1 - Sequestro

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DEZ DIAS ATRÁS

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DEZ DIAS ATRÁS

ALIGNIS DO NORTE


Sons altos de hélice cortaram o burburinho do Posto de Saúde, e assim que esticou a cabeça em direção à janela, Mahara viu que um helicóptero militar sobrevoava a região, trilhando o caminho para o quartel.

— Eles vão jogar bombas?

A médica se voltou para o menininho sentado na maca, com a manga do moletom dobrada para cima.

— Não. Aqui nós estamos protegidos. Este é o helicóptero do exército, que provavelmente está trazendo novos recrutas para proteger a fronteira. — Ela o tranquilizou com um sorriso, afagando seus cabelos. — Bom, vamos continuar de onde paramos, Miguel?

Ele fez uma careta e se encolheu.

— Vai doer?

— Será só uma picadinha. Mas posso te contar um segredo? — Mahara abaixou a voz para um tom de confidência, captando a atenção do menino. — Vários soldados que eu trato não conseguem fazer papel de machão o tempo inteiro. Então, não tenha vergonha se sentir dor.

— Um soldado pode chorar?

— Todo mundo pode chorar. Não há nada de errado com isso.

Mais confiante, o menino ofereceu o braço para ela. A picada foi rápida, e Mahara não conseguiu segurar um sorriso ao vê-lo se esforçar para não demonstrar dor.

— Você foi muito corajoso, Miguel. Parabéns.

— Será que um dia poderei ser um soldado e proteger Alignis do Norte dos terroristas do Sul?

Ela suspirou, descartando a seringa com cuidado.

— Espero que, quando você for maior, já não haja uma guerra para travar.

Assim que terminou os últimos atendimentos, Mahara recolheu seus pertences, embalou o jaleco para mandar a lavanderia e deixou o interior do Posto de Saúde, sendo recebida pela palidez da manhã.

Era um dia frio, típico do início do inverno, e a cadeia montanhosa que recortava a região contribuía com a queda da temperatura.

Mahara subiu o zíper do casaco e jogou o capuz sobre a cabeça. A rua esburacada era um aclive, e ela precisava tomar cuidado para não encharcar as botas nas poças lamacentas que haviam se acumulado por conta da chuva da noite anterior. Mechas castanhas do seu cabelo escapavam do capuz, fustigadas pelo vento.

O som do motor de um veículo a seguindo alcançou sua audição como um sinal de alerta. A mão caminhou discretamente para a pistola que sempre deixava escondida embaixo dos agasalhos. Olhou para trás. Seus ombros relaxam ao constatar que era um jipe militar.

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