Hoseok convidou Jimin para se inscrever em uma das aulas de dança da academia onde trabalhava em diversas oportunidades diferentes.
Jimin chegou a ir a algumas – ele tentou, realmente tentou –, mas depois que seus pés começaram a estalar de maneira suspeita após uma aula em específico, o ex-soldado decidiu que talvez dançar não fosse seu forte. Ele agradeceu pela tentativa de Hoseok de mantê-lo fisicamente ativo, mas voltou à sua rotina de antes: acordar cedo, ir trabalhar e voltar para casa ou para jantar com seus amigos, ou para cutucar a comida congelada que ele se dava o trabalho de esquentar apenas para rejeitá-la depois. Seu rosto ficava um pouco mais pálido, um pouco mais fino, e Jimin conseguia reconhecer o problema existente naquelas características que normalmente não o pertenciam.
A única memória boa que tinha do exército – além de alguns poucos colegas que fez no decorrer de dois longos anos – era de momentos em que ele estava completamente sozinho na academia. Em momentos como aquele, Jimin só tinha a companhia de sua mente e de seu corpo. Fazer abdominais, correr na esteira, pegar peso – tudo o trazia certa calma, deixava-o mais contente com sua situação do que qualquer outra coisa. Jimin gostava de se exercitar, de sentir dores musculares que mostravam o resultado de seu esforço físico. Jimin gostava de tomar uma ducha gelada enquanto sentia seu corpo ainda quente, e, acima de tudo, gostava da sensação que aquilo tudo o trazia de estar vivo.
Foi por isso que, depois de um dia tranquilo no trabalho, Jimin mudou o caminho que geralmente fazia da estação de metrô até sua casa e parou em frente a uma academia enorme com letreiro ainda mais chamativo do que a entrada. Se ficasse parado tempo demais olhando para as letras de cor neon, seus olhos começariam a arder. Então, sem se dar tempo para pensar muito em sua decisão, Jimin entrou com a pouca confiança que existia dentro dele, e cumprimentou a recepcionista com um dos sorrisos falsos que ele havia aprendido a colocar no rosto quando necessário. Algumas palavras foram trocadas, alguns murmúrios também, e, depois de passar exatamente cinco minutos pensando no que fazer, Jimin assinou o plano mais barato que a academia tinha. A mulher sorriu, entregou-lhe um panfleto, e assim o ex-soldado caminhou de volta para casa.
Depois de acertar as séries que deveria fazer, garantir que não precisava de um treinador particular, e dar mais um milhão de sorrisos falsos para homens e mulheres que pareciam ter as cabeças menores que o resto de seus corpos, Jimin conseguiu o que precisava: a permissão para começar a frequentar a academia e levar tudo em seu ritmo. Sem mais nada para resolver, sem mais ninguém para encher sua paciência. Somente Jimin, os pesos, os equipamentos, e o silêncio que ele apreciava enquanto estava se exercitando.
Nos primeiros dias, ele tentou ir à academia assim que chegava do trabalho. As roupas largas eram enfiadas de qualquer maneira dentro de sua mochila – junto da ocasional comida que a família Jung-Kim o dava –, e ele marchava em direção ao local, sempre espremendo os olhos quando a noite era mais escura e o letreiro parecia querer cegá-lo. No entanto, ele reparou que ficava exausto quando estava tomando uma ducha, e mal sentia forças para trocar de roupa quando chegava em casa mesmo que ainda não fosse tão tarde. Jimin sentia-se cansado com frequência, mas não daquele jeito.
Foi aí que ele se lembrou de algo importante – Jimin gostava das manhãs. Ele acordava cedo, sempre acordou, e sempre ouviu reclamações de diversas pessoas por ser assim. Eunju detestava quando ele abria as cortinas do quarto deles logo cedo, deixando o sol da manhã entrar e tomar conta de cada canto do cômodo. Taehyung perguntava que tipo de animal irracional ele era por acordar disposto às oito da manhã de um sábado. Namjoon sempre reclamava quando ele era o primeiro a sentir sono quando todos saíam, e o único que parecia quase compreender seus hábitos era Hoseok. Mas Hoseok não contava, porque, em certas situações, ele podia até mesmo ser pior que Jimin.
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De Volta à Primavera • yoonmin
Fiksi PenggemarDepois de cumprir o serviço militar obrigatório de dois anos e voltar para casa para descobrir da pior maneira que sua esposa não o ama mais, Park Jimin encontra-se vivendo uma vida que achou que nunca seria a sua. Com muitas contas para pagar, algu...