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  — Matheus, eu preciso de uma ajuda sua. — Digo assim que a chamada é aceita.

  — Tessa? O que aconteceu? — Sua voz soou preocupada através da linha.

  — Posso dormir na sua casa? — Pedi em tom de súplica.

  — Claro anjo, te mando uma mensagem com o endereço. — Ele fala e logo chega uma mensagem.

  — Obrigada de verdade, te vejo logo. — Ele se despede e desligamos a chamada.

  Chamo um uber e vou pra casa dele, toco a campainha e logo escuto um latido, a porta é aberta e algo pula em cima de mim me fazendo cair, sinto o peso de patinhas sobre mim e olho para o que me atingiu e vejo um cachorro branco com manchinhas pretas, rio de leve e faço carinho atras da orelha do mesmo.

  — Duke! Que feio. — Matheus repreende o cachorro.

  Me levanto com a ajuda de Flow Key e o abraço apertado, Mateus me aperta no abraço e eu sinto uma enorme vontade de chorar, senti tanta saudades dele, ficamos no abraço por um tempinho.

  — Duke! — Escuto uma voz forte o chamar e logo escuto suas patinhas se afastando. — Quem deixou a porta aber... — Ele trava sua frase ao nos ver. — To atrapalhando alguma coisa?

  — Não Eagle, ta tranquilo. — Ele fala e nos separamos do abraço.

  Abaixo minha cabeça levemente envergonhada, dou um sorriso e um aceno com a mão direita.

  — Essa é minha melhor amiga de infância, quase irmã, Tessa. — Ele sorri e me abraça de lado. —Ela vai precisar passar um tempinho aqui, tudo bem?

  Olho pro Flow Key sem entender, eu tinha pedido só uma noite e não gosto de ser um peso, parece que Eagle notou minha expressão pois deu uma leve risada.

  —Por mim tudo bem. — Ele sorriu de lado e entrou de novo.

  — Como assim um tempo? Eu pedi uma noite só. — Falei rápido o olhando confusa.

  —Tessa seja sincera comigo, você tem lugar pra ficar depois da noite de hoje? —ele me olha sério e preocupado, era perceptível não só pelo tom de voz, mas seu corpo demonstrava isso também.

  Não respondo e olho pro chão, acho que um pouco de contexto é bom agora, fui despejada hoje de manhã, minha mãe me abandonou a mais ou menos 8 meses, eu não consegui nenhum lugar pra trabalhar e nem pra morar, to sem dinheiro e sem nada basicamente, só com algumas poucas roupas, meu celular e meu notebook.

  — Eu ia dar um jeito. — Falo baixo.

  Ele respira fundo, pega minha mochila do chão, segura na minha mão direita e me puxa pra dentro da casa, entro meio receosa e respirando fundo, eu tenho que dar um rumo pra minha vida!

  — A gente resolve isso mais tarde, quer comer? Daqui a pouco que vou tocar em uma balada, então eu fiz um jantar reforçado. —Ele sorri e pega a maionese na geladeira, eu amo como ele consegue ignorar com facilidade os assuntos sérios pra poder tratar depois. 

  — Quero sim, ainda com o vício de maionese? — Sorrio e pego o tubo de suas mãos e vejo que o mesmo já estava quase no fim. —Comprou isso quando?

  — Sempre. — Ele riu e eu o acompanho. — Comprei no início da semana.

  Nego com a cabeça e ele me entrega um prato, coloco a comida no mesmo e ponho um pouco de maionese no canto, enquanto comíamos pude perceber melhor o lugar, estávamos comendo apoiados no balcãozinho que fica de frente pra pia. A cozinha é no estilo clássico daqui, a sala de estar junta com a de jantar, uma porta pro quintal, ao lado uma passagem pra algum lugar que eu não sei, tem uma escada que da pro segundo andar, a porta pro estúdio do Flow Key e o quarto de um dos amigos do mesmo.

  — Deixa que eu lavo os pratos Theus, vai lá terminar de se arrumar. — Sorri pra ele e tirei os pratos que já estavam vazios.

  — Não,você é visita. — Ele se levanta.

  — Sou quase sua irmã Matheus, deixa que eu lavo e outra se tu continuar aqui parado vai se atrasar, então vamos logo. — Falo já de frente pra pia e mandando ele andar com as mãos, ele gargalha e eu solto uma leve risada.

  — Só vou deixar porque eu vou me atrasar, se não eu lavava isso ai. — Ele falou e foi terminar de se arrumar.

  Comecei a lavar a louça, e uma melodia veio em minha cabeça, começo a cantarolar.

  Tava terminado de lavar e percebo duas pessoas paradas no pé da escada me encarando, tomo um susto e deixo um copo cair o quebrando.

  —Porra gente. —Ponho uma mão em meu peito e me abaixo para começar a catar os cacos de vidro.

  — Calma ai que eu te ajudo. —Eagle fala e sai de lá indo em direção a porta que leva a algum lugar que eu não tenho a menor ideia. 

  Flow Key vem até mim e me da um beijo na testa, ainda rindo um pouco e me avisa se o sofá do estúdio me machucar é pra vir no da sala

  — Voltei. — Eagle fala vindo com uma vassoura e uma caixinha pequena.

  — Duke não! Sai daqui. — Falo e olho pro cachorro que me olha e sai indo pro sofá e deitando no mesmo.

  — Como fez isso? — Eagle me olha curioso.

  — O que? Quebrar o copo? Ele só caiu da minha mão. — Falo sem entender e pego a vassoura pra varrer os cacos.

  — Não. — Ele ri. — O Duke, ele normalmente não obedece assim de primeira —Ele fala segurando a pá. — Ainda mais se for alguém novo. 

  — Ah eu não sei. — Falo terminado de varrer. —Eu sempre fui boa com animais. — Pego a pá de sua mão e coloco os vidros na caixinha.

  — Entendi. — Ele pega a caixinha e a vassoura, ele some por uma porta e logo volta. — Se precisar de alguma coisa eu to á em cima.  

  Me sento no sofá e faço carinho em Duke, assinto com um sorriso e fico lá fazendo carinho no Duke enquanto cantarolava a melodia, resolvo gravar um áudio no meu celular cantarolando.

  Como já estava tarde resolvi ir tomar um banho, coloquei meu pijama ,que consistia em uma blusa de manga e um pijama, ambos com estampas do stitch  e peguei uma mantinha e um travesseiro que Flow Key tinha separado pra mim e deixado no sofá do estúdio, me arrumei no mesmo, rolei de um lado pro outro tentando dormir, mas aquela melodia não saia da minha cabeça, me dou por vencida e pego um caderninho meu e uma caneta que estava em um potinho com varias canetas no canto do estúdio, começo a escrever algumas frases que se encaixa na melodia.

minha galáxia -NeoxOnde histórias criam vida. Descubra agora