Capítulo 10

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Alice pediu as contas a Meredith naquela manhã. Não queria continuar a trabalhar lá, queria poder conversar com Jasper livremente quando ele chegasse sem medo de represálias, e além disso a jovem tinha planos de segui-lo aonde quer que fosse. Logo manter o emprego não tinha mesmo muito sentido.

Meredith ficou muito irritada. Ela tentou se desculpar, mas já sabia que não ia adiantar. E talvez até fosse o melhor de qualquer maneira, uma humana se afeiçoar muito a um vampiro não era nada inteligente e Alice podia fazer um mal terrível a ela se ficasse muito próxima da sua chefe desse jeito.

Ela esperou nas primeiras horas da manhã por ele, a tempestade batendo forte nos vidros exatamente como ela esperava. O barulho muito alto, quase ensurdecedor para os humanos. Para Alice, que só ouvia com um mínimo de atenção, era quase imperceptível. Era incrível a capacidade de concentração e o foco dos vampiros. Eles podiam deixar um mínimo de atenção para o básico e se concentrar muito profundamente em alguma coisa. Naquela manhã Alice, manteve a sua visão particularmente aguçada, sentindo cada mudança de comportamento dele, captando qualquer coisa que pudesse avisá-la se ele mudasse de idéia, e como ela poderia se encontrar com ele se acontecesse já que ele estava tão perto.

Mas Jasper não apareceu de manhã. O sol apareceu apesar da tempestade – o quão especial mais esse dia seria? – e aquela quantidade grande de luz que a hora do almoço possuía não combinava com o que ela tinha visto. Isso só a deixava com o fim da tarde, o crepúsculo.

Ela ficou dura no banco mais à direita da entrada, incapaz de parar de pensar no que faria se não ele entrasse e seu encontro não acontecesse. Ela devotou quase três décadas de pensamentos e esperanças pra isso. O coração morto dela estaria muito partido se ela não o conhecesse oficialmente naquela tarde.

Conforme a tarde foi caindo o sol desapareceu do céu e a tempestade tomou conta. A chuva foi ficando mais feroz como de manhã, e quase não se via mais a luz do sol até que...

Às cinco horas e 48 minutos da tarde, ele entrou no salão.

Ela sentiu o cheiro de um vampiro antes dele entrar, claro. Ela não sabia ainda exatamente como era e quando ele entrou foi muito bom finalmente poder sentir o aroma dele. Ele era mesmo lindo. Seus olhos estavam negros, ele devia estar com sede. Os cabelos dele pingavam no rosto molhado e na camisa encharcada.

Alice não tinha como conter as suas emoções nesse momento. Ela já havia visto tudo aquilo, as evidências haviam se confirmado, e ela tinha tudo pra ter absoluta certeza pra saber que aquilo iria mesmo acontecer. Mas mesmo assim ela não tinha sido tão preenchida pela esperança que aquele encontro lhe dava até a hora que ela o viu parado na entrada do restaurante com os próprios olhos.

Não era racional, mas a mente dela ainda não havia sido convencida até que ele entrou. A partir daí a esperança explodiu dentro dela, como aquele balão que começou a se encher vários dias antes com a primeira chuva, e que agora havia ficado tão gigantesco que precisava ser liberado. Ele explodiu dentro dela, aquecendo cada ponto extremo do seu corpo.

Havia outros sentimentos nela também: alegria, amor, felicidade. Um alívio muito grande também. A coisa mais importante do universo estava acontecendo e ela também se sentiu meio tonta pela força do alívio que a atingiu. Nunca mais ela estaria sozinha.

Jasper vasculhou o salão com os olhos apertados assim que ele se colocou ali dentro. Obviamente ele devia ser capaz de sentir o cheiro dela. Os olhos dele a encontraram meio segundo depois, e ela viu que ele estava com uma expressão muito confusa. Ela imaginou se ele pensaria que ele ia atacá-lo ou algo assim. Ela precisava ir devagar com ele, afinal ele não tinha noção de como eles eram perfeitos juntos.

A Segunda Chance de Alice e Jasper - terminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora