Perguntas sem respostas

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Violetta Castillo

— León, o que é isso?!

— Um bebê. — Ele respondeu como se fosse óbvio, caminhando até a cozinha.

— Isso eu sei, né — Revirei os olhos sem paciência para suas ironias — Mas de quem é esse bebê?

León não respondeu, deixou o bebê-conforto sobre a bancada da cozinha e tirou o garotinho de lindos olhos castanhos. Me entregou a criança e começou a vasculhar o objeto à procura de algo que pudesse explicar o porquê de alguém ter deixado uma criança em nossa porta.

Depois de tirar o pequeno travesseiro e o manto azul, ele encontrou um papel em formato retangular. Observou o pequeno papel em suas mãos por alguns minutos, com a expressão do rosto inquisitiva, em seguida me olhou e levantou o papel na altura de seus olhos, fazendo então eu ter a capacidade de ler.

"Eu não o quero. Façam o que quiser com essa criança. Lara."

Arregalei os olhos no mesmo momento.

— Meu Deus! Essa mulher é maluca! Esse é o filho dela?! — Olhei para o garotinho que aparentava ter apenas alguns meses, e olhei novamente para León que ainda olhava para o papel e virava-o diversas vezes procurando por mais alguma coisa que talvez tenha passado em branco.

— Parece que sim — Ele então me encarou.

— E esse bebê é seu suposto filho, o que a Lara disse que era seu? — Ele revirou os olhos e bufou, então reforcei: — Suposto.

— Provavelmente.

— Hum...

Nos encaramos por mais alguns minutos, tentando assimilar a situação que estávamos. Como uma mãe tinha a coragem de abandonar seu filho? Presentes tão maravilhosos que lhes foram dado para serem amados e algumas como a Lara simplesmente os abandonam sem pensar no trauma que essa criança terá ao saber de sua origem; ao saber que sua própria mãe não o quis e o abandonou na porta de alguém.

— Deveríamos fazer algo, León. Procurar a Lara... saber o porquê... não sei...— Falei nervosa e ele assentiu, inquieto.

Ele pegou o bebê do meu colo novamete e o colocou com cuidado no bebê-conforto. Eu terminei de aconchega-lo com o manto.

— Vou procurá-la. Você termina de arrumar tudo aqui? — Ele me olhou receoso, e eu assenti, não me importando exatamente com a bagunça da casa, mas sim com o que aconteceria com aquela criança a partir de agora.

León Vargas

Saí de casa ainda atordoado com as atitudes irresponsáveis de Lara. Abandonar uma criança... seu próprio filho. Como ela era capaz de algo tão inescrupuloso assim? O quanto eu havia me enganado em relação à Lara? Eu já não fazia mais ideia.

Pensei em vários lugares que Lara poderia estar, mas o primeiro foi sua casa. Era muito improvável que ela estava lá, pois não seria tão burra de ficar em um lugar aonde poderíamos encontrá-la, mas mesmo assim eu não poderia deixar essa opção de lado, então segui rumo à casa dela.

Uns vinte minutos de carro e eu já estava em frente à sua casa: uma bela e fina mansão herdada pelos pais da mesma que faleceram quando ela ainda era criança, obrigando-a a morar com a tia até atingir a maioridade.

Saí do carro e peguei o bebê, que agora se remexia inquieto e com os olhos abertos e curiosos. Toquei o interfone, mas ninguém atendeu. Toquei outra vez, e outra, e outra, e outra... mas nada. Óbvio que ela não atenderia.

Peguei meu celular e procurei o número de Lara na agenda, então apertei para chamar. Chamou, chamou... mas sempre caía na caixa postal.

Dei meia volta, planejando voltar para o carro e pensar em outra solução, mas minha cabeça estava à deriva e não conseguia raciocinar nada direito. Estava prestes a entrar no carro, quando a luz da varanda foi acessa, então me virei rapidamente esperando encontrar Lara e poder falar o quanto ela é irresponsável e fútil, mas a única pessoa que encontrei foi o jardineiro da casa parado perto da varanda.

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