Qualquer maluco que no vazio das ruas
dissesse ouvir estrelas, ou Deus, ou Deusa
faria jus ao título de imbecil:
Qualquer louco pode ser o que quiser ser.
A canção das estrelas (ou Deus ou Deusa)
é o que realmente importa aos loucos,
pois é triste e é tolice ouvir pessoas
que só acreditam no que podem tocar.
Enquanto ando, por exemplo, na cidade,
enquanto vejo cabeças por toda parte,
eu só penso em quão imbecil tenho sido;
em quantas estúpidas escolhas tomei
enquanto pensava n'outro, não em mim;
enquanto pensava em mim e não no outro...
Boa deve ser a vida de quem não pensa!
Porque aquele que pensa sempre enlouquece.
Qualquer louco pode ser o que quiser ser,
mesmo assim, jamais poderia ser feliz.
Digo, maluco como tenho eu sido,
certamente Deus também é triste e louco,
além de ser sólido e de ser mulher.
E mesmo sendo tudo isso que Ela é,
possivelmente também é um pouco surda
porque até mesmo eu (sendo um pouco surdo
porque fones são os escapes desse mundo),
pude ouvir o silêncio de sua voz, e
por um outro lado, e dolorosamente,
preces sinceras têm sido ignoradas.
E que estrelas; que Deus; que Deusa é isso!
Que por mais que leia, ou escreva, ou reze
jamais explicaria, de nenhuma forma,
o que realmente são as coisas que escrevo,
se não na loucura de pensar e viver;
e sentir e amar e gozar e morrer.
O mundo pro louco tão só é o que é,
e a tristeza que o acompanha sempre
é vivida e é chorada, e não é:
A morte e a dor é um passo à frente.
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O Mundo dos Suicidas
Puisi"O Mundo dos Suicidas" é uma obra poética que tem como principal objetivo a reflexão acerca do tema 'contemporaneidade', de pontos de vista sociais, políticos, religiosos e filosóficos. Dividido em 10 partes independentes entre si, a obra pode ser l...