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Quando Cole voltou, Lili estava pronta. Desceu a escada diante dele e saiu pela porta da rua. Estava escuro quando atravessaram o quintal rumo à garagem. Ele abriu a porta do Lincoln, e ela entrou.

Fizeram todo o percurso até a cidade em silêncio. Cole segurava o volante como se quisesse arrancá-lo. Dirigiu em alta velocidade. Quando freou diante do apartamento, Lili foi jogada para frente com o impacto. Inclinando o corpo, ele abriu a porta. Ela saiu do carro.

- Lili! - Cole continuava inclinado sobre o banco. - Eu já fiz coisas terríveis. Quase sempre por pura maldade. Mas desta vez tentei agir corretamente. Quis fazer o melhor por você e pelo bebê. - riu de si mesmo com amargura. - Mesmo quando tento fazer o melhor, dá tudo errado. Talvez seja verdade o que sempre disseram de Cole Sprouse. Ele não presta para nada mesmo. - agarrou a porta e a bateu com violência.

Lili entrou no apartamento. Sentia-se esgotada, desanimada. Era possível que na noite anterior ela tivesse jantado com Cole à luz de velas? Sim, as tigelas de sorvete e as xícaras de café ainda estavam na mesa, esquecidas quando eles tiveram de sair para levar Roxy e Gary a El Paso. Podia ter acontecido numa vida passada.

Deixando a luz apagada, Lili atravessou o apartamento e caminhou para o quarto, que lhe pareceu frio, vazio, diferente do quarto da casa de Cole.

Não, não valia à pena pensar.

Mas ela continuava pensando, e não havia como conter as lembranças que lhe assaltavam a mente. Cada contato, cada beijo, cada palavra.

Recordou a expressão dos olhos dele pouco antes de se separarem. Será que Cole estava tentando fazer o melhor possível ao silenciar sobre o que havia acontecido entre eles?

Sem dúvida, não se mostrara orgulhoso na manhã da partida de Dylan. Estava tenso e alerta, mas de modo algum satisfeito ou presunçoso. Se tivesse sido apenas um golpezinho cruel que aplicara nela, certamente teria se gabado disso depois.

Cole a amava? Estivera disposto a abrir mão de reclamar o próprio filho. Tal sacrifício não era uma prova extrema de amor por ela?

E, se ele a amava, por que ela estava tão chateada?

Cole era o seu único amante. Aquilo lhe dava uma sensação interior cálida e vibrante. O encantamento daquela noite tinha sido dos dois. Ela devia saber! Nunca se sentira daquele modo na vida... até aquela noite!

Quando eles se amaram, seu corpo não tinha sido familiar, uma extensão do dela? Ambas às vezes, ela não se sentira completa? A união de seus corpos não montara todas as peças do complexo quebra-cabeça que era Lili Reinhart?

Acaso era a fim de aliviar sua própria consciência que ela acusava Cole de havê-la enganado? Porque ela mesma enganara Dylan, os Sprouse e toda a cidade durante anos. Participara de seus planos de casamento sabendo perfeitamente que o amor que tinha por Dylan não era suficiente para um matrimônio. Jamais tivera com ele a afinidade que tinha com Cole. Dylan não satisfazia a inquietude de seu espírito. Com ele, Lili teria continuado a viver sob restrições permanentes. Cole a levou a ousar ser ela mesma.

Não podia perdoá-lo por ter mantido segredo durante tantos meses? Se Cole não tivesse feito amor com ela aquela noite, se Dylan não tivesse morrido, Lili teria se casado com o noivo. E, por mais infeliz que isso a fizesse, aceitaria aquela condição. Antes de seu relacionamento com Cole, não teria reunido coragem para procurar sua própria felicidade, teria continuado deixando que os outros o fizessem em seu lugar.

Cole lhe havia ensinado a construir seu próprio futuro. Não era razão suficiente para amá-lo?

No dia seguinte ela pensaria mais um pouco nisso. Talvez telefonasse para Cole, pedisse desculpas por sua intolerância e, juntos, os dois conseguiriam resolver tudo.

Fatigada, Lili se despiu, pôs uma camisola e foi para a cama. Mas não conseguiu dormir. Tinha dormido boa parte do dia, e o mundo parecia não querer deixá-la ter o repouso tranquilo de que necessitava. As sirenes gemiam nas ruas da cidade e quando ela conseguiu afastar Cole do pensamento e começou a relaxar, o telefone tocou com estridência.

Considerando que podia ser Cole, Lili pensou duas vezes antes de atender. Já estava preparada para falar com ele? Só quando o aparelho tocou pela sexta vez, cedeu e tirou o fone do gancho.

- Alô.

- Srta. Reinhart?

Não era Cole, e ela sentiu uma pontada de decepção.

- Sim.

- É Lili Reinhart? A que morava com o reverendo Sprouse?

- Eu mesma. Quem está falando?

- Rawlins, o auxiliar de xerife - identificou-se o interlocutor. - A senhora saberia dizer onde podemos localizar os Sprouse?

- Já procuraram na igreja e na casa paroquial?

- Sim, senhora.

- Neste caso, sinto muito, não sei onde estão. Posso ajudar em alguma coisa?

- Nós precisamos muito falar com eles - disse o policial sem ocultar a urgência que tinha. - O filho deles sofreu um acidente.

Lili empalideceu. Um enjôo lhe revolveu o estômago. Estrelas amareladas explodiram na escuridão quando ela fechou os olhos. Foi-lhe necessário um grande esforço para não cair.

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sentiram minha falta? amanhã tem mais. 🤡

EU JÁ FALEI QUE A FIC ESTA QUASE ACABANDO????

𝐄𝐗𝐏𝐋𝐎𝐒𝐈𝐕𝐄 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐈𝐎𝐍  彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora