Cap. 27

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— Somos nós — levanto a mão.

Ele já sorri dando indícios de que tudo ocorreu bem. Não fez nenhum mistério.

— Bom, como o senhor bem sabe, a bala alojou no braço, mas não foi um caso complicado. Ele perdeu um pouco de sangue, porém nada que não fosse recuperar em um curto período de tempo. Retiramos a bala, agora ele está no quarto tomando soro. Ele ainda está desacordado e fraco, aos poucos tendo sua energia de volta. Por serem policiais eu suponho que tenham vindo direto de uma operação, por isso o paciente está mais fraco que o normal para um tiro. Mas nada de se preocupar, ele pode acordar tanto hoje como amanhã de manhã, só depende dele e de sua recuperação.

Suspiro aliviado. Não escondo o quão feliz estou com essas informações. Miguel olhou para mim e sorriu.

— Ele já pode receber visitas?

— Bom, como ele acabou de passar por uma operação, mínima que for, eu aconselho esperarem mais algumas horas.

— Tudo bem. Obrigado, doutor! — Sorrio de lado.

Ele assente, logo se retira para atender outros pacientes.

— Viu, querido? Eu disse que o papai era forte — dou um empurrãozinho em Miguel, que não tirava o sorriso dos lábios.

Cadu Sampaio Narrando

Acordei em um quarto de hospital. Pela luz através das cortinas eu já sabia que era outro dia. Tento me lembrar de tudo o que aconteceu, aos poucos as cenas se repetem em minha cabeça. Eu já me sentia bem e disposto. A parte do meu braço que a bala foi removida estava com uma faixa e um pouco de sangue ainda da operação. Eu me sentia bem e disposto, eu sentia que meu braço estava meio fraco, mas fora isso eu estava me sentindo bem recuperado do cansaço de ontem. No meu lado direito tem uma bolsa de soro vazia, suponho que tenha sido da noite interior da qual precisei dela.

Uma enfermeira passou por aqui deixando uma bandeja de alimentos para o café da manhã, confesso que não estava ruim. Não sei se era apenas a fome. Depois de terminar tudo a enfermeira veio para trocar o curativo do meu braço e aproveitou para pegar a bandeja.

Na porta surgiu meu pai, logo atrás o Miguel. Meus olhos brilharam. Eu nem consegui aproveitar ontem com ele assim que o vi. Meus olhos se enchem de lágrimas, eu estava tão feliz, é como se o ontem nunca tivesse existido e hoje fosse a primeira vez depois de tempos que não vejo o meu filho. Ele correu em minha direção e subiu as escadinhas da maca. Pulou em meu colo, me abraçando apertado. Ele estava tão feliz quanto eu.

— Meu filho — toco suas bochechas com os dedos, suavemente. — Como você está? Você está bem?

Pergunto olhando em seus olhos, aproveitando e observando um risco em seu pescoço. Estranho, mas deixo os questionamentos para depois de sua resposta.

— Tô bem, papai, tava com medo de perder você — faz linha reta com os lábios.

— Eu falei que os homens de preto são fortes — sorrio, o fazendo sorrir também. — O que foi isso no seu pescoço?

Toquei na região para ele saber da onde eu estava me referindo.

— Ah... — pensa na resposta, talvez em como fosse me contar. — Eu caí da escada da casa da mamãe e machuquei. A mamãe passou um remédio, mas não saiu.

— Você caiu da escada? — Arregalo os olhos.

— Calma, papai — ri. — Não foi lá de cima, foi no meio.

Meu Caveira - A Vingança (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora