Capítulo 3

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Alice acordou atordoada no meio de um denso jardim. Ela não tinha noção de onde estava nem como tinha ali chegado. Tudo o que ela sabia era o que ela sentia: o cheiro das plantas em seu redor, o barulho da água em algum lugar ali perto. Sabia ser tarde da noite porque a lua estava alta no céu. Ela tentou lembrar-se como podia ter chegado ali e durante quanto tempo esteve inconsciente , mas não conseguia.

Ela não tinha consciência de que não estava sozinha. Havia um vampiro escondido no topo de uma árvore a alguns metros dela. Ele estava cheio de raiva e o veneno abundava na sua boca. Alice não poderia saber que o sangue dela era o motivo, a ausência dele no seu corpo, mais precisamente. Não havia mais nem uma gota do líquido que ele tanto desejava dentro dela. Ele estava cego de ódio. Não adiantava segui-la. A única coisa que ele queria de Alice, ela já não possuía. Ele tinha-a perdido, para sempre. A sua primeira derrota numa caçada. Se ele não tivesse que se preocupar em não a alertar para a sua presença ele poderia soltar um rugido de frustração. O último pensamento de James ao se afastar foi que o velho iria lhe pagar muito caro...

E assim como a presença do outro vampiro há 25 metros de distância dela, no topo de uma árvore, havia muitas outras coisas que ela não sabia. Ela não tinha nem ideia que a aquela vida como vampira era tudo que ela poderia ter agora.

Não havia um único rosto conhecido na sua memória. A consciência de que seu nome era Alice ela tinha, mas era a sua única certeza. Ela levantou-se com cuidado, mas o movimento foi tão rápido que ela se assustou. Ouvindo o que parecia ser um barulho de metal contra metal, ela se virou e viu que havia uma construção a uns 150 metros de onde ela estava. Era um sanatório, ela podia ler na entrada, mas apesar de emanar uns cheiros convidativos, ela sentiu uma sensação forte de que deveria se afastar dali.

Na verdade, algo na mente dela gritou que ela precisava fugir dali de qualquer maneira. Ela procurou na sua roupa se tinha algo nos bolsos. Viu que vestia um uniforme, uma veste de hospital, e foi com horror que ela descobriu que tinha na sua veste o mesmo símbolo do letreiro do sanatório.

Definitivamente ela tinha de sair dali.

E ela viu. Não na sua frente mas numa visão. E ela sabia que já tinha tido aquela sensação antes. Viu como se fosse um filme embaçado que ela iria percorrer mais 50 metros até achar um muro alto, muito alto, o qual que ela iria saltar sem dificuldade e escapar dali. Ela iria continuar a correr por muito tempo depois disso.

A visão embaçada acabou e ela sentiu os olhos voltarem ao foco normal.

Não havia dúvida nela, só determinação.

Foi muito excitante sair dos terrenos do sanatório. Ela não sabia dizer quanto tempo tinha ficado ali, ou se tinha sofrido qualquer coisa no local, mas a sensação de fugir deu-lhe um prazer que ela interpretou como estar a fazer a coisa certa.

Ela se sentia muito bem, com excepção de uma dor na garganta que ela não conseguia entender.

Foi com uma surpresa enorme que ela notou como podia correr rápido e ouvir o ruído de tudo a sua volta. Era incrível como ela podia correr àquela velocidade e ainda assim ouvir e ver todas as coisas à sua volta. Havia uma floresta repleta de vida e sons que ela não sabia que existiam antes. Ela parou depois de correr algum tempo, devia ter ficado uma hora ou mais naquele mesmo ritmo espantosamente rápido de corrida, mas mesmo assim ela não estava ofegante, nem cansada.

Ela ouviu um coelho andar entre árvores próximas, mas enquanto ela se maravilhava com cheiro do animal - era algo doce e animalesco que chamou logo sua atenção - ele se escondeu. Todas as criaturas da floresta pareciam se esconder rapidamente com a passagem dela. Era como se Alice fosse um perigo mortal.

A Segunda Chance de Alice e Jasper - terminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora