Cap. 15

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Me levantei após uns trinta minutos assim, sentado, só observando o reflexo da luz no lago e a água batendo nas rochas. De certa forma, foi o que me acalmou, pelo menos no momento.

Ao voltar para o carro, ainda sem movimentação nenhuma naquele estacionado, apenas entro no mesmo e sigo viagem de volta para casa. Até que não era tão perto, talvez uns quarenta minutos sem trânsito. Como era noite, quase não havia carro na estrada. Meu celular toca, é Sarah. Deixo tocando até ela desistir. Quando eu penso que isso aconteceu, mais uma vez o celular tocou. Mesmo assim não atendi. Depois disso realmente as ligações pararam.

Alguns dias depois...

As coisas não estavam fáceis por aqui. Miguel esteve na minha casa por uns três dias essa semana, mas nunca é o suficiente para matar a saudade. Pantera está cada vez mais bonita, apesar do pouco tempo no novo lar. Não tenho muitas novidades desde a última semana.

Preparei um almoço típico de domingo, macarronada e acompanhamentos. Hoje minha família vai vir aqui em casa para ver Pantera e bater um papo, como o prometido. Por falar em família, muita coisa aconteceu com ela. Bom, arquivaram o caso da minha mãe por falta de provas, o que a deixou bem chateada. Agora ela está trabalhando como faxineira em uma casa de gente de nariz empinado que só a maltrata. Eu já falei para ela que não precisa, que eu ajudo nas despesas — que são poucas –— mas quem disse que dona Zefa me ouve? Meu pai também não esconde o quanto está mal com tudo isso. No entanto, ele está dando a maior força para ela e para nós, como nunca antes. É incrível ver como ele mudou, mesmo que para isso tenha que ter passado por tudo o que passou para finalmente acordar e perceber que ainda há tempo para reconstruir o que foi perdido. Inclusive ele subiu de cargo no trabalho, o que só me deixa mais e mais orgulhoso dele. Já O Nick deu um tempo na academia e prestou concurso público para dar aulas em uma escola aqui da região. É o maior sucesso da garotada, ídolo dos garotos e motivo do ciúmes de Pâmella que inclusive trabalha nessa mesma escola e vê toda a graça ao vivo ao longo do dia. Pâmella é muito amorosa com ele, sentimos de longe o quanto ela o ama. Sinto que eles ainda vai demorar para ter filhos, talvez após o casamento, que também não tem planejamento. Sinceramente, também acho que eles podem aproveitar mais antes de tudo isso acontecer. Eu sou suspeito, pois fiz tudo acontecer muito rápido, porém, mais rápida ainda foi Thaíssa — cara de deboche para o casal.

A casa continua vazia. O que faz esse sentimento de solidão melhorar é o fato de ter Pantera aqui comigo nesse momento tão difícil. Depois daquelas ligações repetitivas, nunca mais ouvi nem sequer notícias sobre Sarah. Esses tempos eu vim pensando bastante comigo mesmo sobre tudo o que aconteceu de repente em tão pouco tempo. Tive empatia e me coloquei no lugar dela. Mesmo que eu não tenha dado tempo para ela se explicar mais detalhadamente, sinto que ainda existe uma versão dessa história que eu não sei.

A campanhia toca, vou até o portão para abrir.

— Olá, família — risos.

Abraço cada um, deixando para falar com calma lá dentro. Entramos na casa, cada um sentou em alguma parte dos dois sofás que têm em minha sala. Eu já imaginava que teriam perguntas relacionadas a ela, mas nunca que seriam tão rápidas.

— E cadê a Sarah? — Meu irmão pergunta.

Tento pensar rapidamente em uma resposta cabível.

— Foi visitar a irmã dela em São Paulo, vai passar um tempo lá.

— E o trabalho dela? Ela não estava em um caso super importante?

— Bom, eu não sei como ela fez para ter essas folgas, quando ela partiu eu estava em uma operação do BOPE, não conversamos direito.

Meu Caveira - A Vingança (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora