O que Dylan ia dizer se apagou por completo em sua mente no momento em que ele a viu. Aquela visão, ao mesmo tempo sensual e etérea, caminhou devagar até a porta, os pés descalços, fechou-a mansamente e a trancou. A luz dourada do abajur lhe banhava a pele, projetando a sombra de suas pernas na transparência da camisola.— O que você... Onde arranjou essa... ãh... essa roupa? — balbuciou Dylan.
— Estava guardada para uma ocasião especial – respondeu Lili em voz baixa, estendendo as mãos para ele, tocando-lhe o peito. — Acho que é hoje.
Ele riu sem jeito. Enlaçou-lhe a cintura, embora frouxamente.
— Seria melhor guardá-la até o dia do casamento.
— E quando vamos nos casar?
Lili acomodou o rosto no peito desnudo pela camisa de algodão. Dylan se vestia com simplicidade, estava de jeans.
— Assim que eu voltar. Você sabe. Eu prometi.
— Já prometeu tantas vezes.
— E você sempre foi tão compreensiva — disse ele com fervor. Roçou-lhe os cabelos com os lábios, acariciou-lhe as costas. — Desta vez, não vou quebrar a promessa. Quando eu voltar...
— Isso pode levar meses.
— Pode — disse Dylan com tristeza, inclinando-lhe a cabeça para trás a fim de lhe ver o rosto. — Sinto muito.
— Eu não quero esperar tanto tempo, Dylan.
— Como assim?
Lili se acercou mais, encostando o corpo no dele, fazendo com que suas pupilas se contraíssem como se estivessem diante de demasiada luz.
— Me ame.
— Mas eu a amo, Lili.
— Eu estou dizendo... — ela umedeceu os lábios e respirou fundo. — Me abrace. Venha para a cama comigo. Vamos fazer amor.
— Lili... — murmurou Dylan. — Por que está agindo assim?
— Porque estou desesperada.
— E está me fazendo ficar mais desesperado ainda.
— Não quero que viaje.
— Eu preciso ir.
— Fique, por favor.
— É um compromisso.
— Case-se comigo — sussurrou ela com os lábios colados em seu pescoço.
— Vamos nos casar quando tudo estiver acabado.
— Eu preciso de uma prova de amor.
— Você tem todas.
— Então mostre. Ame-me agora.
— Eu não posso. Não seria correto.
— Para mim, seria.
— Não seria para nenhum de nós.
— Nós nos amamos.
— Por isso mesmo temos de fazer sacrifícios um pelo outro.
— Você não me deseja?
Apesar da hesitação, Dylan a estreitou com mais força e beijou seu pescoço.
— Desejo sim. Às vezes fico imaginando como seria bom ir para a cama com você e... Sim, Lili, eu a desejo.
Beijou-a. Entreabriu os lábios nos dela, deslizou a mão na curva de seu quadril. Ela reagiu apertando-o com mais força, roçando a coxa na dele. Suas línguas se encontraram. Ela gemeu.
— Por favor, faça amor comigo, Dylan. — pediu, agarrando-lhe a camisa. — Eu preciso de você hoje. Preciso do seu abraço, do seu carinho, preciso ter certeza de que você vai voltar.
— Eu vou voltar.
— Mas não tenho certeza. Quero fazer amor antes que você parta. — cobriu-lhe de beijos os lábios, o rosto, o pescoço. Dylan tentou se afastar, mas Lili continuou beijando-o. Por fim, ele lhe prendeu os braços e a arredou de si. Estava muito sério.
— Pense um pouco, Lili!
Ela o encarou como os olhos arregalados, como se tivesse sido esbofeteada. Sem fôlego, engoliu em seco.
— Nós não podemos fazer isso. Seria contra os nossos princípios. Amanhã cedo, vou partir numa missão enviada por Deus e não posso permitir que você, linda e desejável como é, me distraia. Além disso, meus pais estão me esperando. — inclinou-se e a beijou castamente no rosto. — Agora seja uma boa menina e vá se deitar. — Levou-a para a cama e afastou as cobertas. Obediente, Lili se deitou. Dylan a cobriu, esforçando-se para não olhar para os seios fartos. — Até amanhã. — sua boca tocou a dela de leve. — Eu a amo sim, Lili. Por isso não vou fazer o que está me pedindo.— apagou o abajur, saiu e fechou a porta, deixando o quarto na escuridão.
Lili se virou para o lado e começou a chorar. As lágrimas quentes e salgadas rolavam em seu rosto, molhando a fronha. Nunca se sentira tão abandonada, nem mesmo ao perder a família. Estava sozinha, mais sozinha do que em qualquer outro momento da vida.
Até mesmo seu quarto parecia estranho e desconhecido. Talvez fosse o efeito do sedativo. Ela tentou distinguir a forma dos móveis e o contorno das janelas na escuridão, porém tudo parecia borrado e confuso. Sua percepção estava embotada pela droga que tomara.
Lili teve a sensação de flutuar, de adormecer, mas as lágrimas continuavam escorrendo, impedindo-a de dormir. Que humilhação! Acabara de violar o seu próprio código moral. Oferecera-se ao homem que amava. Dylan jurava que a amava, mas a rejeitara pura e simplesmente!
Mesmo que não houvesse chegado a consumar o ato de amor, ele podia ter se deitado a seu lado, abraçando-a, oferecendo-lhe uma prova da paixão que afirmava sentir, deixando-lhe um fragmento de lembrança a que se ater enquanto ele estivesse ausente.
Mas a rejeição fora total. Afinal, que lugar ela ocupava na ordem de prioridades da vida daquele homem? Dylan tinha coisas mais importantes a fazer que amá-la e confortá-la.
Então a porta do quarto se abriu.
Lili se virou na direção do ruído e tentou focalizar os olhos marejados no facho de luz que se recortava na escuridão. Viu a silhueta de um homem no súbito clarão, um segundo antes quê ele entrasse e fechasse a porta atrás de si.Lili se sentou e estendeu os braços para ele, o coração a saltar de alegria.
— Dylan! — exclamou.
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𝐄𝐗𝐏𝐋𝐎𝐒𝐈𝐕𝐄 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐈𝐎𝐍 彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
Mystery / ThrillerꜥꜤ ━ 𝐞𝐱𝐩𝐥𝐨𝐬𝐢𝐯𝐞 𝐩𝐚𝐬𝐬𝐢𝐨𝐧 ღ Generosa, Lili Reinhart punha em segundo lugar os seus próprios sonhos e necessidades, e em primeiro os de seu noivo. Dylan, um homem mais comprometido com uma causa que com ela. Na véspera de sua viagem para...