💚 Capítulo 2 - Out

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NOVEMBRO DE 2020
AEROPORTO, OU O LUGAR MAIS DOIDO QUE UM SER HUMANO PODE ACABAR TRABALHANDO

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MARIA LUISA


- Senhorita Maria? - ouço meu chefe chamar depois de um tempo - SENHORITA?

Me desperto do transe e ao encontrar o olhar de Jackson, vejo que ele está me encarando de um jeito impaciente e curioso.

Jackson Wang.

Jackson Wang está me encarando.

Jackson Wang está na minha frente.

Quando tempo fiquei calada? Qual é meu nível de humilhação até agora? Vou perder meu emprego? Ai não! Preciso dele pra pagar o resto da faculdade!

- S-Senhor? - digo, meus olhos ainda presos aos olhos do cara a minha frente. Escondo minhas mãos suadas e tremendo, atrás das costas.

- Vai fazer algo útil com respeito ao que pedi que viesse fazer aqui ou não?

Preciso me mover, fazer alguma coisa pra explicar a ele o que está acontecendo, e meu chefe já pode ter a certeza de que sou surtada agora. Preciso me controlar! SE CONTROLA MALU!

- Senhor Wang - digo em coreano e meu chefe acena, parecendo satisfeito - vou explicar o que aconte...

- Você me conhece - ele afirma, também em coreano.

- S-sim - digo. Claro que eu conheço. Depois dos meus pais e da minha melhor amiga, ele é a pessoa que eu mais conheço no mundo todo.

Tenho uma foto gigante sua atrás da porta do meu quarto.

- Ótimo, então você sabe que não sou esse tal de Chan, o bandido japonês do qual fui acusado de ser, e muito menos um integrante do bando dele - ele suspira parecendo um pouco aliviado, ele estava com medo? Provavelmente. Antes de hoje, nunca soube de nenhum membro do GOT7 pisando no Brasil, ele não faz ideia de onde se meteu e isso assusta mesmo. Ele não sabe nada sobre o país, a cultura e como as leis aqui funcionam. Agora, depois de tudo isso, é que nunca que vamos ter um show aqui mesmo...

Vida de Ahgase é só luta e lágrimas.

- Sim, e meu chefe também já entendeu essa parte, senhor Wang. Pedimos mil desculpas pelo mal entendido causado pelo nosso funcionário - faço um reverência de noventa graus pra mostrar sinceridade e sinto meu coque pender um pouco pra frente, está, provavelmente, parecendo um topete de alguma ave exótica no momento. Talvez eu deva mesmo cortar o cabelo - o funcionário em questão está a ponto de se aposentar e tem algumas... Limitações quanto à visão.

Jackson me encara sem dizer nada. Não devo ter feito sentido de jeito nenhum. Três coisas se repetem em minha mente ao mesmo tempo, a primeira é um grito constante, por que esse homem maravilhoso está na minha frente e tudo o que eu mais queria era pular em cima dele e dar uma cheirada no seu pescoço.

A segunda coisa é que ainda posso perder meu emprego, me baseando na expressão estressada em seu rosto e na maneira como meu chefe gesticula pra mim por trás dele

A terceira é... Como vou dizer a ele, a essa altura, que se depender de voar... Ele está preso aqui nesse fim de mundo?

- Mas, o que ele está tentando explicar é que o senhor não vai conseguir um vôo direto daqui e que os vôos para a capital retomam na segunda-feira - sorrio de leve, como se fosse confortar ele, mas sua expressão facial logo desfaz meu sorriso - eu sinto muito mesmo, senhor Wang. Mas podemos providenciar um hotel ou um carro para que o senhor possa ir embora...

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