O Som das Estrelas

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Ora! Quem diria ver astros luminosos

na noite de nuvem estaria mentindo.

Ora! E disse-me viver de estrelas aquele

que sequer algum dia olhou para o céu.


Sentado na noite admirava as luzes,

e enquanto assistia àquela dança cósmica

o universo todo dançava em mim;

enquanto tragava o último cigarro

em mim a fumaça igualmente dançava.

Naquele som vazio do silêncio urbano,

que para mim sempre foi ensurdecedor;

no vácuo gelado do coração do Homem;

dizia uma voz, dentro e fora de mim -

que, primeiro, pensei que fosse uma loucura -

e que gritava tão silenciosamente

como a doçura universal do som do espaço:


- em todo esse tempo eu vivi de estrelas

mesmo sem nunca ter pisado lá no céu.


Disse o silêncio que de sonhos se constrói

cada alma, cada passo e cada vida,

mas que sonhar é ser náufrago do espírito.

É estar perdido num oceano de luz,

de luz fluorescente lá do céu, que queima

cada alma e cada passo e cada vida,

porque não há mais espaço para mentiras

nos corações falsos feitos de sangue e água

e falta de tempo, de amor e de empatia.


Primeiro, eu pensei que fosse só loucura

n' outro momento, eu pensei que fosse só Deus

gritando e batendo naquela noite escura

e surrando e matando e dizendo-me 'adeus'.

O Mundo dos SuicidasOnde histórias criam vida. Descubra agora