Cap. 23

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Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Estava sentindo as palavras que acabará de ouvir.

— Eu não sei o que te dizer, filho. Qualquer coisa que eu te disser agora não vai simplesmente mudar o que está passando. Sei que já deve ter ouvido muito sobre você precisar ter fé, confiar e entregar. Não tenho nem mais palavras para te aliviar. Você mostrou nesses poucos meses que voltei, que você é o cara que entra na situação para resolvê-la. Tá na chuva para se molhar. É oito ou oitenta. Não tem meio termo. Desde que cheguei realmente vejo vocês todos sendo alvos e eu sem saber de onde vêm os tiros. Me senti inútil por ver tudo acontecendo sem poder fazer nada. Mas lembre-se do motivo pelo qual está aqui. É o Miguel, não qualquer um que você resolveu ajudar. Seja forte por ele antes de qualquer coisa. Eu estou aqui para te apoiar, seja quais forem as suas decisões. Eu te amo, apesar de não ter dito muito isso para você sua vida inteira.

Olhei para o lado e sorri. Meu pai mudou muito, e é bom ter o apoio dele nessa etapa tão complicada da minha vida.

— Isso está perto de acabar. Essa guerra toda — ele diz após um silêncio se formar dentro do carro.

— Eu espero.

Estávamos na estrada já fazia algumas horas, fomos avisamos que a polícia estava a caminho. Paramos um pouco em um posto de gasolina para abastecer e comprar algumas coisas para comer. Eu não fazia ideia de para onde eu estava indo. Não tinha nenhuma pista. Nenhuma! Meu celular começa a tocar mas não lembro onde o coloquei, o que sei é que está dentro do carro. Procuro nos bancos de trás, no porta luvas, na porta, até que encontro ele em baixo do banco do motorista. Consegui atender na segunda chamada.

Sarah?

— Cadu, é urgente! Acho que sei para onde Beatrice levou Miguel. Eu estava relendo as minhas conversas com ela no celular e lembrei que naquele mesmo dia a gente se encontrou na casa dela. Enquanto ela foi fazer uma ligação eu acabei dando uma olhada no local e avistei a foto revelada apoiada na moldura de um quadro. Eu peguei a foto, foi quando ela voltou e se aproximou devagarinho. Disse que era um lugar maravilhoso e que um dia moraria . Deixou claro que um dia levaria Miguel para esse lugar. Dei umas pesquisadas e acho que encontrei. É um pouco longe mas você está no caminho certo. Vou te mandar a localização.

Obrigado, amor! Não sei nem o que te dizer agora...

Não se preocupe, encontre o Miguel para que esse sofrimento todo acabe, ok?

— Ok. Eu te amo. Aconteça o que tiver que acontecer, eu te amo.

— Por que está falando isso agora? Eu também te amo, te amo muito, mas não será a nossa última conversa. Para de ser idiota! — Solto uma leve risada com o nervosismo dela.

— É isso, beijos.

Encerrei a ligação para evitar mais sofrimento ao ouvir aquela voz e não ter a certeza se vou ouvir ela de novo.

— E aí, falou com ela? A Sarah descobriu alguma pista? — Ele se aproxima do carro depois de ter ligado para os policiais para saber onde estão.

— Melhor ainda. Ela sabe o endereço — sorrio de canto, ainda sim, sem total felicidade estampada.

— Está esperando o que? Vamos para lá agora, cada segundo aqui é uma hora onde quer que ela esteja.

Pegamos nossos uniformes no porta-malas e começamos a nos vestir ali mesmo, inclusive o colete a prova de balas, o mais importante. Por último, a boina. Assinto entrando no carro junto com ele. Foram mais umas duas horas de viagem até chegarmos perto do nosso destino. Estávamos em uma espécie de chácara. Não nos aproximamos muito por estarmos esperando a polícia. Não vamos arriscar entrar e ela colocar a vida não só de nós dois em risco, mas principalmente a de Miguel. Esses dias sem ter ele por perto, seu sorriso inocente, sua risada gostosa, vê-lo desenhar coisas e tentar adivinhar o que são... tudo isso faz falta. Parecem meses sem a presença dele.

Meu Caveira - A Vingança (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora