Almoço

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!!!!AVISOS!!!!: o Jimin está dissociando em partes do capítulo, além de, próximo do final, ele passar pelo início de uma crise de ansiedade (não é nada sério, ele não chega a ter uma, mas é bom deixar o aviso!!). Eu decidi colocar uma letra em negrito no início do parágrafo que as coisas ficam um pouco mais sérias, e outra letra quando as coisas se acalmam. MESMO ASSIM, se alguém achar que falta algum aviso, ou qualquer coisa do tipo, FALA COMIGO!! E se você não se sentir confortável lendo o trecho, fala comigo que eu te explico o que acontece na cena. <3


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O telefone do gerente do setor financeiro tocava muito. E alto. E Jimin sempre detestou tomar remédios para dor de cabeça, mas estava cogitando a possibilidade de começar a tornar disso um hábito, porque era como se todos os seus neurônios estivessem explodindo de uma vez só por culpa do som irritante.

A voz do gerente, no entanto, era quase como canção de ninar se comparado ao som estridente de seu telefone. Não era um tom fino como a voz de Jimin, mas não era tão grave quanto a de Taehyung, ou de Namjoon. Ele parecia novo demais para estar em um cargo como aquele, mas, pelo que Jimin sempre via, o homem nunca deixava nenhuma tarefa para depois. Ele era organizado, centrado, imediato. "Park, preciso que emita os boletos da seguradora", "Park, você podia ligar para o pessoal de T.I.? Meu computador está travando e eu preciso deixar tudo pronto antes da auditoria". Ele não soava autoritário. Seus olhos grandes o davam um ar amigável demais para que ele soasse amedrontador, e os sorrisos simpáticos que dava vez ou outra mostravam que Jeon Jeongguk só queria fazer seu trabalho direito, assim como queria que os outros naquela sala também fizessem.

— Senhor Jeon, o diretor financeiro deseja falar com o senhor.

Jimin estava em sua mesa, sentado ao lado de um de seus colegas que raramente lhe direcionavam a palavra, fingindo prestar atenção nos boletos que precisava emitir até o horário do almoço. O gerente deixou a surpresa tomar conta de seu rosto por breves segundos, prestando atenção na mulher de penteado arrumado e roupas sociais justas em seu corpo, acenando positivamente com a cabeça alguns segundos depois. Ele se levantou, ajeitou sua gravata e a seguiu porta afora, sem dar nenhum comando para a equipe antes de partir. Ao lado de Jimin, o homem que pouco falava com ele soltou um grunhido, espreguiçando-se de forma barulhenta em sua cadeira, pegando seu celular logo em seguida para checar suas redes sociais enquanto não tinha ninguém para observá-lo fazer seu trabalho. Jimin viu o homem abrir o aplicativo de mensagens, piscou duas vezes e voltou sua atenção para sua tarefa.

Apesar de aparentar caótico e deixar Jimin estressado mais do que o laboratório o deixava, o setor financeiro era livre de sons produzidos por humanos. Nenhum deles mantinha um diálogo que ia além de "bom dia" ou "boa noite" ou a usual ordem do gerente Jeon. Quando se ouvia vozes baixas rastejando pelo carpete velho e sujo, vinha de alguém que falava ao telefone com o tom cordial em excesso. Era como se o barulho da máquina de café caminhasse com dezenas de patas pelo corpo de Jimin, como se o som de seus dedos batendo no teclado e formando palavras na tela estivesse martelando em sua cabeça, como se os bocejos que se ouvia ocasionalmente o lembrassem que havia vida ali dentro como gritos desesperados, dos que se ouviam nos filmes de terror. Jimin sentia como se estivesse cercado de robôs prontos para emitir e pagar boletos.

Jimin ainda preferia aqueles robôs de camisas sociais amassadas e gravatas tortas que batiam em seus teclados o dia inteiro. Lembrar-se dos robôs que gritavam "sim, senhor" fazia calafrios terríveis subirem por seu corpo.

A risada fraca do homem que estava sentado ao seu lado fez Jimin despertar do transe em que se encontrava, mas que nem havia percebido que estava acontecendo. Em sua tela, uma única barra cinzenta piscava, esperando que ele começasse a digitar um e-mail a qualquer momento. Jimin engoliu em seco. Seus dedos começaram a funcionar, incertos, como se estivessem se movendo por contra própria sobre as teclas para gerar um texto impessoal, mas ao mesmo tempo simpático. Ele alternava seu olhar de cima para baixo, de baixo para cima, e mal ouvia o som do ranger da máquina de café que ficava perto de sua mesa. Um de seus colegas preparava algo para beber, o homem ao seu lado ria de outra coisa que havia visto em suas redes sociais. Jimin trabalhava porque era o que sabia fazer, Jimin sabia bater continência e fazer o que lhe era ordenado. E o gerente Jeon pediu que ele emitisse cerca de dez boletos antes do horário do almoço.

De Volta à Primavera • yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora