Trinta e nove

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Andrew PoV

Já é noite quando tenho um tempo pra descansar, foi intenso hoje, não foram muitas cirurgias mas muito procedimentos e algumas mortes o que deixa a gente exausto psicologicamente, vi que a Meredith ainda está em cirurgia, vou garantir uma cama em um dormitório, ela não saiu do centro cirúrgico a tarde inteira, vou passando por um corredor e acho que vejo alguém abaixado, então eu volto e olho novamente
- Zola? Bailey?
Não posso acreditar, estão os dois sentados no chão, encostados na parede, um andar acima da creche, Bailey vem correndo e me abraça
- Andrew, eu to com medo
A Zola chega e fica um pouco mais distante, eu percebo que ela quer chorar
- Ei, vem cá
Seguro o Bailey com um braço e abro o outro pra ela vir, ela corre e me abraça chorando
- O que aconteceu? O que vocês estão fazendo aqui?
Ela respira
- Eu não consegui voltar pra creche, a mamãe disse que quando a gente se perder, é pra ficar parado que ela encontra a gente
- Muito bem, mas eu posso levar vocês de volta pra creche
- Tem mais uma coisa
- O que foi?
- Eu não sei onde a Ellis está
Meu coração parou nesse momento e ela volta a chorar
- Calma, Zozo, o Andrew vai ajudar a gente
Bailey tenta acalma-la
- Isso, fica calma, tá? Me conta o que aconteceu
- Tem um monte de crianças na creche, um montão mesmo, a Ellis se assustou e queria a mamãe, então quando abriram a porta, ela saiu, eu fui atrás dela e o Bailey atrás de mim, mas eu não vi onde ela foi, andei muito e não consegui encontrar, nem ninguém que eu conheça, mamãe não deixa falar com desconhecidos
- Tudo bem, eu entendi, eu vou levar vocês pra creche e vou procurar a Ellis, tá certo?
- A mamãe vai ficar triste né? Eu não cuidei direito dos meus irmãos
Ela ia chorar de novo
- Não, ela vai ficar feliz porquê vocês estão bem, agora vamos
Peguei na mão dos dois é só consigo pensar no quanto a Meredith vai ficar desesperada, os levei na creche e os entreguei para as cuidadoras muito sério, eu to muito preocupado com a Ellis agora, mas é um absurdo que três crianças saiam e elas não percebam.
Paro, respiro fundo, vou entrar no elevador pra ir falar com o Karev pra fechar o hospital, demora e eu desisto de esperar e resolvo ir de escada, abro a porta do acesso a escada e ouço choro, desço o primeiro lance e encontro a Ellis, sentada, de cabeça baixa, chorando, mal posso acreditar
- Ellis
Eu chamo e ela levanta a cabeça, tá com o rostinho vermelho e molhado de chorar, ela não foi a lugar nenhum, só estava nas escadas do mesmo andar da creche, ela estica os bracinhos, eu corro até ela e a pego  no colo, quando a abraço e sinto um alívio tão grande que não posso medir, ela tá bem
- Calma, tá tudo bem, calma
- Mamãe
- Vamos sair daqui e chamar a mamãe
Ela tá deitada no meu ombro e não me solta, eu subo as escadas com ela e vou pra creche, preciso avisar a Zola que achei a Ellis e que ela tá bem, entro na creche e tento me acalmar pra não levantar a voz, quando uma das cuidadoras vem ao meu encontro, eu digo, sério e falando baixo pra não assustar as crianças
- Vocês tem noção do que vai acontecer aqui quando a mãe dessas crianças descobrir que vocês perderam os três? Como vocês iam explicar que eles não estavam aqui?
- Doutor, é que és tava uma loucura hoje
- Eu sei, mas é obrigação de vocês tomar conta deles
- Tinha criança demais
- Informasse a direção, solicitasse apoio, só não fossem tão irresponsáveis
- A responsável pela área onde eles estavam é nova, ela não está acostumada, eu sinto muito
- Claro que você sente, você sabe quem é a mãe deles, não sabe?
- A Dra Grey
- Exatamente, como você acha que ela vai reagir quando souber de tamanha irresponsabilidade e falta de profissionalismo? Eu vou levá-los e você avisa pra Dra Grey ligar pro Deluca, quando ela vier aqui
- Doutor, eles não podem sair sem autorização
- Ah, claro, se eu não os tivesse trazido de volta, você nem saberia que eles não estavam aqui.

Merluca T15Onde histórias criam vida. Descubra agora