de beber, quase, quando percebeu uma coisa. Ele também devia ser um vampiro. Seria ele um namorado que ela iria arranjar no futuro? Talvez, mas palavras eram muito fortes para apenas um namorado, não?

Aquela ursa enorme acabou muito rápido. Alice esperava muito mais sangue dela, mas ela secou e nada mais saia das suas veias. Ela considerou comer a carne mas o pensamento trouxe-lhe apenas repulsa.

Alice odiou-se profundamente, mas o cheiro dos filhotes dela chegou às suas narinas. Era irresistível, tal como o sangue da ursa foi quando ela o sentiu pela primeira vez. Agora que ela sabia o que procurar era impossível não sentir o aroma daqueles ursinhos, não sentir a pressão sanguínea levando aquele sabor pelo corpo minúsculo deles. Ela não tinha opção. Drenou até a última gota os filhotes também. Apaziguou-se pensando que, sem a mãe, eles morreriam de fome ou pelas garras de outro predador muito em breve...

Afastou-se dos corpos dos animais drenados e pensou sobre a sua condição actual. Entendeu que ainda tinha seu dom de visões, mas eram muito mais claras. Entendeu também que precisava de sangue.

O sangue humano era mais apelativo que o dos animais e ela começou a alimentar-se de humanos logo depois de descobrir tudo. Era fácil ver o futuro de um humano indefeso que se aventuraria sozinho nas florestas por onde ela andava.

Mas ainda havia o grande mistério era aquele homem da visão. Alice descobriu que cada vez que pensava naquela visão de novo, o seu sentimento por ele se intensificava. As palavras dele era tão doces quanto o seu sorriso e logo ela já podia sentir um grande sorriso se espalhar pelo seu rosto cada vez que ela via aquela cena de novo na sua cabeça.

Obviamente eles teriam alguma coisa. Em algum ponto da história de Alice eles se iriam cruzar. Mas o problema era quando.

Não podia ter como base o seu aspecto na visão porque era um facto conhecido que os vampiros não envelheciam.

Na sua visão com o homem – ou seria um vampiro? Não, era um vampiro com certeza, um homem não seria bonito e brilhante como ele – no alto de uma árvore, ela havia percebido que seu rosto era idêntico ao que ela tinha agora portanto confirmava a crença.... ou então eles se iriam encontrar num futuro muito próximo!

Era triste, mas o mais provável era que nunca mais envelheceria e assim ela não tinha previsão nenhuma de quando ele chegaria à sua vida...

A Segunda Chance de Alice e Jasper - terminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora