Prólogo

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- A reencarnação, é a capacidade do ser de sobreviver à morte do corpo, uma ideia de diversos princípios filosóficos e religiosos. Em suma, a pessoa continua a viver após a morte em um recipiente diferente.

Reencarnação? Como podem crer em uma tolice dessas? Ter um pouco de senso não faz mal. Todos sabem, a morte é o fim da vida, nada mais que isso, e criar suposições como forma de consolação, não irá mudar a realidade.

- O ato de reencarnar é também conhecido como transmigração da alma, ou metempsicose. Fala sobre a alma ser capaz de retornar em corpos de animais, por exemplo, você morreria humano e renasceria um lobo, para muitos uma nova chance de vida, viver selvagemente por aí.

Quem em sã consciência escolheria ser um animal? Os outros estudantes riem alegremente dessa estupidez, só me resta suspirar, porque enquanto escuto essas asneiras ditas por meu professor da faculdade, sentado nesta sala sufocante com um monte de estranhos à minha volta, o sol brilha em um lindo dia. Ainda assim, permaneço "preso" a este lugar. "É pelo seu futuro", dizem meus pais, mas o único futuro que consigo ver, é um em que estou ao lado dela, da pessoa que me inspira a vir aqui todos dias. Meu último ano está prestes a acabar e o tempo para dizer a ela o que sinto também, se não o fizer, me tornarei um cara de vinte e seis anos solitário para o resto da minha vida, tendo perdido a única garota pela qual um dia me apaixonei. Qual o sentido em estudar como um condenado, se tudo for acabar desse jeito? Apesar da culpa ser somente minha e dessa hesitação, queria muito me livrar desse medo.

- Quero que vocês levem em consideração suas próprias crenças, e façam um trabalho argumentando a respeito do assunto, lembrando, quero tudo para semana que vem! Por hoje estão dispensados.

A aula acabou. Ansiosos, meus olhos percorreram por todos os cantos da sala tentando descobrir seu paradeiro: "Onde ela está?" Perguntei-me.

- Bom dia, Ethan! - Ela se encostou a mim sorrateiramente, adornada de seu ar fresco, além dos seus cabelos cacheados. Confesso, olhar para seus olhos castanhos eram o meu calmante diário.

- Liz! Pensei que não tinha vindo hoje. - Comecei a arrumar a mochila.

- Como poderia faltar? O trabalho de conclusão está próximo, se eu for descuidada posso reprovar e seria ruim, não é? - Sem conseguir pensar direito, só conseguia reparar no jeito atraente com que sorria para mim.

- Sim, você está certa, como sempre. - Timidamente levantei da cadeira, a arrastando de volta para a mesa. Sentia minhas mãos formigarem, elas suavam frio, era o nervosismo por estar perto dela? É um tanto patético... Talvez.

Pus uma das alças da mochila nas costas.

- Liz! - Gritou uma de suas amigas, em passos rápidos a abraçou por trás.

- Já está indo? Não quer vir conosco? - Ela a convidou, e eu pensei em silêncio: "Você não tem nada melhor para fazer, além de estragar a felicidade dos outros?!"

- Importa-se Ethan? - Mesmo que me importasse, o que poderia fazer?

- Não, tenho algo a fazer de qualquer forma. - Falei, mesmo sabendo não passar de uma mentira. Minha vida era composta por um tremendo nada, além da faculdade.

- Então até amanhã! - Disse sorrindo, acenando, e se afastando de mim.

Mais uma vez fracassei, se tornou habitual. Os ponteiros do relógio não param, sozinho caminhei rumo à saída. Nesses três anos, desde que comecei a estudar aqui, conversei e fiz amizade com muitas pessoas, mas com o tempo meu interesse nelas abrandou até não sobrar quase ninguém, resultando no meu eu atual em que uma das únicas amigas remanescentes, é aquela que eu mais admiro como mulher. Dia após dia, às vezes volto com ela, em outras suas colegas intervém e em nenhuma destas fui capaz de dizer o que sinto, eu nunca vou mudar.

O renascer - Aprendendo a viver.Onde histórias criam vida. Descubra agora