Lâmina Afiada

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"Moça sai da sacada,
Você é muito nova pra brincar de morrer.
Me diz o que há
E o que que a vida aprontou
Dessa vez?"🎶🎶

Moço, a vida aprontou sofrimento,
Um coração quebrado, falta de auto estima
E o mais puro tormento.

Lágrimas que afogam e sufocam.
Olhar pela janela vendo o céu nublado.
A natureza chora comigo, nesse momento,
O trovão é meu único aliado.

Músicas tristes não são o suficiente,
Será que algum dia eu conseguirei
Arrumar a minha mente.

Sim, sou muito nova pra brincar de morrer,
Mas o que mais eu posso fazer.
Aperta, lamenta, treme,
Meu coração já não deseja mais bater.

O espelho trincado
Reflete o pulso cortado,
O soluço de choro abafado,
O mais puro vazio do cérebro dopado.

Eu queria que a água realmente me limpasse,
Mas não importa quanto eu me esfregue
A sujeira não desse.
Meu corpo padece.

Lágrima se mistura com água,
Tipo nos filmes.
Só que aqui, temos marcas de reais sofrimentos,
Cada um carregando seus crimes.

Eu tenho que chorar pelo abandono.
De um homem que me destruiu,
Da barra de saia que eu mais amava,
Mas preferiu o macho do que a criança
Que como filha dizia que assumiu.

A vozinha lá no fundo dizendo
"Ei, acaba com tudo. Sua amiga só esta te esperando.
Sua amiga, lâmina
Que desde os seus 9 anos vem te ajudando."

Rompe veia, corre sangue
Para coração, sufoca mente
E boom.
Em 5 minutos de líquido vermelho espalhado,
Restam apenas memórias
De seus momentos passados.

Moço, conversar não adianta,
Sua palavra não me trás a luz,
Nem ao menos me seduz.
Porque com meu mundo preto no branco,
A bondade já não reluz.

Na garganta, bolas de palavras não cuspidas.
Nos pulsos, desenho cada uma de minhas feridas.
No coração espremo cada letra escrita,
E na minha pobre mente, guardo memórias aflitas.

Vida,
Vida curta mal vivida,
Onde só vejo sua partida
Na escuridão me sinto aflita
E no claro, oprimida.
Me sinto um pássaro com a asa ferida,
Nada além da dor de cada respiração contraída.

Liberdade arrancada,
Como um esquartejamento.
Corpo se torna mais pesado que escultura de cimento.
E eu lamento,
Lamento que minha alma já não receba nenhum alimento.

Jogada em qualquer canto desse quarto escuro,
Minha alma esta dançando no fogo puro.
Deve ter escapado por uma das janelas do meu braço...

Na Caneta da PoetisaOnde histórias criam vida. Descubra agora