A ESCADARIA PARA A DESGRAÇA

5K 409 112
                                    

- Oi. - eu falo quando encontro a Tókio nos corredores.

- Oi, eu queria esclarecer aquele mal entendido. No dia em que eu praticamente te pedi em casamento, eu estava em pânico por ter que criar uma criança sozinha e te falei aquilo. Me desculpa se eu estou te magoando agora e... - eu a interrompo e falo.

- Não, está tudo bem. Eu sabia que você só tinha falado aquilo no calor do momento. E eu fico feliz que você e o Rio estavam bem, pelo menos a vida amorosa de alguém está dando certo por aqui. - eu falo dando um leve suspiro.

- Você está falando de você e do Palermo, não é? - eu definitivamente não esperava que ela dissesse aquilo, embora ela estivesse certa.

- O quê? Não, claro que não. De onde você tirou isso?

- O jeito que você olha para ele, é diferente. Dá para ver que você sente alguma coisa por ele.

- É, você está certa. A gente já se conhecia bem antes do assalto.

- Então foi por isso que vocês brigaram? - ela me perguntou e eu confirmei com a cabeça.

- Eu nunca vi ele chorando daquele jeito, aliás, eu nunca vi ele chorando... Agora que eu parei para pensar, ele não era gay?

O que ela acabara de falar me fez sentir borboletas no meu estômago, como se eu tivesse em um filme adolescente onde eu era a protagonista e via o garoto popular pela primeira vez.

- Ele chorou depois da briga? - eu perguntei ignorando a pergunta que ela tinha me feito.

- Demais. Você deve ser muito importante para ele. E ele tentou disfarçar, mas dava para ver que ele estava preocupado com você quando foi foi salvar a Lisboa.

- Eu não sei o que fazer.

- Se eu fosse uma daquelas pessoas que dão conselhos de auto-ajuda, eu te diria para seguir seu coração. Mas pelo visto seu coração é meio burro, então eu te aconselho a esquecer ele. Ele não é para você.

- Engraçado, ele me falou a mesma coisa de você. - eu falei com um leve sorriso.

- Está vendo? Ele não presta. - ela falou rindo. - Mas falando sério, se eu fosse você eu não insistiria com isso, ele não merece alguém tão maravilhosa como você.

- Obrigada, Tókio. - eu falo a abraçando.

Eu já tinha a opinião da Tókio, mas agora queria a opinião da Nairóbi, então fui até o cofre.

- Oi, que carinha triste é essa? -ela falou quando me viu

- O que você faria se gostasse de alguém e...

- Você está falando do Palermo? - ela perguntou antes mesmo de eu terminar de falar.

- Nossa, está tão óbvio assim?

- Não. É que eu e a Tókio estávamos falando de você e chegamos a essa conclusão.

- E o que você acha?

- Assim como a Tókio, eu acho ele um belo de um filho da puta. - ela fala e eu rio.

- É, foi o que ela acabou de me falar.

- Mas diferente dela eu acho que você deveria falar o que sente, se é isso que você quer.

- Como você sabe que é isso que eu quero?

- Você pediu conselho para a Tókio e ela te deu um. Você não está querendo um conselho, quer que alguém te mande fazer o que você quer.

- Você tem razão.

Amsterdã- La casa de papel Onde histórias criam vida. Descubra agora