Capítulo 9

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Os dias foram passando e o ânimo de Alice estava a começar a esmorecer. Ela fez as contas sobre quando completaria 48 anos de imortalidade e seria entre a segunda e a terceira semana de Fevereiro. Mas isso ia contra a sua visão, pois ela claramente via que seria um dia de tempestade no céu, e era muito óbvio que a aquela cidadezinha na Filadélfia ainda estaria no meio do inverno e, portanto, coberta de neve demais para que se pudesse realizar a visão dela.

O dia devia ser somente chuvoso, aliás, com uma tempestade terrível. Mas em Fevereiro, ali, era óbvio que não iria chover porém nevar. E ela tinha certeza que não havia nada de neve do lado de fora das janelas quando Jasper aparecesse.

Conversar com Meredith sobre isso foi ainda pior. Ela e a sua nova chefe estavam muito próximas desde Dezembro quando os feriados festivos fizeram Meredith mais emotiva e falante, e Alice tomou a oportunidade para agradá-la o máximo possível. Ela queria poder ficar o tempo que precisasse no emprego. Meredith achava impossível que não houvesse mais neve em Fevereiro, e disse que em todos os seus 52 anos de vida nunca havia visto a neve derreter antes de Abril.

Alice tentou mais não conseguiu impedir um suspiro.

- Não entendo porque isso é tão importante, querida. Até parece que esse seu rapaz misterioso vai deixar de aparecer se não estiver a chover. Não achas que é até mais provável o contrário?

Não havia como explicar a lógica a ela.

- Talvez... – ela manteve a expressão congelada num sorriso falso. Para Alice era o rosto mais falso que ela já tinha feito, mas convenceu Meredith. Ela deu um sorriso encorajador e continuou a varrer o chão do restaurante como fazia antes da conversa começar.

Já era dia 5 de Fevereiro e a neve ainda estava tão alta quanto estava no mês anterior. Seria possível que em dez dias o clima mudasse tanto como na sua visão?

A esperança de Alice no seu dom estava fraca. A esperança no seu futuro então, estava mais hesitante ainda. Se ele não aparecer aqui ela não tinha mais pista nenhuma dele. Se por alguma razão ele mudasse seu caminho e não entrasse no restaurante, isso seria o fim. Não haveria mais visões com ele até que ele decidisse entrar no destino dela de novo, e isso não tinha data para acontecer.

Mas nem tudo significava o fim ainda. Se havia uma coisa que ela nunca errava era o clima. Esse não tinha alterações de humor, ou mudança de comportamento. Quando ela via o estado do clima, aquilo era tão certo como o nascer do sol todas as manhãs. Entretanto nunca houve uma visão tão contraditória assim.

Ela ainda possuía esperança. Mas essa esperança estava tão frágil e pequena. Os dias continuaram passando lentamente, os olhos dela estavam sempre nos céus. Se não fosse uma vampira e fosse capaz de processar informações muito rápido, usar seu cérebro mais eficazmente que humanos, além de ter ótima visão periférica, seu trabalho no restaurante teria causado graves acidentes. Nessa época de inverno as sopas e caldos eram o grande pedido e ela não conseguia se concentrar o tempo todo no trabalho como deveria. Pelo contrário sua mente divagava quase sempre e ela mantinha seu dom de alerta todos os momentos. Qualquer mudança, qualquer sinal poderia ser vital. Mas ela não pressentia nada novo de Jasper, ele devia estar seguindo seu caminho como sempre. Ela acabou causando um ou outro quase-acidente, mas isso foi muito positivo e só ajudou no seu disfarce de "simples humana". Ela sempre resgatava tigelas de sopa no ar, antes de queimar o colo de algum cliente surpreso, e estava com fama de heroína junto dos outros funcionários.

Então a esperança começou a inflar como um balão de gás dentro do peito oco dela no meio do dia 11 de Fevereiro. Era um dia de semana. na hora do almoço, e o restaurante estava relativamente cheio e, de repente, estava chovendo.

A Segunda Chance de Alice e Jasper - terminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora