6 - Cinzas

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Dez anos atrás

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Dez anos atrás


As sombras engrossavam conforme as granadas explodiam em cadências mortais. A atmosfera tingida de vermelho estava com um cheiro forte de queimado, e a noite era cortada por berros.

Mahara se movia por entre as pessoas desesperadas, procurando pelos pais. Tiros comungavam com os gritos agonizantes.

— Mãe! Pai!

O coração pulsava na garganta. O volume dos gritos aumentou e aumentou.

Não sabia como aquilo havia começado. Ela, os pais e outras dezenas de voluntários estavam na fronteira, prestando socorros e atendimentos quando os soldados do Sul apareceram sem aviso.

Mahara parou contra a vontade para retomar o fôlego. A fumaça ardia em seus olhos e pulmões. Tossiu. Inúmeros corpos jaziam em volta dela. Os soldados continuavam atirando e lançando granadas.

— Mãe! Pai!

— Mahara! Aqui!

Ela girou. As espirais de fumaça dançavam no ar. Localizou os pais próximos a um grupo de feridos e correu até eles.

— Mãe! Pai! Precisamos sair daqui!

— Não, estas pessoas precisam de nós. — Seu pai mantinha a mão pressionada sobre o ferimento no peito de uma criança. — Cadê a equipe de extração?!

— A comunicação foi cortada! — alguém berrou. — Temos que tentar o radiocomunicador.

— É impossível chegar lá! Está na tenda, do outro lado!

Mahara ofegou, buscando a tenda com os olhos. Podia ouvir o som das explosões, do desespero, os soluços se transformando em gritos. Tremia dos pés à cabeça.

— Acho que consigo chegar lá.

— Não! — Sua mãe tentou se levantar, e foi então que Mahara viu que ela estava com a perna ferida. — É perigoso!

— Se ficarmos aqui, morreremos. Prometi para vocês que eu não ia falhar. E eu não pretendo falhar.

Ignorando os protestos de sua mãe, Mahara correu.

— Mahara! Mahara, cuidado! Fique! É perigoso!

Achou que estava no controle. Mas a cada granada que explodia, a cada corpo que se despedaçava à sua frente, a cada respingo de sangue que atingia seu rosto, suas forças eram drenadas sem uma chance de confronto.

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