Mal havia amanhecido e Lucius já estava acordado tomando seu café da manhã. Esperava Sallah acordar para amolar sua espada - não queria incomodar com o barulho que faria - para que, assim que ela partisse, fosse atrás de Raclav, seu instrutor de artes-marciais. Não pretendia ficar parado no tempo em que a garota estivesse fora.
Lorelei logo apareceu na cozinha, deu um beijo na testa do filho e sentou-se para comer. Sempre que Lucius acordava primeiro, preparava a refeição para todos.
- O que aconteceu ontem? - curioso.
- Ah… - sonolenta - A filha do Iorlas teve nenê. Foi um parto longo… - serviu-se de chá.
- E estão todos bem?
- Sim! Graças aos Dragões estão!
- Que bom!
Sallah e Eruvalon não demoraram a acordar e pouco tempo depois os recém descobertos Guardiões foram para a cocheira de Caranthir. O rapaz pôs-se a afiar seu equipamento enquanto a moça escovava o cavalo.
- Ele gosta de você…
- Você acha?
- Tenho certeza! Caranthir sempre foi arredio com estranhos, mas nunca foi com você.
Ela sorriu, fez um afago na cabeça do animal enquanto olhava-o nos olhos e voltou a penteá-lo. Ao terminar, guardou a escova e acocorou-se próximo ao belo rapaz, atenta a ele e a dedicação dele com sua espada.
- Quê foi…? - sentindo-se levemente constrangido.
- Obrigada por ontem… Na verdade, obrigada por tudo.
Lucius parou para jogar um pouco de água na lâmina e esboçou um sorriso:
- Não tem nada para agradecer... - colocou a longa espada em pé, encostada numa tora de madeira e levantou-se, tentando disfarçar que ficara com o rosto avermelhado.
A jovem também colocou-se de pé e sorriu.
- Vou comprar as coisas para o almoço… Quer alguma coisa?
Sallah negou e ele saiu.
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A noite caiu mais rápido do que eles gostariam e Arael e Aerandir chegaram mais cedo do que eles esperavam. Lorerei estava abraçando a garota com um choro contido.
- Lor… são só três ciclos… - Lucius estava com certa vergonha alheia pela mãe.
- Promete que você volta? - a senhora estava com os olhos marejados.
- Prometo! - Sallah sorria desajeitada no meio dos braços fofos da dona de casa.
Eruvalon colocou a mão nas costas da esposa, que contra sua vontade soltou a jovem:
- Até breve, minha cara… - e a abraçou rápida e carinhosamente.
Lucius os acompanhou até a porta. Cumprimentou os cianteranos com um aperto de mão e estes lhe deram espaço para se despedir de Sallah.
- Bom… é isso então… - a moça estava sem saber o que dizer.
- Bom treino… - o rapaz tentava encontrar palavras.
- Obrigada. Para você também…
- Obrigado…
Sallah deu dois passos para trás antes de se virar e ir.
- Hey! - Lucius a chamou - Posso voltar para meu quarto? - brincou.
- Vou pensar no seu caso! - ela riu.
- Aerandir… Você acha que pode trazê-la antes do Baile? - o rapaz questionou.
Aerandir e Arael se olharam, e este deu de ombros sorrindo.
- Se ela se sair bem no treinamento, sim! - soou rigoroso e voltou a andar.
Sallah deu uma última olhada para trás e acenou discretamente para o amigo. Ele retribuiu o sinal.
Já não estavam mais a vista quando fechou a porta. Ao virar-se para a sala seu pai o olhava com um sorriso malicioso:
- Achei que ia beijá-la!
Lucius ficou roxo de vergonha.
- Valon! - a esposa deu uma cotovelada no marido, que riu.
O rapaz pediu licença aos pais e se retirou, indo direto tomar um banho.
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Os três andaram rápido até sair de Algathar e pararam alguns bons metros após o portão da cidade.
- Sallah, seu treinamento começa já. - Aerandir baixou seu capuz.
- Tudo bem…
- Como está seu condicionamento físico?
- Acredito que bom.
- Certo… Temos sete horas até Antares nascer. Precisamos chegar até a margem do rio antes disso! Quando precisar parar, avise.
Sallah assentiu. Sentiu um frio subir pela espinha, pelo visto não seria fácil. E naquele momento começaram uma corrida rasa.
Se corressem direto, sem pausas, na velocidade normal de um Humano, levariam cerca de cinco horas. Mas a jovem não tinha uma resistência nem treinamento bons o suficiente para isso.
Aguentou a primeira hora e meia maratonando e precisou parar. Repousaram por vinte minutos e prosseguiram. Mantiveram o ritmo por mais uma hora e novamente pausaram para a moça retomar o fôlego, e fizeram mais dois intervalos desses.Chegaram ao rio com tempo de sobra. O céu estava começando a perder o seus tons escuro, mas Antares ainda dormia.
- A partir daqui nós te levaremos. - Arael sorriu - Aproveite para descansar…
Ele e Aerandir retiraram seus mantos e colocaram em pequenas bolsas que carregavam. Aconselharam Sallah a fazer o mesmo. Ela o fez vagarosamente, distraída admirando as grandes nadadeiras das costas deles, agora livres e abertas.
Pularam na água. Estava congelante. E assim como no dia em que foi resgatada, de repente estava respirando normalmente embaixo d’água. Mas dessa vez, teve a impressão de que o responsável por isso foi Arael. Também conseguiu reparar o quão longa eram as caudas deles. Se elas virassem pernas daquele tamanho, cada um deles seria consideravelmente mais alto. Aerandir a segurou por um braço, Arael pelo outro e, literalmente, a carregaram até Ciantera.
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Silver Leaves - O Dragão Negro (COMPLETO - SEM REVISÃO)
FantasyA obra foi pré-revisada e tanto o prólogo como os capítulos tem alterações (inclusive cenas extras), mas ficarão para a versão final do livro (são mais 10k de palavras :D), que espero conseguir publicar o mais breve possível. :) Aqui é uma brevíssim...