Melancolia Dos Mares

VII

Conforme Romero foi empurrando foi ganhando velocidade. O vento batia forte no rosto de Thierry que jogava as lágrimas para trás. Ele queria gritar por estar indo embora. Há um tempo atrás era o que ele mais desejava.

Demorou cerca de três horas para que Romero chegasse ao limite do mar.

Thierry saiu da canoa colocando seus pés em terra firme, pela primeira vez em um mês e meio. Afundou os pés e os limpou na maré. Começou a caminhar em direção a rua e podia ver os olhares sobre ele e até mesmo comentários sobre sua aparência. Ignorou eles e continuou em destino de sua antiga casa. Ao chegar, bateu forte na porta e seu antigo mordomo apareceu. Ele ficou surpreso ao vê-lo.

⸻Thierry? ⸺ Sua mão tampou a boca, em choque. ⸺ entre! Entre! Meu Deus vou chamar seus pais.

O mordomo saiu disparado a sua frente e Thierry foi na sala. Os seus pais pararam na entrada da sala. O observaram. Em choque. O pai foi o primeiro a dar um passo em sua direção. Abriu os braços e abraçou Thierry em seguida sua mãe.

A mãe já se Encontrava em prantos desde o segundo que vira seu filho, o único filho. Após uns minutos, encheram Thierry de perguntas. Onde ele estava, como sobreviveu e como conseguir voltar. Thierry inventou uma história meia Boca que respondesse essas perguntas sem citar Misael nem nada. Iria ser taxado de louco e provavelmente internado.

Quando citou o nome de Sua esposa, o olhar de sua mãe se desviou para o chão e o do seu pai se tornou de revolta.

⸻ Quando você sumiu, achávamos que estava morto. Madeleine também. E ela ficou com a sua parte dos negócios de vinho... ⸺ a voz dele trazia um sentimento de raiva e engoliu em seco ⸺ Mas você ficou fora por quase dois meses, ela acabou se casando de novo.
⸻ com quem? ⸺ Thierry perguntou.
⸻ Tristan.

Lhe respondeu seco.
Tristan era o melhor amigo de Thierry, ele estava junto com ele no navio no cruzeiro. Nesse mesmo momento, Thierry se levantou do sofá e foi para diretamente para o banheiro. Encheu sua banheira com água quente e colocou sais de banho. Entrou e tentou relaxar na água.

A água lhe Fazia lembrar de Misael. Mas não conseguia manter pensamentos felizes naquele momento. Quando pôs seus neurônios a pensar, começou a ter paranóias em relação à Madeleine.

Madeleine planejou tudo aquilo? E o pior junto com seu "melhor amigo"? Eles já Tinham um caso? Ela um dia já sequer o amou?

Questões como estas começaram a rodear sua cabeça. O único lado bom foi ter conhecido Misael. Mas isso também foi arrancado dele.

Thierry foi escorregando na banheira até ficar submerso. De certo modo pensava que a sua vida estava escorregando pelos dedos. Perdendo o controle da situação.

Memórias da sua vida passavam em sua cabeça e começou a pensar em Misael. Ele lutou pelo seu amor e agora ele simplesmente iria desistir ? Essa pergunta o fez levantar imediatamente dali. Sua face enjireceu e a partir daquele momento se mostrou determinado. Iria recuperar aquilo que era seu. Sua vida, seu negócio, seu amor.

Thierry começou a tomar seu banho, lavou seus cabelos e fez sua barba. Colocou uma roupa de dormir e deitou em sua antiga cama.

Apesar de não ter falado Muito com seus pais, eles sabiam que Thierry iria dar a volta por cima.

No dia seguinte, cortou seu cabelo e vestiu a melhor roupa. Não foi atrás de Madeleine, mas sim de um advogado. Era uma causa ganha. Só precisava ter um cérebro para entender o que de fato havia acontecido.

Demorou um tempo até que a audiência saísse e como esperado, Thierry tomou posse do negócio da família.

Já havia se passado dois meses desde que retomou aquilo que era seu. E enquanto estava arrumando sua vida, a história que passava nas ondas do oceano era diferente.

No Castelo Onde Poseidon estava, enfrentava um confronto indireto entre amor e razão. Todo dia as ondas traziam uma notícia diferente. Misael foi morto. Misael foi liberto. Misael vai ter a cabeça cortada. Misael morreu pelos guardas. Misael virou comida de ciclope. Ninguém sabia o que havia acontecido de fato. E infelizmente essas notícias chegaram aos ouvidos de Theodore. Justamente ele que odiava fofocas. Então não demorou muito para que Theodore estivesse a caminho do Castelo de Poseidon, onde foi recebido por ele.

⸻Theo... A que devo sua visita? ⸺ perguntou Poseidon com normalidade.
⸻Solte Misael. ⸺ Theodore cruzou os braços indo direto ao ponto. A face de Poseidon tornou se tensa.
⸻Não posso...
⸻Pode e deve.
⸻ Não vou desfazer isso.
⸻Por quê não?
⸻Não existe amor verdadeiro! Tenha dó, Theodore! ⸺ Poseidon passou a mão no seu rosto.
⸻Se não existe, por que está deixando ele preso? ⸺ Essa Poseidon demorou para responder, ou melhor não respondeu ⸺ isso não prova que o amor não existe. Apenas Prova o seu ego ferido.

Poseidon sabia no fundo que ele tinha razão. Se o amor na existe, por que esse castigo todo? Não havia sentido.

⸻Esse é o meu questionamento.

Theodore se retirou do palácio. Sabia que tinha cumprido seu dever e sabia que Poseidon não iria deixar a situação assim.

Passou mais dois dias desde a visita de Theodore. Poseidon mandou que levassem Misael até ele.

⸻O amor verdadeiro não existe e vou provar isso pra você. ⸺ Misael Revirou os olhos. Não acreditava que foi tirado da cela para ouvir baboseira. Poseidon se ergueu, bateu se tridente no chão com força no chão, começou a tremeluzir uma luz azul brilhante e apontou em direção de Misael. Seus olhos também estava de outra cor. ⸺ Você, Misael, guardião do Mar Mediterrâneo está condenado a virar humano e ficar preso em uma ilha até que seu amor verdadeiro apareça!

Misael se sentia um pouco assustado diante daquilo. Humano? Como era isso? Ele iria sobreviver? Ele estava com medo.

O tridente bateu mais uma vez no chão e Misael desmaiou. Quando acordou sentiu sua pele queimando e patas pequenas sobre seu corpo. Abriu os olhos e percebeu que eram pássaros, mexeu seus braços e os afastou. Sentou na areia quente e olhou para baixo. Pernas. Mexeu elas. Se sentiu assustado. Era a mesma coisa que o Thierry tinha. Se sentiu um completo estranho com seu novo corpo. Passou a mão no rosto e não sentia mais as escamas. Demorou um pouco para levantar e foi para uma árvore em busca de sombra.

A partir daquele dia, Misael passou a rezar por Afrodite para que o ajudasse com seu amor verdadeiro.