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Meredith PoV

Eu me jogo na cama, tudo o que ele falou faz sentido, mas também pode ser tudo mentira, eu não sei no que acreditar, no que pensar, eu não sei como contar isso pras crianças, quanta confusão, eu queria tanto que nada disso tivesse acontecido, eu nem me despedi direito da Cristina, meu celular toca, é o Alex
- E aí, menina, como você tá?
- Bem, eu acho, com dor de cabeça
- Ressaca
- É
- E vocês dois?
- Eu não sei
- Ele tá aí?
- Tá, eu acho
- Não toma nenhuma atitude precipitada, Mer, qualquer coisa me liga
- Alex, espera, você viu o Andrew entrando no hospital com a Sam?
- Vi, ela tava bebada e eu disse pra ele coloca-la no soro em um dormitório
- Uhum
- Mais alguma coisa?
- Não
- Me liga, tá?
- Tá
Ele desliga e eu fico ainda mais confusa

Andrew PoV
Eu espero que tudo que eu disse tenha algum efeito, que ela mude de ideia, eu não posso imaginar minha vida sem ela, sem as crianças, sem a gente, eu não posso me conformar que tudo acabou, eu passei a noite acordado, to exausto, só queria dormir com ela, só em pensar que ontem de manhã nós acordamos juntos, foi tão bom e agora tudo está por um fio, eu deito no sofá e acabo pegando no sono

Meredith PoV
Passa algum tempo, Andrew não veio mais atrás de mim, também não veio pegar nada, acho que ele realmente foi embora, eu suspiro, é melhor assim, mesmo que meu coração e meu corpo gritem que tudo o que queria era o corpo dele junto ao meu, desço as escadas e ele tá dormindo no sofá, então eu lembro que ele tava de plantão, droga, ele tá exausto, pego o lençol e cubro ele, vai acordar quebrado, mas eu não vou chamar, eu disse pra ele ir embora, ele não foi por quê não quis, vou pra cozinha comer alguma coisa, não consigo escolher o que comer, na verdade eu queria tanto bolinho de cereja, só de lembrar o cheiro me faz suspirar, volto pra sala, o vejo novamente, ele tá tão desconfortável, saio de perto, subo as escadas, quando chego na metade, eu paro, droga, volto e me aproximo
- Andrew, acorda
Ele nem se mexe, reviro os olhos
- Andrew, acorda
Mexo com ele e falo mais alto, ele abre os olhos devagar e senta
- Eu acabei dormindo aqui, eu já vou
Ele fica de pé e nós estamos muito próximos, todo meu corpo está consciente dele tão perto de mim, nos encaramos, ninguém diz nada, ninguém faz nada, então ele se aproxima devagar, eu não saio do lugar, ele chega ainda mais perto, ele coloca a mão na parte de trás do meu cabelo e eu me arrepio toda, ele me puxa pra ele e eu não resisto, nos beijamos e é intenso, temos urgência um pelo outro, ele senta no sofá e eu sento no colo dele, não paramos de nos beijar em nenhum momento, nós dois queríamos tanto aquilo, fizemos amor ali na sala de casa, qualquer pessoa poderia chegar, parece que a razão não manda muito quando o desejo fala alto, acabamos dormindo nos braços um do outro, ali mesmo.
Eu acordo com fome e percebo que estou nos braços do Andrew e nua, o que foi que eu fiz, eu acho que não é assim que se termina com alguém, droga, vou levantar e ele me segura
- Vai não
- Solta
Eu digo séria e ele me solta, eu me sento e puxo o lençol e me cubro
- Amor?
Ele também senta
- Isso não muda nada, Andrew
- Meredith, eu achei...
- Não, não muda nada, foi um erro, não deveria ter acontecido
- Não diz isso, acredita em mim, por favor
- Chega
Eu respiro fundo, passo a mão no cabelo
- Você pode ver as crianças, eu não me oponho, ainda não sei como eu vou contar pra eles, então não diz nada
Ele chega mais perto de mim e me abraça, eu não tenho forças pra sair dali, o cheiro dele me envolve
- Isso não pode ser o fim, Amor
- Mas é
- Eu não acredito que eu te perdi
- Eu não acredito que tudo isso tá acontecendo
- Não precisa acontecer
Ele diz baixinho, eu me arrepio
- Para
- Me deixe ficar hoje
- Não
- Só hoje, depois que as crianças forem pra cama, eu vou embora
- É melhor não
- Eu faço almoço e você não precisa nem me ver se não quiser
Eu suspiro
- Não vai dar certo
- Nenhum de nós dois quer sair daqui
- Isso não é fácil e você tá deixando ainda mais difícil
Ele afasta meu cabelo e beija meu pescoço
- Andrew
- É como uma despedida
Eu suspiro quando ele me beija de novo e puxa o lençol, novamente estou entregue, alguma coisa em mim diz que eu vou me arrepender mas a razão perde de novo.
Ele fez almoço e bolinhos, no começo foi estranho, mas depois éramos a gente de novo, só nós dois em casa, vez ou outra eu via ele com o olhar distante, eu olhava no relógio, como se quisesse impedir os ponteiros de passarem o tempo, as crianças vão chegar mais cedo hoje e a Melissa tem folga, eu levanto, nem sei onde ele está, assim que desço, vejo ele no sofá
- Vai buscar eles?
Ele pergunta assim que me vê
- Vou
Saio rápido sem olhar pra ele, eu não acredito que o dia tá acabando.
Quando eu chego em casa com as crianças, o cheiro da pra sentir da porta, tão gostoso que é um absurdo, eles já entram gritando
- Tio Andrew
Largam as mochilas e vão correndo pra cozinha, é impossível não sorrir, eu vou atrás e a cozinha tá cheia de cupcakes, pelo cheiro de sabores variados
- Isso parece um sonho
A Zola diz
E eu sorrio ao pensar que parece com a Izzie, na verdade
- O que é isso?
- Vamos decorar cupcakes
- Sério?
Os olhos da Ellis brilham
- É sério
Ele responde muito sério pra ela
- Venham tirar a roupa da escola e lavar as mãos
Eles passam por mim correndo, estão tão empolgados, é tão gostoso de ver
- Qual foi a dessa ideia?
- É uma despedida, eu queria que fosse doce
- Eles não vão saber agora, você sabe né?
- Sei, mas eu tenho que ir embora depois que eles dormirem, então pra mim, é uma despedida
Eu saio de lá, não consigo olhar pra ele, ele tá tão triste, é tão visível, eu não consigo decidir se ele tá triste porquê sabe o que fez e se arrepende ou se ele tá falando a verdade, que droga.
Ajudo as crianças e voltamos pra cozinha, é a maior farra com esses cupcakes, eles se sujam e riem o tempo todo, toda hora o Andrew me suja de chantilly, só pra ter a desculpa pra limpar, ele não perdeu nenhuma oportunidade de tocar em mim, quando terminamos de bagunçar os cupcakes, nós comemos e tá muito bom, eu tirei varias fotos das crianças e o Andrew estava em muitas delas, eles estão distraídos, comendo, ele se aproxima de mim e diz baixinho
- Ta sujo aqui
E aponta pro cantinho da minha boca, eu passo o dedo
- Saiu? Acho que tem chantilly por todos os lados
- Não, não saiu
Ele se aproxima e beija bem devagar, no cantinho da minha boca, desgraçado, meu coração bate tão rápido que eu mal consigo respirar, ele me olha nos olhos por um momento e parece mesmo que ele vai me beijar
- A mamãe e o tio deveriam casar, vocês são tão fofos
A Zola diz e nós nos afastamos
- E vocês tem que ir tomar banho, vamos, já comeram muito doce
Desço eles dos banquinhos e levo pro banho, eles estão limpos, arrumados e assistindo na sala, entro na cozinha e o Andrew tá terminado de limpar a mesa
- Quer ajuda?
- Não, tudo bem, eu to terminando
Ele tá muito sério, vejo que tem alguma coisa no fogo
- Que isso?
- Molho do macarrão, você olha enquanto eu tomo banho?
- Tem muita chance de dar errado
- Quando ferver, apague o fogo
- Ok

Quando ele volta, já é com as crianças, eles comem, eu coloco-os na cama, volto pra cozinha, ele não está, subo e encontro ele pegando roupas no guarda roupa, aquilo dói tanto, ele me vê, me olha por um instante
- Eu só to... esquece
Ele volta a pegar as roupas, coloca numa mochila, fecha e volta a olhar pra mim
- Tem alguma chance de você acreditar em mim?
- Eu levo as crianças pra escola amanhã e depois a gente conversa sobre como vai ficar essa questão com eles
- Ta bem
Ele suspira e sai do quarto, eu saio também, vejo da escada quando ele sai, eu sento no degrau e fico ali por muito tempo

Merluca T15Onde histórias criam vida. Descubra agora