Sol Negro

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O dia estava amanhecendo e longe dali um misterioso homem passava com seu cavalo, um homem de roupas e chapéu negro cavalgava calmamente pela região até que avistou a fumaça.
- Mas o quê...IÁ! -disse batendo as rédeas para o cavalo correr.
Essa fumaça é problema, preciso correr...lá está o lugar é uma fazenda.
- Preciso achar sobreviventes.
O homem agachou no chão e analisou as pegadas, - Vieram a algumas horas, esse fogo é pouco recente, foi invadida...muitas mortes, gritos, tiros, terror. Não demorou e vi um sobrevivente todo machucado, corri em direção a ele e era um garoto extremamente machucado. - Garoto você está bem? Garoto?
- Eu... - Norman desmaiou antes que pudesse falar.
- Ele não está em condições de falar, vamos lá vou te levar pra um lugar seguro.
O homem segurou Norman nos braços e o levou para seu cavalo, de lá saíram o mais rápido possível da fazenda cortando a estrada, logo pararam em um campo um pouco fechado por árvores. Ele deixou Norman sentado descansando em uma árvore enquanto limpava seus ferimentos, tirando o sangue com água de seu cantil ele usou também de conhecimentos indígenas para fechar os ferimentos.
- ...Humph...ANNA!!! Onde estou?! Quem é você?!
- Finalmente acordou, como se sente?
- Quem...espera você é negro?
- Sou. Surpreso?
- Pra ser sincero sim, como você está livre??
- É uma longa história mas primeiro me fale o que aconteceu naquela fazenda.
- Fomos atacados por foras da lei, eles chegaram durante a noite, disparando, colocando fogo em tudo, jogando dinamites, eles vieram para nos aniquilar e pra ser sincero não estávamos prontos para enfrentar aquilo, todos foram mortos menos eu, meu pai e irmãos foram executados, me espancaram quase até a morte por causa de uma coisa que aconteceu.
- E o que aconteceu?
- Um homem, foi até nossa casa em busca de negócios e esse negócio era me casar com a filha dele mas eu não queria e ainda fui obrigado a aguentar aquela criatura falando loucuras, na época eu estava começando a ter um relacionamento com uma menina negra que era escrava na fazenda mas eu nunca a tratei como escrava, ela viu nós dois e se aproximou, em vez de conversarmos, a menina filha do negociador brigou comigo por ter afinidade com a escrava, ela ficou muito nervosa e me deu um tapa na cara. Nervosa a menina negra se jogou em cima da filha do negociador o nome dela era Mary e o da outra menina, a negra era Anna ambas caíram dentro de um poço que estava atrás de Mary, só não morreram porque eu as segurei com toda força que tinha, então a Mary começou a se debater, gritar e me machucar exigindo que eu a puxasse logo, logo então pela dor não consegui aguentar e acabei a soltando, ela morreu e então o pai dela jurou vingança e pelo que entendi os homens que foram nos atacar e roubar foram mandados por ele.
- Entendi...bem qual é o nome dele?
- Bill Macfarlane.
- O governador do estado, justo o cara mais importante do estado da Califórnia.
- Eu quero vingança. - disse Norman
- Todos queremos quando perdemos algo.
- É eu perdi e vou vingar o que perdi e vou achar a minha amada que foi levada de mim.
- E como pretende fazer isso?
- Com um revólver nas mão. Eu acreditava que tudo podia se resolver na conversa e eu estava enganado. Para deixar esse mundo melhor, preciso eliminar alguns animais...
- Meu nome é Norman, Norman Hilston. - disse estendendo a mão
- Me chamam de Sol Negro.
- De onde o senhor é?
- Vim de uma tribo, sou filho de um negro com uma indígena, minha tribo foi atacada e dizimada e os poucos de nós foram escravizados, fui levado para um fazenda de milho e fiquei até meus 17 anos lá, um dia um homem branco apareceu e me comprou, ele disse que queria um ajudante.
- Ajudante? Para quê?
- Para ajudá-lo em seu trabalho.
- E qual era a profissão dele?
- Caçador de recompensa. Sou um negro livre graças a ele portanto continuarei seguindo com que fui ensinado.
- É possível mesmo comprar alguém?
- Sim e estou com os documentos que provam que sou livre.
- Posso vê-los?
Sol Negro foi até o alforje em seu cavalo e pegou alguns papéis. - Pelo juiz de liberdade de porte de mão escrava, este negro comprado pelo homem Arthur Mason é agora um homem livre e filho da pátria americana.
- Entendeu agora? - perguntou Sol
- Sim, então peço que me ensine o que sabe, por favor.
- Por quê está pedindo justamente para mim?
- Porque eu não tenho mais ninguém e nenhum lugar para ir.
- ...Certo, irei te ensinar mas você terá de trabalhar comigo para se aprimorar.
- Trato feito, quando começamos?
- Agora.
- Vai deixar eu usar suas armas?
- Não você vai usar as que encontrei na fazenda quando te resgatei, então você vai usá-las até pegar o jeito.
- Mas pra eu pegar o jeito, deveria usar o melhor que tenho.
- Você quer vingar sua família? Quer salvar sua namorada?
- Quero.
- Então comece na humildade aprendendo com o que tem.
- Eu tenho humildade.
- É? Pois começou mal, anda vamos.
Sol-Negro caminhou até o alforje de seus cavalo e pegou algumas garrafas, avistou um tronco no chão e as posicionou uma longe da outra. Voltou e pegou um revólver e o entregou para mim.
- Aqui, sabe o básico?
- Preparar, apontar, disparar
- É, agora vamos para o primeiro nível, dispare o mais rápido possível nas garrafas.
- Isso vai ser moleza...
Me preparei e só pra me mostrar, fiz a posição de um duelista e saquei o revólver, eu bobo achei que seria muito fácil, na hora que saquei, mal consegui puxar o pino e menos ainda mirar, estava usando um revólver Remington cal. 36.
-Ele não é pesado é eu que não tenho o manejo.
- Viu...você tem que treinar pra saber atirar, os pistoleiros não nasceram sabendo atirar, eles ralaram e tiveram que aprender cara a cara em um duelo, então você é bem sortudo de ter a oportunidade de treinar com um alvo imóvel.
- É? Então porque não me mostra que sabe fazer melhor.
- Humph. Sol Negro sacou seu Remington cal. 44 e acertou a garrafa sem ter que mirar.
- ...
- Quer outra demonstração?
- Você tá me desconcentrando...
- Sei...
Ficamos horas lá parado. Eu tentando e tentando acertar aquelas malditas garrafas.
- Foco...foco...foco. - nesse instante fechei meus olhos e me concentrei ouvindo tudo ao meu redor, indo devagar pegar meu revólver no coldre e então...saquei e uma se partiu em pedaços, finalmente tinha acertado.
- Eu acertei!
- Não se afobe mantenha o foco, foco no alvo e tenha firmeza e rapidez no saque.
Lembre-se de como ele sacou, rápido e firme é assim que um pistoleiro saca. Norman focou-se em todas as garrafas e sacou seu revólver e disparou o mais rápido que pôde, 4 garrafas estavam de pé e 3 delas foram acertadas.
- Uma garrafa pra uma bala...
- Vamos garoto é só uma garrafa...saque!
O disparo se alastrou por todo o ambiente, o revólver liberava fumaça da pólvora da bala, eu olhei para frente e a garrafa estava quebrada.
- Viu não é fácil mas você conseguiu, você só vai conseguir se treinar, ninguém nasceu sabendo então não tenha pressa.
- Eu preciso saber atirar, porque eu sei que nessa vida é matar ou morrer.
- Vamos fazer um acordo?
- Qual?
- Eu te ensino a atirar e você trabalha comigo como caçador de recompensa e eu ajudo a recuperar a sua namorada.
- Eu quero vingança também.
- Vamos com calma, não podemos nos tornar assassinos assim.
- A Anna foi levada pelos criminosos e eu nem sei pra onde.
- Você me disse que foram enviados pelo governador, então vamos fazer uma visita inesperada na casa dele.
- Concordo, vamos agora então.
- Que agora, tá maluco?! Vamos esperar anoitecer e aí podemos pensar.
- Certo.
Ficamos lá esperando, quando chegou a hora levantamos e fomos para a capital, era uma cidade moderna portanto havia muitos policias pelas ruas, andamos procurando a casa do governador e descobrimos que a prefeitura era a casa dele também, entramos pela lateral.
- Garoto, pegue isso.
- Pra que esse pano?
- Pra cobrir a cara né, você não pode entrar assim e deixar o rosto a mostra, ainda mais quando formos invadir a casa do Governador, agora anda e cobre essa cara. Vamos em silêncio sem armas, pegamos ele e vamos embora.
Parecia simples mas tinha guardas por toda parte, então teríamos que tomar cuidado, fomos em puro silêncio evitando o máximo possível os guardas, quando entramos não havia ninguém mas pela voz que ouvimos percebemos que ele ainda estava acordado.
- Mande esta carta ao senhor Collin, que o trabalho que ele fez foi excelente e que serviu para os Hilston não se meterem mais comigo.
Quando ouvi aquilo, estava já puxando meu revólver mas Sol Negro me impediu, vimos o homem saindo da sala dele com a carta, meu parceiro foi até ele e o desacordou e o roubou pegando a carta.
- Deixa eu ver a carta...
- Primeiro o governador. - disse Sol Negro
Entramos na sala dele e ele nem percebeu, virou-se e levou um baita soco na cara, desmaiou com um olho roxo. Pegamos ele e fomos para o cavalo, por pouco não fomos descobertos e então corremos para o mais longe que pudéssemos, paramos no meio da floresta e o jogamos no chão.
- Boa noite senhor Mcfarlane.
- Quem são vocês o que querem?
- Somos cidadãos preocupados, e viemos fazer uma reclamação sobre suas atitudes.
- Espera, você é um crioulo como isso é possível?
- Sou um homem livre, governador. O senhor deve saber que ontem os Hilston foram atacados e a fazenda destruída.
- Foi uma lástima. - respondeu o governador.
- Ninguém da família sobreviveu.
- É uma pena mesmo. Agora o senhor vai dizer quem mandou atacar a fazenda.
- Eu não sei de nada... Sol Negro o socou na cara no mesmo momento.
- Tem certeza? Acho que não, se não porque haveria esta carta para William Collin.
- Olhe me leve de volta a minha propriedade e eu finjo que nada aconteceu.
- William Collin é um criminoso procurado em 4 estados por 10 mil dólares.
- Exatamente, ele e o seu bando.
- Porquê não mandou seus guardas pessoalmente?
- Descobririam e também não é simplesmente mandar meus guardas.
- Você é um corruptozinho de merda, agora outra coisa, eles sequestraram uma criança na fazenda, pra onde a levaram?
- Eu não sei... - interrompido pelo Sol Negro o socando e chutando no chão.
- Fale logo ou eu mato você aqui e agora!
- E-e-eu não sei. - disse cuspindo sangue
Sol negro puxou seu revólver e o engatilhou
- Última chance... - disse o apontando para sua cabeça.
- Tudo bem...tudo bem eu falo. Ela foi levada para o leilão no Texas.
- Em que cidade?
- Georgetown...
- É muito longe...teríamos que cavalgar mais de 3 semanas até lá. - disse Norman
- Com certeza. Você sabe quem ele é?
- Não... - respondeu confuso
- Pois eu mesmo digo. - disse tirando o pano que cobria meu rosto
- Você...
- É...eu mesmo, Norman Hilston.
- Mas você tinha que estar morto, ele me garantiu a sua morte.
- É só que eu morri e renasci...voltei do inferno pra te matar.
- É você quem vai morrer, quando descobrirem o que estão fazendo vão lhes enforcar.
- Eu não preciso que me diga essas asneiras. Posso? - disse puxando o revólver
- Ele é todo seu. - disse Sol Negro
- Você tem coragem de tirar a vida de alguém?...
Bang! De repente, até os pássaros saíram voando com o barulho
-...Tenho.
- Não há volta agora.
- Eu não me importo...Tudo tem sua consequência, então vou arcar.
- Acho bom mesmo, vamos enterrá-lo e acampar em algum lugar. Temos que viajar amanhã e você começará seu primeiro dia de trabalho como caçador de recompensa.
- Certo...enterrar esse desgraçado.
E adivinha eu tive que cavar a maior parte da cova, ele disse que como eu quis matar ele, então era minha responsabilidade, pior que eu não posso reclamar, apesar de ter que ter feito aquilo embaixo da chuva.
- Terminou?
- Sim , Sol Negro.
- Muito bem, eu já montei minha barraca.
- E eu?
- Monte a sua, boa noite.
- Mas...
- Boa noite, tem aí as coisas pra você montar.
- Então...tá.
Fiquei acho que umas 2 horas montando aquela barraca, pela primeira vez tive que me virar pra fazer alguma coisa daquele jeito, realmente eu não sabia viver do pior jeito, no final desisti e resolvi dormir embaixo do lençol.
No dia seguinte
- Amanheceu...e ele não conseguiu no final das contas. Vamos acordando garoto, já é de manhã.
- Hã, o quê? Meu Deus que dor nas costas.
- É nisso que dá dormir no chão.
- Você queria que eu ficasse a noite toda tentando algo que eu não sei?
- Esse é o problema, você reclama e faz de menos.
- Mas eu...
- Persista, insista só assim vencemos, vai desistir de sobreviver a um tiroteio porque ficou sem bala?
- Não...
- Então. Não é diferente de montar uma barraca. Eu estou aqui pra te ensinar que a vida não é o bem bom que você sempre teve.
- Então está na hora de se preparar e lutar por si próprio. Pegue suas coisas, vamos até a cidade mais próxima, precisamos comprar roupas novas para você.
- Que tipo de roupas?
- Roupas de pistoleiro...e um cavalo.

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